A investigação inicial da polícia civil sobre o crime de estelionato na Prefeitura de Cuiabá detecta que pelo menos 40 pessoas foram vítimas do acusado Magnum Martins de Aguiar, 31 anos. O golpe é vinculado ao programa federal Minha Casa, Minha Vida.
O estelionatário aproveitava a construção e entrega, prevista para o ano passado, das residências do programa, para criar um loteamento imaginário e informar aos possíveis compradores que facilitaria a inclusão dos seus nomes na lista dos futuros beneficiários no cadastro da prefeitura.
De acordo com o delegado Waldeck Duarte Jr, a facilidade com que Magnum transitava no poder público dava condição de obter informações sobre o que acontecia na prefeitura, o que possibilitava a aplicação do golpe.
Divulgação/Polícia Civil |
![]() |
Magnum tinha livre trânsito na Prefeitura de Cuiabá e conhecia mecanismo de cadastro de casas do município |
“Magnum era ex-funcionário da prefeitura e já era figura conhecida entre os funcionários. Com o acesso que ele tinha com as pessoas de lá, resolveu oferecer as casas do loteamento que não existe, que ele inventou”, conta o delegado.
COMO FUNCIONAVA O GOLPE
No loteamento fictício chamado de Residencial Itapajé haveria 299 casas e pelo menos, 40 pessoas deram um “sinal” de R$ 300 além de cópia de RG e CPF para Magnum para terem seu nome incluso no cadastro, que nunca aconteceu.
Uma das vítimas, cujo nome não é informado para não prejudicar as investigações, revela a abordagem feita pelo estelionatário. “Ele dizia que precisávamos pagar R$ 300,00 para ser destinado a um funcionário da prefeitura e essa pessoa ia agilizar nosso nome no cadastro”, conta.
Depois de entregue o valor a Magnum, pois ele é quem repassaria o dinheiro ao funcionário, o estelionatário enrolava para entregar a chaves das casas. Ele sempre argumentava que “com a troca de prefeito, houve atraso na liberação de documentos, pois o Mauro Mendes ainda não assinou e não entregou a chave”, esclarece a vítima em entrevista exclusiva para o HiperNotícias.
Com tamanha demora em receber a chave de um condomínio de casas que os compradores acreditavam estar pronto, a vítima resolveu procurar o estelionatário na Prefeitura de Cuiabá.
VÍTIMAS
“Eu cheguei lá na segunda-feira perguntando por ele, mas ninguém conhecia. Fui ao terceiro andar que ele disse que trabalhava e falaram que não tinha ninguém e me explicaram que qualquer coisa de casa era em outro andar”, conta.
Ela lembra também que quando foi à prefeitura à procura do caso, uma funcionária disse “todo dia liga aqui e vem gente atrás desse cara que ninguém sabe”, recorda-se.
Sem encontrar Magnum, a vítima foi embora e voltou no dia seguinte. Mas, agora perguntara pelo funcionário cujo nome, supostamente inventado, o estelionatário sempre dizia. “Fui à recepção e perguntei e falaram que era só ir no andar tal, quando fui, perguntei para moça, ela não sabia”, afirma.
Confusa, a vítima contou toda a história para o funcionário que procurou saber se realmente havia um servidor de nome Magnum. “Liguei na secretAria de Cidades, no setor do IPTU, mas ninguém sabia. Nem do Magnum, nem das tais casas. Então, informei a secretária Adriana e fui na polícia”, afirma o servidor da prefeitura, cujo nome também permanece em sigilo.
“Não era a primeira vez que me procuravam, por isso fui à polícia. Só nessa semana, já haviam sido cinco pessoas atrás da chave da casa. Meu celular não pára de tocar. É gente querendo a casa que eu nem sei”, conta.
|
DELEGADO
De acordo com o delegado Waldeck e com base nos depoimentos iniciais, não há indícios de que o estelionatário age em conjunto. “Estou achando que o golpe é único. O valor cobrado é pequeno para se dividir e todos os depoentes dizem que só tiveram contato com Magnum”, assegura.
Sobre a possibilidade de facilitação de acesso aos dados na prefeitura, o delegado minimizou o fato e afirmou que Magnum “estava quase todo dia na prefeitura, o que permitia ouvir e saber mais das coisas”, afirma.
Questionado sobre a participação de servidores da prefeitura no esquema, o delegado informou que a polícia ainda segue com as investigações e procura ouvir as demais vítimas e se as averiguações apontarem para servidores, estes também serão interrogados.
Magnum é indiciado por estelionato, já que uma das vítimas comprovou pagamento de R$ 300,00. Após finalização da investigação, o caso será denunciado ao Ministério Público e encaminhado ao juiz para definição da pena do acusado.
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.