Ocorreu nesta quinta-feira (08) o Encontro Nacional de Jornalistas promovido pelo Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi), com o tema cooperativismo de crédito atuando no desenvolvimento das sociedades.
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O evento realizado anualmente em comemoração ao Dia Internacional das Cooperativas de Crédito, celebrado no dia 15 de outubro, foi realizado de forma online neste ano e teve presença de jornalistas de todo o país e do presidente e CEO da World Council of Credit Unions (Woccu), Brian Branch.
O Sicredi é uma instituição pioneira no segmento de cooperativismo de crédito no Brasil e na América Latina. O modelo de cooperativismo está presente em inúmeros países, mesmo os menos desenvolvidos e tem realizado esforços para estar presente em comunidades que estão distantes dos grandes centros urbanos, como as zonas rurais, oferecendo modelos de serviços que permitem o desenvolvimento econômico e sustentável de pequenas comunidades.
O diretor executivo do Centro Administrativo Sicredi (CAS), João Tavares pontuou sobre como as cooperativas de crédito atuam para o desenvolvimento da sociedade, fomentando a economia local ao fornecer crédito para pequenos empreendedores que teriam dificuldades em conseguir o mesmo tipo de benefício em um banco tradicional.
“Há uma tendência de buscas por sistemas de cooperação, entendemos que as pessoas estão procurando cada vez mais outros modelos de financiamento. A comunicação é mais próxima das pessoas e possuímos meios eficientes de estar próximos delas, como por exemplo, utilizando plataformas digitais”, disse.
Meio Ambiente
O Sicredi é membro do pacto global da ONU para o mundo sustentável e um dos objetivos é a preservação do meio ambiente e eles têm buscado realizar ações para reduzir o impacto no meio ambiente.
“Temos o programa de neutralização de carbono, vamos evoluir para plantio de árvores e acompanhamos cada agência coorporativa, também estamos financiando a energia fotovoltaica (energia solar) que reduz impactos ambientais”, conta Tavares.
Sobre o aumento da participação de pessoas jurídicas em cooperativas, João Tavares diz que o marco foi em 2013, quando passaram a oferecer serviços para esse tipo de perfil dentro do sistema.
“Cooperativas lá atrás só se relacionavam com pessoas físicas, o marco foi em 2013 que foi realizada a abertura para pessoa jurídica. E essa abertura se deu por dois motivos: o crescimento da capacidade financeira das cooperativas e o outro motivo foi crescimento da economia com mais aberturas de empresas e a dificuldade que ainda existe de financiamento no sistema bancário tradicional. A cooperativa consegue ser mais eficiente na hora de financiar e por estar inserida no cenário local”, aponta.
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Maysa Bonissoni e Manfred Alfonso Dasenbrock
Impacto das cooperativas na comunidade
Estudos da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), um dos institutos mais antigos e tradicionais do país, ligado à Universidade de São Paulo (USP), demonstrou resultados favoráveis nos municípios que têm atuação das cooperativas com impactos relevantes no sistema econômico, tendo registrado aumento do PIB perca pita de 5,6%.
Com taxas de juros menores que sistema bancário tradicional, há uma menor inadimplência, permitindo fornecer linhas de crédito com mais riscos, tendo um impacto relevante na concessão de crédito para a economia.
50% das agências estão localizadas em municípios com até 12 mil habitantes e 17% estão em locais menos urbanos. O ingresso das cooperativas nesses cenários gera desenvolvimento econômico regional significativo nos locais onde atuam.
Prestação de serviços durante a Covid-19
Brian Branch presidente e CEO da World Council of Credit Unions (Woccu), Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito em tradução do inglês, que atua em parceria com o Sicredi em diversos países ao redor do globo, falou sobre os desafios do sistema cooperativo durante a pandemia da Covid-19 e a atuação da cooperativa em países como Guatemala, Quênia e Haiti.
“Com certeza a pandemia afetou nosso sistema. Procuramos fornecer acessos aos serviços financeiros em tempos de crise, como a da Covid-19. Vários associados tiveram a saúde impactada, o que afetou a capacidade de pagamento de várias empresas que não puderam pagar seus empréstimos, precisaram demitir funcionários, usar a poupança para passar por esse período. Tivemos que defender as capacidades da cooperativa de promover crédito e reduzir impactos de crises financeiras”, relata.
O Impacto não foi em todos os setores da economia, mas principalmente na distribuição da produção agrícola. Para 2021 é esperado uma recuperação dos setores e consequentemente a redução na taxa de inadimplência nas carteiras de clientes.
Atuação Internacional
O Sicredi é um dos modelos dentro dos sistemas de cooperativas internacionais. E uma das vantagens do sistema como prestadores serviços de tecnologia é estar presentes em canais digitais, facilitando o acesso de pessoas ao crédito.
Em países como Ucrânia, Guatemala e Quênia, atuam de modo a conseguir fornecer empréstimos para pequenas e médias empresas ou pessoas físicas. Constantemente ampliando o alcance das comunidades que atendem e chegando em comunidades não atendidas, como locais de rendas mais baixas, especialmente em comunidades rurais.
O Sicredi enviou voluntários ao Haiti para auxiliar o crescimento, fornecendo financiamento acessível para construção de casas, no local que passou por um desastre natural. E não apenas oferecendo serviços financeiros, mas também atuando na área de educação da comunidade.
“O maior desafio para cooperativas é a transformação digital e a base disso é a capacidade dos canais digitais de conectar sistemas cooperativos com sistemas nacionais. Cooperativas financeiras podem ser encontradas em vários países do mundo. Em alguns países com mais êxito e outros menos, dependendo dos governos locais. Sistemas são bem-sucedidos em função de visões progressivas de seus líderes. Em países pobres, com o passar do tempo a comunidade se torna mais forte e mais fluida”, aponta Brian.
O Sicred possui um sistema líder na América Latina e no mundo é bem conhecido entre as organizações regulatórias de sistemas financeiros, como o Banco Mundial. O motivo é o sistema de disciplina com forte ligação com o Banco Central do Brasil. Também por chegar em zonas rurais, fortalecendo à comunidade local.
Atrair público jovem
Para atrair o público jovem, segundo Brian, são necessários três fatores que precisam ser avaliados dentro desse perfil. A atuação no sistema digital, pois jovens preferem canais online e bancos que utilizam esses sistemas tiveram um crescimento no público com menos de 35 anos. Também é importante acompanhar as fases da vida, pois eles costumar começar a usar o sistema financeiro contraindo empréstimos baixos, depois passam a investir e em seguida começam a poupar. Estar atento a essas transformações pode fazer o sistema ser mais bem-sucedido.
“Quando olhamos para os jovens e vemos que o que eles buscam no sistema financeiro possui três padrões. O primeiro é a transformação digital, estar presente online. Segundo acompanhar os momentos de transição que eles passam, como a compra da casa, do carro. Terceiro é necessário uma combinação de idades para oferecer um sistema sustentável. Entendendo essas necessidades, um sistema cooperativo pode ser mais bem-sucedido”, finaliza.
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