A elucidação de um dos casos mais emblemáticos de crime passional em Várzea Grande se deu nesta quarta-feira (20), quando o delegado Antônio Carlos Araújo, da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), encaminhou ao Presídio Pascoal Ramos o jovem Vinicius Paes de Barros Alcântara, executor da mãe de sua filha, Helen Lorrayne Miranda, também de 18 anos.
DHPP
Vinicius é o autor do tiro que matou Helen Lorrayne, mãe de sua filha
O jovem foi preso em Várzea Grande pela equipe da Polícia Militar do 4º Batalhão, que flagrou Vinicius junto com Claudeilton Gomes Vanderley Junior, cometendo um assalto na região central da cidade. Com a prisão da dupla em flagrante, o delegado cumpriu a ordem de prisão contra Vinicius, que estava foragido da Justiça até então.
Segundo o delegado Araújo, Vinicius cometeu o crime quando estava sob efeito de entorpecente na casa de Júnior, o rapaz que foi detido junto com ele praticando assalto. No dia 26 de junho, Junior havia recebido Helen em casa. Ela estava de passagem na rua e sentiu vontade de ir ao banheiro. Nesse momento Vinicius entrou na residência, deu um abraço na filha, pegou a arma da mão de Júnior e atirou no olho da ex-companheira.
“A cena do crime foi descrita por pelo menos sete pessoas que estavam na casa. Segundo testemunhas, o Júnior passou a arma para Vinicius. Essa arma já estava carregada com uma munição, a qual Vinicius disparou contra Helen. O projétil atravessou o olho da menina, indo parar na cabeça. Ela morreu um dia depois, no Pronto-Socorro”, disse o delegado.
Vinicius havia se separado da jovem, com quem conviveu desde os 14 anos, havia duas semanas. Eles tiveram uma filha, que no dia do crime estava com nove meses. A criança estava nos braços de uma terceira pessoa. “Ele agiu de sangue frio. Abraçou a criança e depois matou a mãe. Em depoimento ele afirma que não iria atirar, que a arma disparou sozinha, mas o fato de ele ter assumido o risco já o incrimina. Foi um único tiro”, comentou o delegado.
Momento do tiro
DHPP
Júnior seria cúmplice no crime; ele entregou a arma municiada para a execução de Helen
Claudeilton Gomes Vanderley Júnior, proprietário da casa onde houve o homicídio, também foi preso com Vinicius praticando assalto. Essa informação chega num momento em que o delegado também descobre, através de depoimentos, que Junior guardava a arma utilizada por Vinicius no crime.
“Trata-se de uma espingarda calibre 24 de cano serrado, que, segundo o suspeito, foi comprada por R$ 400 de um rapaz chamado Biel, morador do bairro Cristo Rei. Ele teria comprado para caçar em uma propriedade rural onde sua mãe iria morar, na região do Pantanal, em Poconé. No entanto, ele havia pedido para o Júnior guardar a arma longe da munição, pois achava perigoso, mas acabou sendo surpreendido com a arma engatilhada e municiada”, relata parte do depoimento.
Ainda segundo depoimento prestado pelo jovem Vinicius, ele pegou a arma para dar uma “zoada com a vítima, e, por isso, apontou para Helen, que foi surpreendida enquanto estava no sofá. Após o tiro, ela tombou de lado. Eu não me lembro de ter puxado o gatilho. Após o disparo, soltei a arma no chão”.
AJOELHOU E REZOU
O delegado ainda relatou que o rapaz, após o tiro, abraçou a vítima e voltou a abraçar a filha e começou a chorar. “O que você fez, cara?”, disse uma testemunha, que em seguida pegou a filha do casal. Nesse instante, Vinicius correu e jogou a arma do crime em um jardim.
Já na casa de sua avó, ele encontrou sua mãe e disse: “Mãe, eu matei a Helen”. Inicialmente a mulher achou que fosse uma brincadeira, mas sua tia logo o levou para ficar escondido na casa de outra tia.
Da assessoria/PJC
Delegado Antônio Carlos Araújo conduz o caso e fez o mandado de prisão contra Vinicius
No caminho, Vinicius foi levado por sua tia para o altar do Rincão do Meu Senhor, templo católico no bairro Cristo Rei, e foi obrigado a pedir perdão pelo que tinha feito. “De joelhos, ele pediu perdão”, diz trecho do depoimento prestado na DHPP.
Após sair da igreja, o rapaz foi para uma casa na Cohab Jaime Campos, e depois passou em três chácaras diferente. “Eu estava com medo de ameaças que recebia pelo Facebook”, finalizou o rapaz, em depoimento.
PRISÃO
Na segunda-feira, com a ajuda de Júnior, ele abordou uma família e cometeu um roubo, usando uma arma calibre 38. Rapidamente eles foram perseguidos e presos na região da Cohab Dom Orlando Chaves, em Várzea Grande.
O delegado ficou sabendo e logo pediu transferência dos homens para Cuiabá e, após interrogá-los, fez a transferência da dupla para o Presídio Pascoal Ramos.
“Por enquanto ele está cumprindo prisão temporária, mas iremos pedir, até sexta-feira, sua prisão preventiva, sabendo que ele deve aguardar seu julgamento em regime fechado, pois podemos ver que ele não consegue se socializar. Em menos de um mês após matar a mãe de sua filha ele já estava cometendo assaltos”, concluiu o delegado.
Vinicius será enquadrado no crime de feminicídio, pois matou a jovem por ela ser sua ex-mulher. Se condenado, deve pegar de oito a vinte anos de cadeia em regime fechado, apenas pela morte, fora a fuga, uso de arma de fogo e o roubo que ele foi flagrado cometendo no centro de Várzea Grande.
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