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Artigos Quarta-feira, 16 de Julho de 2025, 09:08 - A | A

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Quarta-feira, 16 de Julho de 2025, 09h:08 - A | A

KAROL GARCIA

Saúde Social: a urgência invisível em meio à epidemia de solidão

KAROL GARCIA

A humanidade enfrenta um apagão afetivo. Nunca houve tanto estímulo ao redor e tão pouca presença verdadeira. O excesso de conexão digital esconde um colapso silencioso. Muita gente desaprendeu a se vincular. A habilidade de construir e sustentar laços foi se diluindo quase sem perceber, mas com efeitos devastadores.

Dados da Organização Mundial da Saúde escancaram o sintoma coletivo. O Brasil lidera o ranking global de ansiedade, com cerca de 18,6 milhões de pessoas vivendo com transtornos diagnosticados, reflexo também de relações frágeis, solidão crônica e falta de apoio emocional.

Quando a ansiedade se instala, a comunicação vira ruído, o vínculo pesa, o outro passa a ser visto quase como um fardo.

Não é apenas saúde mental em crise. É saúde social fragilizada, relações adoecidas. Pessoas que convivem no mesmo ambiente, mas habitam universos isolados.

O desgaste aparece nas conversas importantes que nunca acontecem, nos silêncios que deviam ser diálogos, nas dores guardadas para não gerar conflito.

Zygmunt Bauman chamou este tempo de “Modernidade Líquida”. Tudo precisa ser rápido, leve, fácil de descartar, inclusive as relações. O afeto vira conveniência, o vínculo se torna contrato, o cuidado fica por um fio.

Jesus já havia alertado: “Por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.” (Mateus 24:12). Não é um amor que desaparece de uma vez. Vai se perdendo aos poucos, sufocado por distrações e egoísmo.

Esse esvaziamento dos laços alimenta o que estudiosos chamam de epidemia de solidão. As redes sociais não são a única causa, mas servem de combustível.

O uso excessivo fragmenta a atenção, consome energia mental e afasta o desejo de encontros reais. O paradoxo é cruel: nunca houve tanta conexão e tanta solidão.

Pesquisas mostram que ficar online por mais de três horas diárias está ligado à queda na qualidade das interações, menos escuta, mais impulsividade e uma solidão profunda.

Atuando há mais de 25 anos na Comunicação e, nos últimos anos, mergulhada em estudos, pesquisas e práticas do comportamento e das relações humanas, vejo que, não há ativo mais poderoso, para reconstruir o que se perdeu do que uma comunicação feita com intenção, verdade e afeto.

A mesma saúde relacional que sustenta famílias e amizades é a que sustenta equipes, projetos e negócios. Empresas são feitas de pessoas e pessoas carregam suas histórias para o ambiente profissional.

Cuidar das relações não é apenas algo pessoal ou restrito à cultura familiar: deveria ser também parte da cultura organizacional de qualquer corporação.

É estratégia, é prevenção. É o caminho para ambientes menos hostis, times mais criativos e resultados que vão além dos números.

É tempo de reaprender a se relacionar com o outro, com o tempo e com o que realmente importa. Reverter esse desgaste não exige grandes revoluções.

Pede retorno ao essencial: pausas digitais, ambientes sem interrupções, conversas com o coração, pequenos rituais que tragam pertencimento e, principalmente, um olhar de empatia e compaixão uns pelos outros.

Afinal, tudo o que o ser humano precisa para ser mais humano é se sentir acolhido e pertencente, independentemente do espaço geográfico que estão ocupando.

(*) KAROL GARCIA é jornalista, estrategista em Comunicação e Reputação, especialista em Comportamento e Relações Humanas, diretora da KG Inteligência em Comunicação e fundadora da ECOA – Escola de Comunicação e Artes.
@karolgarcia

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