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Cuiabanália Domingo, 23 de Março de 2014, 17:33 - A | A

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Domingo, 23 de Março de 2014, 17h:33 - A | A

ESPECIAL

Para empresário, controle de cheias pela represa de Manso acabou com os peixes do Rio Cuiabá

Até a década de 80, a abundância de peixes no Rio Cuiabá era impressionante

NELSON SEVERINO





A formação da represa da Usina Hidrelétrica de Manso, transformada depois em APM (Aproveitamento Múltiplo de Manso), cujas obras iniciadas em 1981 ficaram paradas por dez anos e foram concluídas em 2002, com o principal objetivo de controlar os períodos de cheias e secas do Rio Cuiabá e não para explorar o seu potencial energético de 210 megawatts em quatro turbinas, acabou com os peixes do Rio Cuiabá.

A opinião é do engenheiro civil Samir Saddi, desde 1972 vivendo às margens do Rio Cuiabá em Santo Antonio de Leverger, onde tem o Restaurante e Marina Gaivota, um dos mais antigos da cidade e muito frequentado, principalmente nos finais de semana.

Sua explicação para o sumiço dos peixes do Rio Cuiabá por culpa da represa de Manso: sem as cheias que ocorriam todos os anos no Pantanal Mato-grossense, em menor ou maior escalas, como as de 1942, 59, 74 e 94, os peixes que se refugiavam nos campos da maior planície alagadiça do mundo, com seus 52 mil km2, além de pequenos rios, riachos, lagos e baías, ficaram a mercê de todos os tipos de predadores.

Murjaci Nunes

Samir Saddi, engenheiro civil, vive desde 1972 às margens do Rio Cuiabá em Santo Antonio de Leverger


A fartura de todas as espécies era tanta, inclusive de grandes bagres como pintado, cachara, jaú, barbado, que os ribeirinhos pantaneiros utilizavam flechas e pedaços de paus para “caçar” peixes nos campos alagados onde as espécies de maior porte ficavam protegidas de predadores e se alimentando de frutas dos cerrados. Esse tipo de “caça” ocorria geralmente quando as águas baixavam muito rápido e os peixes não conseguiam voltar para o canal dos rios.

Sem um lugar seguro, como a gigantesca planície pantaneira, para se proteger e crescer, os peixinhos que conseguem sobreviver à poluição do Rio Cuiabá, cujas águas estão altamente contaminadas por resíduos de agrotóxicos de lavouras de soja e algodão e dos esgotos que são despejados no curso d’água sem nenhum tratamento, acabam se transformando em presas fáceis de predadores do seu canal.

Até a década de 80, a abundância de peixes no Rio Cuiabá era impressionante. Tanto é que era considerado um dos mais piscosos do Brasil, conforme depoimento inclusive de um irmão de um ex presidente da República do período revolucionário e que almoçou no Gaivota faz muito tempo. Ele afirmou que já havia pescado em todos os rios brasileiros e em alguns dos quais o acesso só era possível de helicóptero, e em nenhum deles havia tanto peixe como no Cuiabá.

MUDANÇAS DE HÁBITOS ALIMENTARES DOS PEIXES DE ESCAMA

Atento as mutações que o Rio Cuiabá vem sofrendo nos últimos anos, Saddi tem notado, inclusive, mudanças nos hábitos alimentares das espécies de escama – piraputangas, pacus, piaus, piavuçus (a pesca do dourado está proibida por lei) etc. É que com a proliferação de pesqueiros nas duas margens do rio, a partir de Santo Antonio de Leverger, essas espécies passaram a comer milho e soja, que são colocados em sacos nas imediações de estrados construídos sobre tambores que avançam sobre as águas, fazendo as chamadas cevas, que atraem os peixes, tornando mais fácil a captura.

Marcos Lopes/HiperNotícias

Engenheiro acredita que controle de cheias pela represa de Manso acabou com os peixes do Rio Cuiabá


A concentração desses alimentos nas células das espécies de escamas está provocando mudanças no sabor de suas carnes. Resultado: os mesmos consumidores que antes não queriam nem saber de peixes criados em cativeiros, quando vou comer pacu no restaurante de Saddi querem saber se o peixe é de rio e ou de piscicultura. Se for de rio, ninguém quer.

