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Moradores se reúnem no assentamento para definir estratégias contra ameação de reintegração de posse |
Moradores do assentamento Jardim Canãa, na região do Parque Cuiabá, em área urbana da capital, estão ameaçados de despejo já que existe uma ação judicial para executar a reintegração de posse da área. As maioria dos lares tem como chefes de família mães solteiras.
Os moradores bloquearam parte da rodovia Emanuel Pinheiro, que vai para o Parque Cuiabá a fim de chamar a atenção das autoridades. “Estamos nos revesando aqui em uma vigília desde domingo (12). Até o momento temos a informação de que o Batalhão de Polícia ainda não recebeu nenhuma ordem de execução”, disse Patrícia Camargo, moradora do assentamento e uma das líderes do movimento contra o despejo.
Há 2 anos e meio, 266 famílias em situação de grave dificuldade financeira, entre elas mães solteiras e desempregadas que não agüentavam mais pagar aluguel, ocuparam o terreno.
Em outubro do ano passado, as famílias foram surpreendidas por uma decisão judicial, que dá reintegração de posse a um suposto dono da área, Armindo Sebba Filho.
Em outubro de 2011, quando ficaram sabendo do possível despejo, protestaram publicamente, trancando avenida próxima ao bairro e também em frente à Defensoria Pública de Mato Grosso. Neste final de semana, rumores de que a reintengração de posse poderia ser executada abalou os moradores.
MORADORES
A camareira desempregada Valdirene Marcelino Santana, 42 anos, mãe solteira de duas filhas, de 23 e 13 anos, uma das lideranças comunitárias no local, disse que, em outubro do ano passado, quando fizeram protesto, a polícia reagiu com violência, como se fosse crime se manifestar.
“A gente está tentando brigar na justiça pelo nosso direito à moradia. Mas a gente fez uma coisa improvisada, nem sabe direito como fazer um protesto. Daí
a polícia chegou, as pessoas já ficaram com medo, já chegou a Rotam com uma super ignorância, já na pressão, já armados, com cassetete. Nessa hora a gente tem que manter a calma, mas é difícil”, disse Valdirene.
A maioria das casas no Jardim Canãa são de alvenaria, embora tenha algumas de madeirite e alguns barracos de lona preta. No assentamento, não tem água nem energia elétrica e as ruas não são pavimentadas.
Valdirene afirma que os moradores ainda não foram intimados e, portanto, não podem sofrer despejo até que isso ocorra. “É o que a informou um advogado solidário à causa”, disse.
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Em muitos lares do assentamento, as mães desempregadas são chefes de família |
Marizete Souza Rosa, solteira, 32 anos, não terá onde morar com os cinco filhos se tiverem de sair do assentamento Nova Canaã. A família sobrevive da pensão que foi concedida para seu filho de três anos, que é deficiente. A renda mensal, que é conduzida unicamente por Marizete, gira em torno de R$ 600,00.
Mesmo com a moradia construída por amigos, onde Marizete não paga aluguel, o dinheiro não é suficiente. "Como vou pagar um aluguel de trezentos ou quatrocentos reais?", questiona a moradora, que não pode trabalhar porque tem de cuidar integralmente do filho portador de necessidades especiais.
De acordo com os moradores, a situação já foi informada ao Governo do Estado e à Prefeitura de Cuiabá.
REINTEGRAÇÃO DE POSSE
A decisão pela reintegração de posse em favor de Sebba Filho é da juíza Vandimara Galvão Ramos Paiva, titular da 21ª Vara Cível de Cuiabá.
Os moradores entendem que ele é suposto dono porque há contradições sobre quem seja proprietário da área. Uma outra pessoa teria levado documentos se apresentando como titular da terra. Os moradores também especulam que cinco irmãos estariam brigando na justiça pelo terreno.
De acordo as lideranças do movimento, independente de quem seja o real dono, as famílias querem negociar a terra e não serem despejadas de lá.
MEDO DE SER UM PINHEIRINHO
Diante da truculência em Pinheirinho, em São Paulo, onde houve desocupação violenta que repercutiu em todo o país, o Jardim Canãa está se organizando para
evitar que ocorra o mesmo em Cuiabá.
Mesmo com medo de que a ação da polícia seja violenta como no recente caso Pinheirinho, em São Paulo, os moradores do bairro se organizam para resistir ao despejo e fazer manifestações, já que não têm para onde ir.
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