Operadores ressaltam que a liquidez continua bem reduzida, apesar da proximidade do fim do mês, quando ocorre a rolagem de posições no mercado futuro. A leitura é a de que investidores evitam apostas mais contundentes à espera de sinais mais claros sobre as tratativas comerciais. Outro ponto a ser levado em conta é ausência de indicadores relevantes da economia americana para balizar os negócios, uma vez que a divulgação de dados foi interrompida pelo shutdown.
O head de banking da EQI Investimentos, Alexandre Viotto, pondera que, a despeito do ritmo lento dos negócios, o clima segue favorável a ativos brasileiros no curto prazo, com a ambiente externo propício ao risco e a postura firme do Banco Central na gestão da política monetária.
"A aproximação entre Lula e Trump também colabora para o bom humor dos investidores. E o fato de Trump ter voltado atrás na ameaça de tarifas ainda maiores para a China também contribuiu para desanuviar o ambiente", afirma Viotto, para quem os investidores já se acostumaram com a estratégia morde-e-assopra de Trump nas negociações comerciais.
Embora tenha uma visão otimista para os ativos brasileiros, Viotto pondera que o real pode sofrer uma leve depreciação, com o dólar atingindo novamente o nível de R$ 5,50 até o fim do ano, em razão do aumento sazonal de remessas ao exterior. "O BC já fez até uma pequena intervenção nesta semana com o 'casadão' e pode oferecer mais linhas ao mercado", diz Viotto, em relação à oferta conjugada na segunda-feira de US$ 1 bilhão em leilão à vista e de US$ 1 bilhão em operação de swap cambial reverso.
Lá fora, o dólar recuou na comparação com outras moedas fortes, à exceção da libra, e em relação à maioria das divisas emergentes e de exportadores de commodities. Pares latino-americanos do real, contudo, amargaram perdas, em dia de tombo de mais de 2% dos preços do petróleo. O peso argentino teve queda de mais de 2,5%, devolvendo parte dos ganhos da segunda, na esteira da vitória do presidente Jair Milei nas eleições legislativas.
É dado como certo que o Federal Reserve vai anunciar na quarta novo corte de 25 pontos-base na taxa básica de juros americana, apesar do "apagão" de dados nos EUA. A perspectiva é a de que o BC americano promova mais um corte de 25 pontos-base em dezembro, o que tende a tirar força da moeda americana.
A perspectiva de um dólar globalmente enfraquecido e de aumento do diferencial entre juros interno e externo - dada a sinalização do Banco Central de que não haverá redução da taxa Selic neste ano - tende a dar suporte ao real, amenizando a pressão exercida pela piora do fluxo no fim do ano.
O head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, destaca que o real "é o campeão mundial" entre as principais divisas quando se observa o carry ponderado pela volatilidade - ou seja, apresenta a melhor relação entre risco e retorno. "O carry é muito elevado. A tendência é positiva para divisas emergentes, e o real pode continuar se valorizando", afirma Weigt.
(Com Agência Estado)
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