Depois do advento do aplicativo do ‘ChatGPT’, da empresa OpenAI, viralizar e ser superado o medo momentâneo da inteligência artificial (IA) extinguir vagas de trabalho, profissionais de diversas áreas passaram a utilizar a tecnologia com mais intencionalidade. Em Cuiabá, a gestora de Comunicação, Noemi Almeida, 26 anos, recorre ao robô para adaptar textos para linguagens de blog e redes sociais.
“No meu trabalho, produzo conteúdo para todos os tipos de mídia. Programas de inteligência artificial são muito úteis pra preencher lacunas e deficits que eu tenho”, disse Noemi ao HNT.
A jornalista também é simpatizante do ‘Bard’, outro aplicativa criado pelo Google e concorrente do ChatGPT. Além de encurtar o caminho de Noemi até a entrega do resultado, os aplicativos são assertivos, pois seguem o padrão SEO (Search Engine Optimization), selecionando “palavras-chave” que colocam os links entre os primeiros dos sites de busca.
“A inteligência artificial me ajuda a escolher as melhores palavras, as pesquisadas sobre o assunto, além de fazer um levantamento do que é mais relevante publicar, naquele momento”, explicou a gestora.
Todo esse universo de possibilidades criou um sentimento de ameaça quanto a ondas de demissão em massa. A CNN Brasil repercutiu levantamento da Organização para Desenvolvimento Econômico (OCDE), que engloba 38 países, que apontou que 27% dos empregos automatizados podem deixar de existir conforme IA avançar.
Fernando Holanda, gerente de Relacionamento com o Cliente do Sebrae Mato Grosso, discorda. O especialista enxerga o cenário com positividade e ressalta que nichos de trabalhados serão criados na mesma velocidade que outras áreas forem perdendo força.
“Profissão é uma coisa dinâmica. Tem muita profissão hoje que não existia há 30 anos, tem muita profissão que não existia há 60 anos e isso é natural. Não vejo ela (IA) como causadora de desemprego, mas a possibilidade de uma renovação do modelo de trabalho. Então, pode ser que alguns empregos deixem de existir, mas, com certeza, muitos outros passaram a existir”, avaliou Fernando Holanda à reportagem.
Noemi Almeida seguiu a linha de pensamento do porta-voz do Sebrae. Confiante do poder criativo único que os humanos carregam, ela tem IA como aliada. “É vantajoso que as máquinas trabalhem nas coisas mensuráveis e simples que fazemos, pois aí sobra mais tempo pra fazer o que o ser humano faz de melhor: criar”, opinou a jornalista.
NÃO HÁ COMO FUGIR
Holanda reforça que essas novas tecnologias são um caminho sem volta e que é essencial que os trabalhadores se familiarizem com essas ferramentas, dominando seus recursos para estarem atualizados.
“Elas vão fazer parte do nosso dia a dia, pois nos auxiliam no ganho de produtividade. O que acontece é que por elas trabalharem com plausibilidade e não com veracidade, cabe ao ser humano por trás da máquina fazer as inferências e correções necessárias para que você não acabe produzindo material com fonte de informação falsa”, destacou Fernando Holanda.
IA PARA MICROEMPREENDEDORES
O gerente de relacionamento do Sebrae-MT também ressaltou que os aplicativos de inteligência artificial democratizam o acesso dos microempreendedores aos mecanismos tecnológicos por serem disponibilizados gratuitamente ou exigirem custos baixos.
“Os pequenos negócios são muito carentes de recursos para grandes investimentos e a IA generativa cria oportunidades de criarem seus próprios anúncios, recursos para inovar. Acredito que IA é uma ferramenta com oportunidade para a inovação”, disparou Fernando.
O professor de Inteligência Artificial da UFMT, Thiago Meirelles Ventura, apontou que embora sejam muito proveitosos, os aparatos tecnológicos ainda não são dotados da “sensibilidade humana” e podem criar “travas sociais”, promovendo o preconceito ao serem adotadas, por exemplo, para processos seletivos.
Reprodução/Arquivo pessoal

Thiago Ventura alerta que modelos de IA podem representar ameaças às minorias
“A mesma IA que aumenta nossa segurança prevendo crimes pode também discriminar minorias. Assim como a IA que acelera a produtividade de uma empresa automatizando a contratação de seus colaboradores pode também recusar ótimas pessoas por causa de uma modelagem baseada em dados enviesados”, alertou o cientista da computação.
Ventura aconselhou que ao implementar modelos de IA dentro das organizações, as empresas se preocupem com a qualidade escolhida e utilizem profissionais treinados para não se equivocarem.
“As empresas que querem se destacar precisam montar as suas próprias equipes de especialistas ou investir em um instituto de pesquisa, como a UFMT, para atingir esse objetivo”, falou o educador universitário.
Questionado se os robôs um dia podem superar os humanos, ele é claro: “na verdade, em várias áreas, a IA já supera um especialista humano. Temos exemplos de aplicações na saúde, segurança, meio ambiente e diversas outras áreas”.
Porém, reconheceu que as máquinas são vencidas em outras esferas. “Por outro lado, há atividades que a IA dificilmente superará os humanos, como problemas que demandam criatividade, bom senso e subjetividade. O ponto chave é sabermos conciliar as capacidades que a IA tem a oferecer com os atributos que tornam os humanos únicos”.
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