Dirceu Carlino, o Rocão, sempre foi considerado pelos amigos das rádios de Mato Grosso pelas quais passou e reconhecido pelos adversários como um repórter furão. Eclético e perspicaz, às vezes insolente e atrevido até, entrevistava com mesma desenvoltura um presidente da República ou um gari. Com ele não tinha tempo ruim, nem hora para trabalhar...
Na década de 70, o juiz Romualdo Arpi Filho veio a Cuiabá apitar a decisão de um título estadual entre Dom Bosco e Operário Várzea-grandense. Nem bem o árbitro paulista deixou a sala de desembarque do Aeroporto Marechal Rondon, escoltado por Rubens dos Santos, Rocão enfiou-lhe o microfone da Rádio A Voz D’Oeste na cara e lhe perguntou de bate pronto: “É verdade que o senhor veio apitar o jogo, mas já “acertado” com o Operário?”
Ah, foi aquela confusão, inclusive com ameaças de pancadaria entre torcedores dos dois clubes que estavam no aeroporto para pressionar o “juiz dos empates”, como Romualdo Arpi Filho era chamado...
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Já escolhido, mas ainda não empossado como ministro do Interior do presidente Ernesto Geisel (1974/79) o engenheiro agrônomo Maurício Rangel Reis esteve em Cuiabá para ver de perto os desastrosos efeitos da enchente do Rio Cuiabá de 1974.
Mas como se aproximar de Rangel Reis no Aeroporto Marechal Rondon com tantos “guarda-roupas” (seguranças) cercando-o. Mas Rocão não teve dúvidas: mandou às favas as ordens da Infraero, invadiu a pista e entrevistou o ministro, façanha que repetiu de outra feita quando Rangel Reis voltou a Mato Grosso para agradecer o apoio que havia recebido do Estado durante sua gestão.
Durante a permanência de Rangel Reis no Minter, o colonizador de Sinop, Ênio Pipino, organizou uma festa e tanto para seis mil pessoas sob as árvores de uma reserva florestal para comemorar o lançamento da cidade. Entre as autoridades federais presentes, Rangel Reis, que havia sido entrevistado por Rocão em uma coletiva antes da boca livre..
Rocão apostou com alguns amigos da roda em que estava umas tantas cervejas, para serem tomadas no Choppão, que entrevistaria o ministro de novo.
Quando Rocão se aproximou dele, Rangel Reis olhou para o seu inseparável e surrado chapéu de palha e disse: “Você já me entrevistou!...”, mas concedeu-lhe nova entrevista, diante do seu argumento de que a sua fita com a gravação na coletiva tinha sido extraviada.
1970: o Brasil decidiu contra o Paraguai, em Assunção, sua participação na Copa do Mundo daquele ano e cuja classificação, com a vitória por um 1x0 sobre os guaranis, abriu o caminho para a seleção brasileira conquistar em definitivo no México a Copa Jules Rimet.
À noite, no hotel onde a seleção brasileira estava hospedada, era só festa, com direito a presença até do presidente do Paraguai, Alfredo Strossner, que Dirceu Carlino decidiu entrevistar.
As pessoas que estavam numa mesa com Rocão, entre elas Joaquim de Assis e Silvano Castilho, com as respectivas esposas, duvidaram. Fizeram apostas que Rocão não conseguiria a façanha, na base de litros do melhor uísque que existia no Paraguai.
O repórter se aproximou de um cercadinho onde Strossner estava e pulou-o, mas foi cercado imediatamente por seguranças do presidente paraguaio. Rocão sacou sua credencial e gritou para Strossner: “Soy periodista de Mato Grosso...”
O general-ditador paraguaio lembrou-se que tinha feito uma pescaria pouco tempo antes no Pantanal de Mato Grosso, quando foi descoberto e entrevistado, e mandou o repórter cuiabano se aproximar para entrevistá-lo.
A cor dos uísques apostados, Rocão nunca viu!
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Prof Lúcio Flávio 21/03/2014
Este tem peripécias para contar ! Já mandei a matéria para o meu Pai lá de Bauru - SP, muito amigo do Rocão, desde a época de Dracena.. +- 1954 até 1974
1 comentários