Dedicado à conscientização sobre a importância da amamentação, a campanha do 'Agosto Dourado' leva este nome em razão dos especialistas apontarem o 'padrão-ouro' de qualidade do leite materno. Para entender um pouco mais sobre o porquê do título, o HNT foi em busca de alguns estudiosos sobre o tema.
“Um alimento padrão-ouro é um alimento referência, ou seja, o melhor alimento que temos para determinada situação. Quando pensamos em crianças nos primeiros meses de vida, o leite materno é o melhor e mais completo alimento que a criança pode receber. Não existe nenhum alimento que se compare ou que seja melhor do que ele”, afirma a coordenadora do projeto de extensão “Apoio e Incentivo ao Aleitamento Materno” da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a professora Mariane Alves Silva.
A docente da Faculdade de Nutrição (Fanut) ainda pontua que o processo de aleitamento é benéfico não só para os pequenos - por ser uma importante fonte de energia e nutrientes, pela capacidade de proteger contra diversas doenças, contra o sobrepeso e a obesidade e por auxiliar em seu desenvolvimento cognitivo – mas para todo o seu círculo familiar. Com a amamentação, a mulher perde peso e diminui as chances de desenvolver câncer de mama, de ovário e osteoporose. Por fim, a família também sai ganhando. Primeiro, porque o leite materno é gratuito e, segundo, pelo fato de ele representar, ao longo da vida, uma redução dos custos à saúde.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam o aleitamento materno de forma exclusiva até os seis meses de vida e complementar até os dois anos de idade da criança. Entretanto, a professora e consultora em aleitamento materno Kamilla Maestá pondera que a decisão para o desmame deve partir da própria mulher, levando em consideração todas as consequências que a escolha pode acarretar, além de ressaltar as influências socioculturais no processo.
“As influências socioculturais são fatores importantes para um desmame. Muitas vezes, a crença de que o leite não teria nutrientes para um bebê acima de seis meses, entre outras, minam a confiança da mulher na amamentação, gerando um desmame precoce”, lembra Kamilla Maestá que, junto da professora Sonia Vivian de Jezus, coordena o 'Amamente', projeto de extensão do curso de Enfermagem do campus Sinop (a 478 km de Cuiabá) da UFMT.
A iniciativa oferece orientações às mulheres sobre a amamentação antes mesmo do parto do bebê, fazendo o acompanhamento da mãe e da criança até o desmame. No Instagram (@amamenteufmt), a equipe do projeto disponibiliza uma série de dicas para as gestantes, nutrizes e interessados no tema.
FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS E A IMPORTÂNCIA DA REDE DE APOIO
Além de todos os benefícios nutricionais, o aleitamento materno também é uma grande chance para fortalecer o vínculo entre mãe e filho, aponta a pediatra Gabriela Oliver. Entretanto, para que este laço seja consolidado, é importante que a mulher conte com uma rede de apoio. "É essencial que a mãe possua uma rede de apoio nesse momento, contribuindo com suporte emocional e auxílio nas tarefas. Isso faz com que a mulher se sinta mais segura e acolhida, tendo, inclusive, maior chance de sucesso no aleitamento!”, enfatiza a médica.
Kamilla Maestá, mãe da pequena Maria Tereza, de 3 meses, explica que este suporte pode vir de todos os lados, envolvendo membros da família, grupo de mães que se ajudam mutuamente e profissionais como babás e educadores. “Quero evidenciar aqui que marido não é rede de apoio. O pai ele é pai”, ressalva ela, que afirma ter uma rede de apoio sólida.
Ao mesmo tempo, a profissional também reconhece que locais de trabalho que apoiam “a mãe em sua maternidade” se trata de uma realidade excepcional. A edição deste ano da Campanha da Semana Mundial de Aleitamento Materno, do Ministério da Saúde, tem como slogan Apoie a amamentação: faça a diferença para mães e pais que trabalham, para lembrar a necessidade do apoio dos empregadores no transcorrer da amamentação.
O discurso de Kamilla ganha coro na fala da professora universitária Lidiane Ávila, mãe do pequeno Ravi, de 8 meses. Prestes a retornar ao trabalho, ela afirma ter muitas dúvidas de como lidará com a ordenha do leite e reconhece que seu espaço de trabalho, por ser favorável à amamentação, é uma raridade. “As pessoas esperam que a gente amamente, cuide, mas os ambientes corporativos podem ser hostis com mulheres que amamentam”, destaca.
Por trabalhar com a temática e acompanhar a realidade de outras mulheres, Kamilla conta que o processo de aleitamento da filha vem sendo um pouco mais leve para ela. “Mas tentar entender o que está acontecendo comigo emocionalmente, durante este período do puerpério, e tentar compreender as necessidades do bebê têm sido um dos maiores desafios”, revela.
A professora universitária Tatiana Bering é mãe do Emanuel, de 3 anos, e da Alícia, de 4 meses. Ela faz questão de frisar que, apesar de não ser “marinheira de primeira viagem”, enfrentou e tem enfrentado questões durante a amamentação da caçula, tanto pelo fato de cada experiência ser única, quanto por ter uma rede de apoio restrita.
“Apesar de ter tido a primeira experiência com a amamentação com Emanuel, o meu primogênito, que perdurou até dois anos e quatro meses, cada filho é único e amentar não é algo que a bebê já nasça sabendo, mas um processo de aprendizagem de mãe e filho”, declara.
Arquivo Pessoal

“Marinheira de segunda viagem”, Tatiana Bering afirma que cada experiência de amamentação é única
DIETA DIVERSIFICADA
Para que a fase do aleitamento seja ainda mais benéfica, Mariane esclarece sobre a necessidade de a mãe manter uma dieta rica em nutrientes, além de fazer uma ingestão de água adequada.
“Uma coisa bem legal que poucas pessoas sabem é o que leite materno tem sabor, de acordo com o que a mãe come. Então, uma mulher que tem uma alimentação variada - que consome frutas, verduras, hortaliças - faz com que a criança comece a ter contato com os sabores (doce, amargo etc.) através do leite materno. E aí quanto mais diversificada é esta alimentação da mãe, maiores são as chances de a criança ter uma introdução alimentar complementar de sucesso”, declara.
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