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Cuiabanália Sábado, 29 de Abril de 2023, 08:00 - A | A

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ABRAÇA TODOS

Homenageada pelo prêmio Jejé de Oyá classifica música como ‘arte indiscriminatória’

Nutricionista, com pós-graduação em Iniciação em Musicoterapia, Naise do Vale Santana dedica sua vida desde os 17 anos para o som

CAROLINA ANDREANI
Da Redação

Com a vida dedicada à música desde os 17 anos de idade, quando começou no coral da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Naise do Vale Santana é uma dos quatro homenageados da segunda edição do Prêmio Jejé de Oyá, cuja entrega acontece neste sábado (29), no Teatro Zulmira Canavarros, em Cuiabá. Para ela, a música agrega todas as pessoas e é considerada uma ‘arte indiscriminatória’. A nutricionista, com pós graduação em Iniciação em Musicoterapia, rege como voluntária o coral da Primeira Igreja Batista e canta no coral da UFMT.

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“A música ela aceita todas as pessoas, ela agrega todas as pessoas, de todas as classes, gêneros e raças. Então ela não tem limite. Se você quer fazer alguma arte indiscriminatória, é fazer música”, exterioriza, com satisfação. Naíse conta que, antes, a música era um hobby, mas que depois foi para um lado profissional. “Ficou como o meu talento, onde eu posso usar a minha criatividade toda. Ficou como sendo a minha vida”.

Na Nutrição, ela atuou por pouco tempo. Sua vida profissional foi mais dedicada à música. A servidora pública já é aposentada e atuou na UFMT por 41 anos. Ela passou também pelo coral da antiga Telecomunicações de Mato Grosso (Telemat) e, antes disso, no coral

Arquivo Pessoal

Naíse homenageada Jejé

 

da Primeira Igreja Batista. Atualmente, ela trabalha voluntariamente na Igreja Batista.

Para a homenageada, foi uma grata surpresa receber a notícia de que é uma das homenageadas do Prêmio Jejé de Oyá. Ela recorda quando foi chamada para participar da 1° edição como uma das apresentadoras. Naquele momento, em contato com todos, ela pôde perceber e sentir a emoção dos homenageados e da plateia. “Agora muito grata por verificar que meu trilhar está sendo admirado e conhecido por muitos e por estar deixando um legado de motivação ao trabalho do canto coral”, expõe Naíse.

Ela diz que uma não é fácil ser mulher no Brasil, ainda mais uma mulher preta. Apesar de todas as dificuldades encontradas no meio do caminho, Naíse diz se sentir muito orgulhosa de ser uma mulher preta na sociedade brasileira. “[...] acredito que estamos acordando e aprendendo a nos valorizar e principalmente ensinar a sermos valorizadas”, expressa ela.

Como alguém que viveu e ainda convive no meio da universidade, a profissional reforça a importância do acesso de todos à educação por meio de políticas públicas implementadas em instituições públicas. “Eu acredito ser a forma que conseguiram achar para abrir as portas da Universidade para os menos favorecidos e aproximar mais a Instituição da comunidade”, diz ela.

“Eu era adolescente quando conheci aquele homem de roupas coloridas e extravagantes que sempre estava nos principais eventos da cidade. Soube depois que era colunista social e que se você gostaria de ser “notada(o)”, teria que aparecer em sua coluna social no jornal mais lido do Estado”, rememora ela sobre Jejé.

Para a regente a importância do nome de Jejé para este Prêmio é a atuação do ícone feito na época em que viveu. Segundo Naíse, o colunista viveu com ousadia desprendimento em quebrar barreiras sociais. Isso “fez com que ele se destacasse e fosse valorizado como um homem negro, pobre, gay, mas totalmente livre para ser e agir como bem entendesse”, enfatiza ela.

Quando fala sobre a importância do Prêmio para a sociedade cuiabana, reforça as condições ainda vividas em 2023 no Brasil: “é muito relevante, principalmente por atualmente estarmos percebendo que vivemos num país racista, apesar de sermos uma sociedade de maioria preta. Valorizando com essa premiação os negros que tanto fazem e fizeram por esta cidade”, comenta a nutricionista.

FAMÍLIA

Naíse é filha de um renomado médico negro, Alcides Joaquim de Santana, que atuou por mais de 40 anos na medicina na pediatra. Um dos primeiros a atuar na Capital na área. Filha da dona de casa, Deosdethe do Vale Santana, foi criada em Cuiabá. Teve três irmãs e um irmão.

Das lembranças que mais marcaram a homenageada, ele lembra de algumas, que não é mais comum encontrarmos nos dias de hoje. “A lembrança mais gostosa de infância era as brincadeiras no quintal de casa e na calçada da rua com os amigos vizinhos com toda a liberdade e segurança”, recupera Naise.

Ao relembrar sobre a forma que os assuntos da negritude eram abordados em sua casa, a regente de coral relembra uma situação racista que viveu. “Em minha casa nunca era muito abordado este tema até porque nossa família, por parte do meu pai eram na maioria negros e pardos. A única situação que me lembro foi um namoro que tive com um rapaz branco, que depois que terminamos soube por amigos que ele terminou comigo porque ele era racista”, conta ela.

PRÊMIO JEJÉ DE OYÁ

O Prêmio Jejé de Oyá visa reconhecer os personagens negros de Cuiabá e da Baixada Cuiabana pelas histórias de luta, resistência, produção independente, capacidade criativa, empreendedorismo comercial e cultural, conhecimento educacional científico, merecimento e pertencimento étnico racial-religioso. Nesta edição, quatro personagens de destaque social são os homenageados. Profissionais que se destacam em 10 áreas de atuação serão premiados, após serem escolhidos por um júri técnico que observa pontos relevantes como: sociedade, profissionalismo, competência e comprometimento. Cada homenageado e as personalidades que receberão a premiação serão apresentadas neste sábado, no Teatro Zulmira Canavarros, em Cuiabá, a partir das 19h.

Jejé de Oyá, ou José Jacintho Siqueira de Arruda, foi um colunista social, alfaiate e carnavalesco. Filho biológico do casal Egídio Nunes de Arruda e Benedita de Siqueira, Jejé nasceu em Rosário Oeste, em 3 de junho de 1934. Ainda criança, foi acolhido em Cuiabá na casa de Catarina Monteiro da Silva Cuiabano, onde foi adotado por Crescêncio Monteiro da Silva e Luiza Monteiro da Silva.

Figura histórica do carnaval cuiabano, desfilou nos bailes, clubes, blocos e avenidas da cidade entre 1954 e 2010. Participou de grandes e importantes momentos da história social e política mato-grossense. Jejé, como era conhecido desde criança, marcou sua época como símbolo maior da luta contra o preconceito racial e sexual. Ganhou a simpatia da Capital sendo eleito em consulta popular do jornal Diário de Cuiabá como a personalidade que tinha a “cara da cidade”, entre outras honrarias públicas, foi condecorado como Comendador do Comércio Mato-grossense. Após seu falecimento, em 11 de janeiro de 2016, em sua residência, em Cuiabá, o governo do Estado sancionou uma lei reconhecendo o decano Jejé de Oyá como Patrono do Colunismo Social Mato-grossense.

(Com assessoria)

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