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Economia Sábado, 25 de Outubro de 2025, 08:00 - A | A

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Sábado, 25 de Outubro de 2025, 08h:00 - A | A

Brasil aposta em biocombustíveis para navegação na COP30 após impasse na IMO sobre emissões

CONTEÚDO ESTADÃO
da Redação

Apesar do cenário geopolítico desafiador, especialistas ouvidos pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) acreditam que o Brasil pode liderar a adoção de biocombustíveis para descarbonizar o transporte marítimo e reforçar essa mensagem durante a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30). O debate ganha novos contornos após a falta de consenso entre os Estados-membros da Organização Marítima Internacional (IMO) sobre o Marco Net-Zero de emissões de gases de efeito estufa (GEE).

A definição da estrutura das metas marítimas foi adiada na última sexta-feira (17 de outubro), após a falta de consenso e a forte oposição dos Estados Unidos ao que chamaram de "imposto global sobre o carbono". Para atingir as emissões líquidas zero, a IMO propôs, ainda em abril, dois elementos principais: um padrão global de combustível e um mecanismo global de precificação de emissões. Se adotadas, as regras passariam a valer gradualmente a partir de 2027. Tentativas de avançar nas diretrizes de implementação do Marco Net-Zero ainda serão feitas ao longo desta semana por um grupo de trabalho para, então, serem discutidas daqui a 12 meses.

A discussão sobre o padrão de combustível interessava de maneira especial ao Brasil. Os biocombustíveis, como o biodiesel e o etanol, são classificados como "drop-in", por serem compatíveis com os motores atuais das embarcações. A representação brasileira na IMO vem defendendo, no organismo, que os biocombustíveis de primeira geração podem ser alternativa ao bunker, óleo de origem fóssil utilizado nos navios. A viabilidade dos biocombustíveis como solução climática para os transportes tem sido levada a diferentes fóruns, como G20 e Brics. A mais recente defesa ocorreu durante a Pré-COP.

Porém, os biocombustíveis nacionais enfrentam resistência europeia, que prioriza amônia verde, hidrogênio e metanol como substitutos do combustível fóssil.

"A IMO sofre influências geopolíticas claras, com a Europa moldando regulações e apresentando um grande entrave inicial", diz Camilo Adas, diretor de Transição Energética e Relações Institucionais da Be8. A empresa, vinculada ao Grupo ECB, que lidera o mercado nacional de biodiesel.

A falta de consenso na IMO frustrou a International Chamber of Shipping (ICS), que representa mais de 80% da frota mercante mundial. "A indústria precisa de clareza regulatória para investir em combustíveis alternativos e tecnologias de descarbonização. A incerteza apenas adia decisões cruciais", afirmou Thomas A. Kazakos, secretário-geral da ICS.

Adas, que também integra o Conselho do Acordo de Cooperação Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil (MBCB), defende que o País deve usar a COP30 para promover a mensagem de sua biotecnologia e bioenergia. Em sua avaliação, trata-se também de oportunidade para demonstrar que essas fontes de energia não representam riscos à produção de alimentos.

"Já está comprovado que não existe um dilema "Fuel x Food". O que existe é uma complementaridade entre prato e tanque, onde terras degradadas podem aumentar sua produção quando há produção de matéria-prima para o biodiesel", sustenta Adas, ao se referir a um estudo conduzido pela professora da Universidade de São Paulo (USP), Glaucia Mendes Souza, e coordenadora da Força-Tarefa de Descarbonização de Biocombustíveis para Transportes da Agência Internacional de Energia (AIE).

Para além da urgência climática, alguns números se destacam nessa discussão. Em relatório recente, a consultoria Boston Consulting Group (BCG) aponta as condições do Brasil para se tornar pilar da descarbonização do transporte marítimo, capaz de suprir até 15% da demanda global de biocombustíveis para navegação, evitando 170 milhões de toneladas de CO2 e atraindo US$ 90 bilhões em investimentos.

Nilton Mattos, sócio de Infraestrutura e Energia, e Antonio Augusto Reis, sócio de Direito Ambiental e Mudanças Climáticas do escritório Mattos Filho, veem de forma positiva o sistema híbrido da IMO para o Marco Net-Zero, que combina frota mais eficiente a incentivos ou penalidades baseadas na emissão de carbono. "A variável de intensidade de carbono é útil porque não limita o volume de emissões, mas condiciona que o navio seja mais eficiente em seu uso de combustível, o que pode ser uma oportunidade para o Brasil", apontam.

O BCG ressalta que, para o potencial brasileiro se concretizar, é fundamental o arcabouço regulatório da IMO, bem como mecanismos de incentivo claros até 2027 e a adaptação de motores a metanol compatíveis com etanol.

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), também considera essenciais políticas de incentivo para a descarbonização marítima. "Regimes de incentivos e subvenções visam acelerar a aceitação e investir em tecnologias nos portos, transportes e embarcações", destaca em nota técnica sobre transporte aquaviário.

A infraestrutura portuária, global e local, também requer avanços. "Precisamos de uma rota global onde combustíveis sustentáveis sejam facilmente acessíveis. Não adianta ofertá-los no Brasil e não ter onde reabastecer na China, grande destino das exportações brasileiras", concluem os sócios do Mattos Filho.

(Com Agência Estado)

 

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