"Quero chegar à neutralidade em cortes de 50 pontos-base. Muitos dos meus colegas preferem 25 pb, mas não vejo motivo para irmos tão devagar", afirmou o diretor.
Miran, que já divergiu do comitê em reuniões anteriores por defender cortes mais amplos, também rejeitou a hipótese de um movimento mais drástico: "Não precisamos de um corte de 75 pontos, não há nada que precise ser compensado".
Ele avalia que sequer existe consenso no Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) quanto à necessidade de cortes adicionais. Para ele, contudo, "não se trata de compensar terreno perdido, mas de ajustar o compasso da política monetária ao ritmo real da economia".
Miran argumentou que a inflação dos Estados Unidos reflete, em grande parte, dados defasados sobre aluguéis e serviços, e que o núcleo inflacionário já mostra sinais de moderação. Para ele, boa parte dos indicadores usados pelo Fed ainda carrega distorções estatísticas, como componentes "imputados" que não correspondem a preços efetivamente pagos pelas famílias.
Segundo o diretor, a taxa neutra caiu de forma acentuada em 2024, e a política monetária continua "mais restritiva que o necessário". "Estamos correndo riscos desnecessários de desaceleração e fragilidade no mercado de trabalho ao manter juros nesse patamar", ressaltou.
Apesar de manter uma postura considerada dovish, Miran tentou afastar a leitura de que teme uma recessão. "Não acho que há um grande perigo à frente. Apenas não vejo razão para manter uma postura tão contracionista quando a inflação está no caminho certo", explicou.
Corte em dezembro
O diretor do Federal Reserve espera um novo corte de juros em dezembro, mantendo o processo de flexibilização monetária iniciado no segundo semestre deste ano. "Espero que cortemos em dezembro. É a decisão certa, a política adequada neste momento", declarou.
Miran avaliou que a economia norte-americana segue sólida, mas com sinais claros de desaceleração gradual do emprego. "O mercado de trabalho está se deteriorando de forma lenta, não acelerada. Há moderação salarial e menos dificuldade das empresas em preencher vagas", afirmou.
Segundo ele, dados alternativos de emprego - utilizados durante a suspensão de estimativas oficiais pelo shutdown - confirmam uma tendência de enfraquecimento da demanda por mão de obra.
O dirigente destacou que o Fed precisa evitar manter os juros em níveis que provoquem uma "contração desnecessária" da economia ou provocar uma "desaceleração mais forte que o previsto". Miran acrescentou que o atual ritmo de 25 pontos-base por reunião é "prudente", mas insuficiente para levar a taxa rapidamente à neutralidade. "Prefiro chegar lá de forma eficiente, com 50 pb", disse.
(Com Agência Estado)
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