Alan Pinheiro é um dos integrantes do Núcleo Hip Hop em Ação, foi usuário de drogas por 12 anos e contou que foi resgatado pelo rap, pela arte e a vontade de cantar que tinha desde criança. “Isso me despertou a buscar uma maneira de viver que eu encontrei no rap”.
O Núcleo foi criado em 2015 por pessoas que já foram usuárias de drogas e estão em processo de recuperação, e desde então realiza ações que visam conscientizar usuários de drogas, além de sensibilizar e conscientizar a sociedade sobre a dependência química como um problema de saúde pública.
Desde a criação do Núcleo, o “Hip Hop Combate às Drogas” é um evento que acontece três anos na região do Porto e em sua 4ª edição foi realizada no Beco do Candeeiro, região historicamente criminalizada e com muitas pessoas em situação de rua ao redor.
Entre as atrações do evento, estavam os rappers Conduta do Gueto, Azul e Jonathan, além dos Djs Alexandre e Spinha. Os moradores de rua da região receberam banho solidário e sopão, tudo realizado por uma equipe de voluntários e profissionais que atuam na área de dependência química.
Estavam presentes também comunidades terapêuticas que disponibilizaram vagas sociais; profissionais de saúde conscientizavam sobre doenças sexualmente transmissíveis (DST’s); a Associação Mato-grossense de Skate levou alimentos; uma comissão de profissionais de saúde abordava os dependentes em situação de rua para que aceitassem a internação imediata.
Para Alan Pinheiro, estar no Beco do Candeeiro expressa a sua gratidão em ter sido salvo pelo rap. “É como eu posso mostrar para o cara que está no Beco do Candeeiro, para o cara que está jogado nas ruas igual eu já estive que ele pode e é capaz de sair dali”.
Alan relatou sobre a dificuldade de realmente conseguir alcançar as pessoas em situação de rua e conscientizar para que saiam das drogas. Contou sobre um rapaz que na edição passada do evento, estava bem e recentemente o havia encontrado novamente nas ruas e muito mais magro. “O difícil do dependente químico é que ele não acredita mais nele, se não tiver quem acredite não vai ter como resgatar ninguém”.
Ele narrou também sobre a falta de incentivo público e o pouco apoio que se recebe quando alguém pretende ajudar essas pessoas em situação de rua. “Eu acho muito engraçado é que aqui onde a gente está, bem aqui na frente, eles gastaram muito dinheiro para destruir esses casarões. Aí se você vai na Prefeitura ou vai no Governo Estado e diz ‘quero fazer uma ação para mudar isso’, eles vão dar o mínimo do mínimo. Ninguém está preocupado com o cara que está no uso de drogas”, diz se referindo a demolição da ilha da banana em 2017, local onde diversos usuários de drogas moravam.
“As pessoas não tem o conhecimento, nunca passaram por isso, até o momento que entra dentro da sua própria casa. Mas é diferente quando um 'playboy' está usando dentro do condomínio, ele não é bandido, mas o cara que está aqui é bandido”.
Raul Lazáro é um dos organizadores e idealizadores do evento, é estudante de jornalismo e foi usuário de drogas por 12 anos. Ele falou sobre a importância de realizar a ação no Beco do Candeeiro, um local criminalizado que foi onde ele morou parte da sua vida.
“A importância do Hip Hop combate às drogas aqui para esse local não é mudar, a ideia não é mudar. A ideia de trazer a mensagem através do rap para as pessoas que estão no uso de drogas, dependência química, é para tentar pelo menos amenizar um pouquinho essa dor. Quando a pessoa está no uso de drogas, está escrava e não consegue sair desse mundo. O Hip Hop combate às drogas veio para dar uma causada, trazer uma mensagem de amor, fé, força e esperança. Para todos os dependentes químicos, seja de Cuiabá, Mato Grosso ou do Brasil, essa que é a ideia”.
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