Neste feriado, a morte do aluno soldado do Corpo de Bombeiros Rodrigo Claro completa um ano. Nestes doze meses, a família tem passado por dias de dor e sofrimento pela ausência do rapaz morto aos 21 anos, após o treinamento de formação. A instrutora responsável pela capacitação, tenente Izadora Ledur, está afastada das atividades na corporação por força de atestado médico e segue recebendo seu salário de R$ 14 mil.
A mãe de Rodrigo, que realizou mobilizações em diversas oportunidades para que a morte de sue filho não caia no esquecimento, nesta data irá se recolher com sua família, que são as pessoas que ela busca forças para atravessar os dias nebulosos e seguir na luta por justiça pela morte do filho e para que outros casos de tortura não se repitam na corporação.
“O sofrimento e a dor são imensos. Existe um vazio que nada preenche. Os dias não passam. A falta de justiça e a impunidade nos indignam, mas vamos lutar até o fim para que os culpados paguem pelo que fizeram e para que outras famílias não passem o sofrimento que passamos”, declara Jane Claro, mãe do soldado.
Desde a morte do rapaz após o treinamento na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, a tenente foi afastada do curso e encaminhada para o setor administrativo do Corpo de Bombeiros. Foi instaurada investigação pela corporação e pela Polícia Civil que instaurou inquérito para apurar as condições da morte do rapaz. Foi oferecida denúncia contra a tenente e mais cinco oficiais e determinado que Ledur usasse tornozeleira eletrônica, porém atualmente a tenente encontra-se sem o monitoramento e sob atestado médico.
“A única certeza que temos é que nosso filho foi condenado a morte. Os punidos somos nós todos os dias com a falta de justiça”, desabafa a mãe, emocionada.
Alan Cosme/HiperNoticias
Jane Claro, mãe de Rodrigo, declarou que a guerra continua para obter justiça
O pai de Rodrigo Claro, Antonio Claro é bombeiro há 23 anos e está afastado de suas funções por orientação médica devido ao abalo psicológico e também não há perspectiva de retorno às atividades.
“Agora estamos concentrados na audiência que acontece em janeiro. Durante este ano tivemos algumas respostas que não convenceram. Estamos mais alertas sobre a tramitação processual e esperamos que a justiça seja feita. Estamos confiantes e com muita fé em Deus e na justiça terrena”, afirma Antônio Claro.
“Cheguei a acreditar que por eu ser bombeiros o tratamento quanto a morte de meu filho seria diferente, mas eu estava enganado. Vejo que a investigação feita pelos Bombeiros não tem surtido efeito, pois há um grande corporativismo para defender os oficiais”, comenta o pai de Rodrigo. “É uma prática costumeira engavetar os processos”, finaliza.
As audiências sobre o caso Rodrigo Claro terão início no dia 26 de janeiro do próximo ano.
O caso
Rodrigo queixou-se de dor de cabeça durante a realização das aulas de salvamento aquático. O aluno realizava uma travessia a nado na lagoa e quando chegou à margem da Lago Trevisan e informou o instrutor que não conseguiria terminar a aula.
Em seguida, segundo os bombeiros, ele foi liberado e retornou ao batalhão e se apresentou à coordenação do curso para relatar o problema de saúde. O jovem foi encaminhado a uma unidade de saúde e sofreu convulsões.
Nas mensagens enviadas por um aplicativo de telefone, Rodrigo alerta a mãe sobre o que poderia acontecer. “Se você não conseguir, passar mal, sei lá. Até eles te pegarem e verem que você não está de corpo mole”, diz a mensagem.
Horas depois, Rodrigo volta a falar com a mãe e mandou a última mensagem antes de ser internado em coma. “Não consegui. Estou mal. Vou para a coordenação”, diz trecho da mensagem.
Após três dias, Rodrigo não resistiu aos cuidados médicos e morreu no Hospital Jardim Cuiabá.
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