Com volume alto de chuva dos últimos meses, as ruas da Capital vêm ficando debaixo d'água com muita frequência, principalmente na região central, onde mora um antigo problema: o córrego da Prainha. Na semana em que se comemora o Dia Mundial da Água (22), o HNT foi ouvir um pesquisador da Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia (Faet) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) para explicar as causas do fenômeno e ele foi taxativo ao dizer que a questão mora na falta do Plano Municipal de Saneamento Básico, conforme a legislação federal exige. Além disso, destaca que a Capital não possui um plano diretor de drenagem urbana.
Segundo o professor da Faet, Rafael Pedrollo de Paes, o plano municipal de saneamento básico citado pela legislação tem foco em quatro pontos: águas pluviais, água potável, esgoto sanitário e resíduos sólidos. Os dois pontos - saneamento básico e drenagem -, são os de caráter estruturantes e necessários em qualquer cidade, o que não ocorre na Capital, conforme o pesquisador.
"Um plano municipal de drenagem urbana dá direcionamento para o que o município deve fazer e, em relação às bacias hidrográficas mais críticas, tende a apontar as intervenções de prazo imediato, mas também direciona para as intervenções em médio e em longo prazos. Não vemos essas ações sendo feitas de modo racional, mas de modo irracional”, aponta Rafael.
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O acúmulo de água da chuva provoca o transbordamento dos cursos d'água. Esse extravasamento é um processo natural nas zonas de inundação de rios e córregos, chamadas de vales fluviais ou planícies de inundação. As enchentes são fenômenos prioritariamente naturais. No entanto, a ação do homem no espaço natural potencializa esse fenômeno.
Quanto à questão da Prainha com as inundações, o pesquisador informa que existem estudos na universidade sobre algumas bacias hidrográficas críticas, como o córrego da Prainha e o córrego do Barbado, em Cuiabá. Segundo ele, algumas dessas pesquisas são muito importantes, mas são de cunho acadêmico, e acabam não sendo ‘absorvidas’ pelos gestores municipais.
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“Em especial, a bacia hidrográfica do córrego da Prainha, sabemos que ela é uma das mais impermeabilizadas e entronizadas do estado de Mato Grosso. Além disso, seu canal é fechado em quase toda a extensão, o que dificulta qualquer outro processo do ciclo hidrológico, como interceptação, escoamento subterrânea, evapotranspiração. É certo que aqui em Cuiabá o escoamento é superficial. E quando ocorre as enchentes, vemos os problemas problemas sociais causados por causa do escoamento irregular”, explica o pesquisador.
O MUNICÍPIO
Segundo o secretário municipal de Obras Públicas de Cuiabá, o vice-prefeito José Roberto Stopa, a capital está cumprindo a legislação federal. Stopa informa ainda que o plano diretor de saneamento está completo, porém, com um prazo de execução até 2024 para o tratamento de todo o esgoto.
No dia 10 de março, uma forte chuva atingiu Cuiabá e, além de enchentes chegando a cobrir carros com a água em meio as avenidas, houve rachaduras jorrando lama pela parede que sustenta o viaduto senador Roberto Campos, na avenida do CPA, um dos mais movimentados da cidade, onde, inclusive, fica um ponto de ônibus.
O pesquisador esclarece que essa água que está jorrando quando chove tem potencial para remover parte do maciço que dá estabilidade para o viaduto, ou seja, é muito importante que seja feita a vistoria para avaliação em relação a isso.
O secretário de Obras nega que as últimas chuvas que ocorreram em Cuiabá tenham arrastado carros, por exemplo, ou causado grandes inundações.
“A gente tem que entender que quando há chuva excessivamente vai existir alguns pontos de alagamento. Isso, em qualquer cidade do Brasil. É só você ligar a televisão que você vê. Aqui em Cuiabá, não tivemos problemas, por exemplo, de arrastar carros, de danos gravíssimos à propriedade. Mas sempre quando chove excessivamente, qualquer cidade tem um limite, capacidade, e nós estamos trabalhando para aumentar essa drenagem”, explica Stopa.
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Na última semana, a Defesa Civil emitiu alerta para possível transbordamento de rios e córregos em Cuiabá. Segundo o órgão, a cota na segunda-feira (20) chegou a atingir 6,30 metros. A população, principalmente ribeirinha do Vale do Rio Cuiabá, deve ficar em alerta, tendo em vista que a cota de atenção para rio Cuiabá é a partir de 7,5 metros a 8 metros.
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OUTONO
O outono começou na segunda-feira no esmifério sul, às 17h25, no horário de Cuiabá, com o equinócio caracterizando a transição da estação do calor do verão para o frio do inverno. Para Mato Grosso, a expectativa é que chuva e calor predominem em abril e maio, assim como em junho, mês em que geralmente ocorrem as temperaturas mais amenas no Estado. Ou seja, ainda há previsão da ocorrência de chuvas com características de verão na região.
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