O médico psiquiatra Miguel Eduardo Araújo, de 31 anos, que tirou a própria vida na tarde de terça-feira (24) com disparo de arma de fogo, na casa onde morava com a família em Nova Mutum (240 km ao norte de Cuiabá), já fez tratamento de depressão em 2012. A mãe de Miguel também tirou a própria vida em abril de 2012.
O médico Miguel Eduardo, conhecido no médio norte do Estado por sua atuação e dedicação aos pacientes, usava as redes sociais para alertar e falar alertar sobre depressão, os males e perigos que ela traz.
Horas antes de tirar a vida, ele fez um post em seu Instagram com a seguinte frase:
“Cuide de suas necessidades físicas, mentais, sociais e emocionais, pois, estar em harmonia requer encontrar o equilíbrio entre as diferentes esferas da vida”.
Miguel sempre tratava os assuntos polêmicos com seus seguidores, que estavam em evidência no momento, também abordava temas sobre ansiedade, depressão, angústia e o quanto a saúde mental era importante para se viver bem.
Nas redes sociais ele, mostrava uma vida equilibrada e calma ao lado da família, com fotos de viagens, passeios.
No entanto, há dez anos, sua mãe também cometeu suicídio dentro da própria casa, na cidade de Pontes e Lacerda. Na época, Miguel ainda era estudante de Medicina. O fato levou a se especializar em psiquiatria.
O fato aconteceu em 2012. Maria da Paz dos Santos Araújo sofria de depressão e já estava em tratamento quando tirou a própria a vida, no dia 17 de junho. Ela se enforcou dentro da casa onde morava.
Dois meses depois da morte da mãe, Miguel concedeu uma entrevista ao HNT, onde deu o alerta sobre a importância de os familiares ajudarem pacientes no tratamento da depressão.
Ele contou que a mãe, que era comerciante, vivia uma boa fase da vida e, apesar da resistência em manter o tratamento, a família estava sempre por perto para acompanhá-la.
Em uma de suas declarações ele disse: “a doença não pode ser subestimada pela sociedade e pelos médicos. O paciente precisa de apoio para ir até o fim do tratamento. Infelizmente, em um momento de impulsividade, minha mãe interrompeu a vida dela”.
No dia em que a mãe morreu, ele chegou a gravar um vídeo e postar no Youtube, onde destacou a importância de os depressivos procurarem ajuda médica.
Durante a entrevista, ele confessou que também já tinha sido vítima de depressão, mas que conseguiu levar o tratamento até o fim.
“Fiquei um tempo ansioso, depressivo. Busquei o tratamento e aprendi a controlar a minha ansiedade. Tomei remédio e depois que fiz o tratamento, consegui dividir o tempo para realizar várias atividades e sem sofrer tanto. Minha família tem dois casos do potencial da doença, uma que tratou e deu certo e outra que não deu”, avaliou.
O alerta que o psiquiatra fez é de que muitas vezes os próprios familiares dos pacientes desconhecem a doença e não se empenham em ajudar.
O CASO
O médico psiquiatra foi encontrado morto no banheiro da própria casa onde morava com a família em Nova Mutum (240 km ao norte de Cuiabá), na tarde de terça-feira (24).
De acordo com informações da Polícia Civil, o caso foi registrado por volta das 18h, e atendido inicialmente pela Polícia Militar, para atender uma ocorrência de disparo de arma de fogo em uma casa no bairro Bela Vista.
No local, os policiais encontraram a vítima caída no banheiro já sem vida. Ao lado do corpo foi encontrado uma pistola e 17 munições. Uma equipe do Corpo de Bombeiros chegou a ser acionada e constatou a morte do médico.
A Perícia Oficial e Identificação Técnica foi acionada e esteve no local. Em seguida, o corpo ao Instituto Médico Legal.
O caso foi registrado como suicídio. A Polícia Civil acompanha o caso.
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.