Operadores relatam eventual entrada de recursos externos para ações e renda fixa domésticas. O Ibovespa renovou novo recorde, ultrapassando pela primeira vez na história a marca dos 153 mil pontos. O real exibiu um dos melhores desempenhos entre divisas emergentes, ao lado do peso colombiano e do rand sul-africano. É dado como certo que, além de anunciar na noite desta quarta a manutenção da taxa Selic em 15%, o Comitê de Política Monetária (Copom) traga um comunicado que desautorize apostas em cortes de juros ainda neste ano - o que mantém a atratividade do carry trade.
Com máxima de R$ 5,4060 e mínima de R$ 5,3540, o dólar à vista encerrou o dia em queda de 0,69% cotado a R$ 5,3614. Depois de ganhos de 1,08% em setembro, a moeda recua 0,35% nos três primeiros pregões de outubro, com duas sessões de baixa e uma de alta. No ano, as perdas são de 13,25%, o que faz o real liderar os ganhos entre divisas latino-americanas no período.
O economista-chefe da corretora Monte Bravo, Luciano Costa, afirma que o mercado operou em modo "risk-on" nesta quarta, com o anúncio da diminuição das tarifas chinesas aos EUA e recuperação das bolsas em Nova York, que ontem sofreram diante de alertas de possível correção mais forte dos preços das ações de bit techs.
"Ontem, o dólar fechou perto de R$ 5,40 e hoje está caindo como reflexo dessa melhora da percepção de risco. Temos também a bolsa na máxima histórica e um apetite por prefixados na renda fixa", afirma Costa, acrescentando que, do lado interno, a grande expectativa é pelo tom do comunicado do Copom.
Para o economista, o comitê precisa fazer alguns ajustes na comunicação, reconhecendo que houve melhora da inflação corrente e das expectativas, além do surgimento de mais sinais de enfraquecimento da atividade. A grande dúvida é se o BC vai repetir no comunicado que a manutenção da taxa de juros no nível atual "por período bastante prolongado" é suficiente para levar à inflação à meta. Uma hipótese é a supressão do advérbio bastante para qualificar a expressão período prolongado.
"O cenário para a inflação está mais construtivo. Se o BC já estiver começando a discutir o corte, deveria optar pela retirada do advérbio bastante", afirma Costa, que projeta início de um ciclo de redução da Selic em janeiro de 2026, com um corte de 0,50 ponto porcentual.
À tarde, o BC divulgou dados do fluxo cambial em outubro. Na última semana do mês passado (de 27 a 31) de outubro, o fluxo foi positivo em US$ 5,785 bilhões, com entradas líquidas de US$ 3,711 bilhões pelo canal financeiro e de US$ 2,074 bilhões via comércio exterior. Em outubro, o fluxo total foi positivo em US$ 4,784 bilhões.
O economista e sócio-fundador da Eytse Estratégia, Sérgio Goldenstein, observa que o real se apreciou cerca de 0,20% na semana passada, com os ingressos no mercado à vista se contrapondo "ao aumento da posição comprada dos investidores não residentes em derivativos cambiais na B3".
No ano, até o mês passado, o fluxo cambial está negativo em US$ 12,558 bilhões. Houve no período entrada US$ 41,715 bilhões pelo comércio exterior, ao passo que o segmento financeiro apresentou saídas de US$ 54,274 bilhões.
Goldenstein lembra que, de janeiro a outubro do ano passado, o fluxo cambial total era positivo em US$ 9,6 bilhões, com entrada de US$ 65,8 bilhões pelo lado comercial e saída de US$ 56,2 bilhões pelo segmento financeiro.
"Percebe-se, portanto, uma deterioração do saldo em razão da piora do segmento comercial. Enquanto o fluxo de exportações caiu de US$ 256,6 bilhões para US$ 240,4 bilhões, o de importações subiu de US$ 190,8 bilhões para US$ 198,7 bilhões", afirma o sócio-fundador da Eytse Estratégia.
(Com Agência Estado)
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