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Cidades Terça-feira, 20 de Dezembro de 2011, 17:53 - A | A

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Terça-feira, 20 de Dezembro de 2011, 17h:53 - A | A

GRANDE PERDA

Velório de Ramis Bucair é marcado por lembranças e emoções

Familiares, amigos, conhecidos e companheiros da mesa 19 estiveram presentes no último adeus a Bucair

KARINE MIRANDA
[email protected]

 

Mayke Toscano/Hipernoticias

Ramis Bucair (direita) com três das centenas de amigos contava histórias sem fim "naquela mesa 19" do Restaruante Choppão, sempre aos sábados

Realizado hoje (20) na Capela Jardins, o velório de Ramis Bucair foi marcado pelo sentimento de perda, causos e boas lembranças do sempre alegre Bucair. Figuras públicas, amigos e familiares estiveram presentes deixando suas últimas condolências à família.

Maurício Menezes, genro de Ramis Bucair, lembra que nem o próprio Ramis acreditava na doença. Nos três anos que já vinha lutando contra o câncer, o espeleólogo não mudou seu comportamento e hábito e continuava com seus tradicionais costumes. Um deles é de se sentar no Choppão nas tardes de sábado e ali prosear e contar causos durante horas com seus muitos amigos e companheiros da mesa 19, aquela que se procurada sempre estaria ocupada pela presença de Ramis. “Ele achava que ia sair do hospital e voltar ao Choppão. Era a opção de vida dele até no leito de morte”.

Era na mesa 19 do Choppão que Ramis, quando discordava de alguma tese ou até para reprender uma frase sem nexo de amigos, ele gritava: "Nããããããããão!" Alguns desavisados e até desaconstumados se assustavam com o grito.

Para Wilson Cunha, amigo dele há 45 anos, Ramis era o equilíbrio, deixou um grande exemplo. “Conheci ele no Choppão, era boêmio, convivia com os boêmios, mas sempre sabia ficar no canto dele. Dava suas opiniões, mas sempre sabendo administrar. A obrigação, ele concluiu, agora é esperar que as pessoas sigam”, garante.

O ex-secretário de Cultura do município Moisés Martins também foi prestar homenagens ao espeleólogo. Amigos de longa data, Moisés diz que de tudo que Ramis foi e representa o que mais importa é a amizade. “Amizade que se leva para sempre. É irmão, não amigo. Mas nós temos que ir um dia”, conta.

Imão de Ramis, Munir Bucair, lembra a lenda que o pesquisador mato-grossense se tornou. Reconhecido mundialmente pelo seu estudo em cavernas e fundador do Museu de Pedras, único no Brasil, Ramis era mais que espeleólogo, era um símbolo da história e cultura do Estado. “Ele participou das últimas expedições de Rondon, construiu mapa cadastral de Mato Grosso, descobriu 39 cavernas, construiu o museu, ele fazia parte dos poetas e historiadores. Ele era a própria história do Estado”, finaliza.

Embora estivesse internado há aproximadamente um mês no Hospital Jardim Cuiabá, Ramis Bucai,r permanecia lúcido e fazendo suas tão estimadas contas, mas faleceu nesta manhã em decorrência do câncer de bexiga. Ele deixou família com quatro filhos, sete netos e três bisnetos que já esperavam a perda pela progressão da doença.

O enterro acontecerá às 19h30 no Cemitério da Piedade no centro de Cuiabá.

GRANDE "SEU" BUCAIR

Filho de José Bucair, comerciante libanês vindo para Cuiabá em 1922 para abrir uma loja de tecidos e gêneros alimentícios, Ramis Bucair nasceu em Poxoréu no dia 13 de junho de 1933. Cuiabano de “tchapa e cruz”, ele nadava nos rios Cuiabá e Coxipó e no ribeirão da Ponte e tinha o futebol na rua como brincadeira predileta durante a infância.

Ramis Bucair estudou o primário como interno no Colégio São Gonçalo e completou o Ginásio no antigo Colégio Estadual, hoje Liceu Cuiabano. Assim que terminou o curso ginasial, ele foi completar os estudos em São Paulo. Fez o curso de Agrimensura e, logo em seguida, o de Espeleologia.

Desde que voltou para Cuiabá, em 1953, ele não parou mais de viajar, pesquisar, fotografar, topografar e colecionar. Fazendo levantamentos topográficos para empresas e governos, Ramis Bucair desbravou cientificamente, por assim dizer, o estado de Mato Grosso.

Unindo o útil ao agradável, Ramir estava se estabelecendo profissionalmente e, ao mesmo tempo, praticando a sua paixão por cavernas. Do município de Rondonópolis, sul do Estado, ao de Aripuanã, no norte, ele catalogou nada menos que 39 cavernas antes inexploradas pelo homem moderno, como atestam os registros do Ibama.

As expedições a procura de cavernas eram financiadas pelo próprio cientista, que se orgulha de nunca ter recebido a ajuda de qualquer instituição pública. Quando encontrava uma caverna, além de estudar a topografia, Ramis Bucair tirava fotos (foram quase 5 mil) e recolhia amostras de pedras.

Em 8 de abril de 1959, Ramis Bucair fundou em Cuiabá o “Museu de Pedras Ramis Bucair”, para abrigar a sua coleção particular. Trata-se do único museu particular do gênero no Brasil.

Desde 1959 até mesmo depois de seu falecimento, Ramis Bucair continuará abrilhantando o cenário cultural e histórico de Mato Grosso, além é claro, de trazer aos amigos e companheiros, as saudosas lembranças das tardes dos sábados no Choppão com suas histórias na eterna mesa 19.

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Adalberto Ferreira 21/12/2011

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