"Eu nem me lembro quando foi a última vez que eu fiz um pacu de rio aqui. Mas faz muitos anos... ", diz Saddi.

Para o empresário, que faz a medição diária do curso d’água que passa por diversos municípios antes de desaguar no Pantanal Mato-grossense, a Eletronorte devia aumentar o volume de águas do Rio Cuiabá, a partir de novembro, quando começa o período de desova nos rios do Estado. Para Saddi, a retenção das águas na represa formada em 90% pelas águas dos rios Manso e da Casca em nada contribui para proporcionar condições favoráveis à reprodução e sobrevivência das espécies que vivem nos rios de Mato Grosso.

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Comente esta notícia

Rubem Mauro 28/03/2014

Meus parabens Samir. Voce citou dois dos três grandes problemas que prejudicam o Rio Cuiabá. Faltou falar da pesca predatória praticada principalmente pelos ditos pescadores proficionais e amparada por políticos. A mas de 5 anos entreguei na SEMA e ao MPE estudo que mostra a necessidade de que Manso libere água no período de novembro e dezembro pois, Manso não foi feito para produzir energia. Energia é sub-produto. Deveriam priorizar a questão ambiental que é muito prejudicada pela falta de água nos meses citados.

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pedro Máximo 28/03/2014

Parabéns ao Paulo César pelas colocações. Não somos nós pescadores amador que estamos acabando com os peixes!! Pescamos uma vez a cada dois meses, e quando vamos na maioria das vezes não pegamos nada expressivo!! Já os profissionais e seus chicletinhos e anzóis de galho já viu...

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PAULO CESAR 27/03/2014

Na minha opinião o que está acabando com a fauna do rio Cuiabá é a pesca predatória. A falta de peixes se deve a exploração pelos pescadores profissionais. O rio Cuiabá não aguenta abastecer tantas cidades em seu entorno. O dourado é um exemplo, com represa do manso e tudo, bastou proibir sua pesca que ele voltou a aparecer no Rio Cuiabá. Acabem com a pesca profissional que nosso Rio vai voltar a ter muitos peixes.

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GAUCHO 24/03/2014

VERDADEIRA SACANAGEM É OS REDEIROS E TARRAFEIROS AI NO PANTANAL. E O COMERCIO DE PEIXES FORA DE MEDIDA?

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Marcelo Mattos 24/03/2014

Não sou técnico da área, porém pescador do Rio Cuiabá desde 1968 e minha primeira pescaria foi debaixo da Ponte Velha lá pelas 16 horas. Levamos algumas varas de bambu com a ponta cortada e uma linhada de uns 30 metros. As iscas eram os lambaris pescados na hora. Em menos que 30 minutos, estávamos com dois dourados bonitos suficientes para o jantar da noite. Hoje em dia nem indo muito longe se consegue essa façanha devida à pesca predatória, poluição intensa, dragas, falta de fiscalização etc. Não sei qual é a influência da barragem do Manso, mas a agressão à natureza é evidente e deve sim ter muita influencia na degradação da fauna ictiológica. Fizemos em 1968, a primeira campanha junto com alguns amigos com movimentos, cartazes com os dizeres: “Diga não à pesca predatória” e outros meios a disponíveis. São Paulo depois de muitos anos, fala-se agora em limpar o Rio Tiete para tornar suas águas potáveis para suprir a carência de agua pela longa estiagem. O Rio Cuiabá ainda pode ser salvo se medidas extremas forem tomadas rapidamente, além de muita vontade política. A natureza tem mostrado seu descontentamento com reações nunca vistas pela humanidade com recordes de enchentes, secas, frio, neve, incêndios, desmoronamentos de encostas, etc. e o homem fica simplesmente falando muito, mas não fazendo nada.

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João de Deus 23/03/2014

O que acaba com os peixes do rio Cuiabá é a falta de tratamento dos esgotos, a pesca predatória estamos com um rio com uma quantidade muito grande de resíduos orgânicos que acabam com o oxigênio da água e não a represa do manso, temos peixe no manso que não estão descendo ria abaixo devido á uma falta de projeto dos que executaram a obra da usina, mas ainda há possibilidade de faze-lo bata um projeto descente de acordocom as normas de maio ambiente.

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6 comentários

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