A campanha do "Setembro Amarelo", que alerta sobre a prevenção ao suicídio, ganha mais força por causa do momento em que o mundo se encontra devido à pandemia de Covid-19. Em entrevista ao Hipernotícias, as psicólogas Thaísa Mayara e Viviane Damacena relatam como ficou mais evidente a necessidade do cuidado com a saúde mental nesses últimos meses.
"A nossa saúde mental foi muito afetada, a gente foi tirado de tudo de habitual, de diário da nossa vida e fomos convidados sem tempo de adaptação a ter um novo modelo de vida. O que deixa as pessoas em geral mais tranquilas é a rotina, saber exatamente a próxima coisa que vai acontecer, qual próxima coisa que ela vai fazer. Quando a gente fica sem isso tudo, a gente fica embaralhado, porque a gente não sabe o que vai acontecer. Exatamente o que aconteceu na pandemia, tudo que a gente tinha de rotina, de vida, foi retirado", disse Thaísa.
A psicóloga ainda alertou sobre como as redes sociais e a internet têm influenciado no aumento de problemas emocionais. "As redes sociais se tornaram algo tóxico, as pessoas não têm filtro. As pessoas que estão do lado de cá, sempre estão com o papel de julgamento para com a foto, fala de alguém. Sem mensurar o que faz um tipo de comentário na vida das pessoas", explicou.
Thaísa destaca que a campanha Setembro Amarelo é importante para que a pessoa que esteja em um quadro depressivo ou de ansiedade possa falar sobre o que sente. "Quanto mais a gente conversar sobre saúde emocional, quando a gente mais se perceber em uma totalidade, mais fácil fica a gente conseguir procurar ajuda, compreender o que a gente está sentindo, o que a gente está passando. O processo terapêutico traz isso, esse alto conhecimento".
Gatilho
A psicóloga Viviane Damacena destaca como a pandemia despertou muitos gatilhos, como o suicídio, que antes não eram nítidos na vida do indivíduo. "Infelizmente o suicídio tem se tornado muito mais nítido do que antes. A Covid para muitos foi somente um escape para se entregar a muitas dores na alma que estavam escondidas e talvez nem reconhecidas como doenças emocionais. Os traumas da alma, as dores, decepções, frustrações têm levado muitos a morte e o vírus tem sido um instrumento para levar muitos até o fim", pontuou.
"Com a pandemia veio a reflexão do quanto é a finitude da vida. O medo para muitos se tornou o pânico. O isolamento veio trazendo a tona o sentimento de solidão emocional e sintomas depressivos. Houve um agravo na saúde emocional da grande maioria da população mundial e também o surgimento de sintomas antes não conhecidos", completou.
Thaísa e Viviane afirmam que o caminho mais recomendado para não se entregar à depressão é fazer terapia, encarar as doenças emocionais como enfermidades que também precisam de tratamento e em muitos casos há necessidade de medicação.
"Buscar o suporte social adequado pode ser um fator essencial neste processo. A ajuda de familiares, amigos e pessoas próximas que notarem comportamentos diferentes é preciso oferecer escuta", concluiu Viviane.
Setembro Amarelo
A campanha Setembro Amarelo é realizada desde 2014 através da parceria da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e do Conselho Federal de Medicina (CFM). Ao longo do tempo, a iniciativa ganhou a adesão de outras entidades e também de órgãos públicos, desdobrando-se assim em diversas ações. Na edição deste ano, o tema do Setembro Amarelo é "agir salva vidas".
CVV
O Centro de Valorização de vida também disponibiliza uma central de atendimento para ouvir pessoas que necessitam falar com alguém. O contato pode ser feito através de ligação pelo 188 ou pelo chat disponibilizado no site.
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