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Brasil Quinta-feira, 10 de Novembro de 2016, 08:40 - A | A

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Quinta-feira, 10 de Novembro de 2016, 08h:40 - A | A

Irmão e amigos de Elke Maravilha expõem acervo da atriz no Rio

G1

Eternizar a irreverência e o visual marcante de Elke Maravilha. Este é o desejo do irmão e do ex-produtor da atriz, que, juntos, estão abrindo as portas do apartamento, no Leme, Zona Sul do Rio, onde ela viveu os últimos oito anos para realizar o Bazar Maravilha, uma mostra de objetos e peças de roupas que Elke colecionou ao longo dos seus 71 anos de vida. Junto com as peças colocadas à venda — cerca de 30% do acervo total que Elke deixou— eles fizeram uma exposição das peças históricas usadas pela atriz.

 

Káthia Mello/G1

Elke Maravilha

 

Frederico Grunnup, irmão de Elke, e Maurílio Domiciano, o ex-produtor, querem vender parte do acervo com o objetivo de arrecadar fundos para iniciar o projeto do Instituto Elke Maravilha. "Ela nunca quis virar peça de museu. Ela sempre quis caminhar como itinerante. Em vez de contar a história num museu, queremos mostrar numa exposição", explica Frederico.

 

Ele confessa que essa não era a ideia da irmã, mas acredita que ela teria gostado da ideia. "Ela queria fazer um brechó e sempre me dizia para vender tudo, mas acredito eu que ela gostou porque não puxou minha orelha, não veio para a terra", revela com bom humor.      

 

Objetos históricos em destaque

Na apertada sala do apartamento, em uma arara gigante, estão as roupas que ela usou em shows, programas de tv ou mesmo no dia a dia. Na parede oposta, um altar exibe santos, bruxas, cabeças africanas e até um boneco de porcelana de Chacrinha. Frederico conta que 90% das peças ela ganhava. "Ela gostava de chamar de prateleira dos amigos", conta.

 

Nada se perdia na mão de Elke. Ela mesma gostava de produzir seu visual e, principalmente os enfeites.  Estão à mostra os colares que faziam parte do seu visual. "Ela produzia tudo. Gostava de ir na Saara e na 25 de Março comprar as peças e montar. Ela tinha o próprio estilo. Onde ia, levava sua roupa e adereço", explica o irmão.

 

Um das suas principais obras está pendurada em uma das paredes. Um enorme colar de peças, em sua maioria de prata, que ela montou durante 40 anos. Estão lá uma placa que recebeu da avó russa e até a chave de um cemitério da cidade de Colatina, no Espírito Santo.

 

"Ela sempre dizia que estava montando há 40 anos e que ia fazer até o fim da vida. Fez até junho quando nem sabia que estava doente", lembra Frederico.

 

Elke Maravilha dizia não querer virar museu, mas entrar em seu universo é uma viagem no tempo e na história.

 

Amadas por Elke, as botas tem lugar de destaque no acervo. Em um canto da sala, elas chamam a atenção pelas cores e texturas variadas. Muitas foram confeccionadas por Fernando Pinto, carnavalesco que fez história no carnaval carioca na década de 80. As perucas de diferentes estilos, uma marca no visual da atriz, também estão no espaço improvisado da exposição.   

 

Encontros históricos estão nas parades cobertas de fotos e cartazes. Em uma das fotos, ela está participando de um jogo de futebol com Garrincha, de quem ganhou uma camisa no final da partida. Frederico explica que recebe ajuda para catalogar o material. "Tem coisas que não sabemos onde foi, em que época aconteceu. Para isso estamos contando com a ajuda de amigos", explica.

 

O material que faz parte da história e da carreira de Elke Maravilha não está à venda no bazar. Apenas peças como pulseiras, anéis e vestidos mais atuais podem ser comprados. Os preços variam entre R$ 200 e R$ 4 mil, segundo Maurílio, que trabalhou com Elke durante 10 anos. O desejo dele é a criação do Instituto Elke Maravilha, como forma de  preservar a memória de uma mulher viva e atuante.

 

"Queremos parar e organizar  e encontrar patrocinadores para dar início ao projeto da exposição itinerante com os objetos dela. O desejo é uma exposição grande no Rio e em São Paulo e depois passar a fazer itinerante pelos lugares onde ela esteve. Acho que esse era o desejo dela."

 

Maurílio contou ainda que desde o anúncio do bazar e da exposição muita gente tem procurado por eles. "São estudantes de moda, teatro e historiadores procurando para pesquisar o material. Queremos que seja um centro de pesquisa. Elke não era só um figurino. Ela tinha toda uma cultura, uma intectualidade e tem importância para o Brasil", completou.

 

Morte e vida

Elke Maravilha morreu no dia 16 de agosto em um hospital da Zona Sul do Rio, onde estava internada desde o dia 20 de junho.Ela nasceu na Rússia e veio para o Brasil ainda menina. "O Rio é um barato, a beleza. Minas é a minha terra. Eu sou mineira. São Paulo eu acho um luxo, quer dizer, o Brasil inteiro. Eu sou apaixonada por isso e, mesmo se me expulsarem, eu não saio", afirmava.

 

No currículo, colecionava mais do que o título de atriz. Foi modelo, secretária, bibliotecária, bancária, professora e tradutora. Era a cara da polêmica. Foi rainha de Associação de Prostitutas no Rio.

 

Se casou várias vezes, disse que fez aborto. Chegou a ser presa por desacato, durante seis dias, na ditadura militar, depois de rasgar um cartaz de procurado com a foto do filho da estilista Zuzu Angel, para quem desfilava na época. "Trabalhar foi ótimo. Agora, ser amiga de Zuzu foi melhor ainda", disse.

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