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Artigos Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2014, 07:00 - A | A

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Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2014, 07h:00 - A | A

Programa habitacional: Casa de marimbondo

Os condomínios populares trazem um enorme prejuízo social e econômico ao município; por estarem longe, precisam de redes de luz, esgoto, água, escola, posto de saúde e sistema de transporte

JOÃO EDISOM






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Os programas habitacionais dos governos: federal e estaduais, em consonância com as prefeituras, são verdadeiros apartheid, ou seja são segregações imobiliárias promovida com o dinheiro público, que causam um mal social sem precedente, aumentando os gastos públicos e condenando as cidade as verdadeiras guerras civis.


O antigo BNH criado em 1964 inaugurou os chamados condomínios de “casas iguais”, tanto que muitas vilas levavam seu nome. Este programa foi instinto em 1986 e incorporado a Caixa Econômica Federal ao qual o próprio governo cria os programas de incentivo a casa própria, quase sempre com os estados e as prefeituras, uma vez que praticamente todos tem a tal contrapartida dos entes federados. Até aqui tudo bem.

O problema está no modelo utilizado para a escolha do terreno, localização e arquitetura das casas da maioria destes conjuntos habitacionais populares, quase sempre fora do complexo das cidades, fora da convivência social; isolados em ambientes “ermos” e distantes das relações e diferenças sociais. Em função deste quesito nascem os grupos agressivos, verdadeiros guerreiros de territórios, propagando violência, desordem, agressões físicas de toda ordem e de ambos os lados: bairros versus bairro, classe social versus classe social.

A classe média, subindo ou descendo, mora e é educada dentro dos edifícios com nomes megalomaníacos “tipo assim”: Maison Royali, Galdy, Quim Elizabeth. A alta nos feudos hiper, mega beta, alfa...ville. Os pobres nos tantos jardins das misérias com codinomes fantasias de paraíso, vitória, eldorado, imperador, glória, presidencial. Os mais sofridos levam nomes de santos e santas: Terezinha, Aparecida, Antônio, João e etc.. Me pergunto como uma cidade poderá ser cidade se dentro delas existem várias nações segregadas? Parecem gente de outros planetas ocupando o mesmo espaço e o pior: em guerra permanente.

Os condomínios populares destes programas, além de segregadores, trazem um enorme prejuízo social e econômico ao município; por estarem longe, precisam de redes de luz, esgoto, água, escola, posto de saúde e sistema de transporte. Se fossem integrados ao núcleo da cidade já estariam prontos. Sem falar na educação, das convivências com a cidade em si e com as pessoas.

Em função disto, e de outras coisas, Cuiabá e Várzea Grande juntas não chegam a um milhão de habitantes. Mas as prefeituras juntas administram um território equivalente a aproximadamente cinco milhões de habitantes, com despesas de cinco milhões de habitantes. Para entendermos melhor vamos a uma comparação: a cidade de Frankfurt, na Alemanha, tem cerca de 700 mil habitantes em um território que é um quinto do tamanho de Cuiabá. Já a nossa Cuiabá que tem aproximadamente 600 mil habitantes e um território cinco vezes maior, tem despesas altas e qualidade de vida baixa.

Mas porque no Brasil é assim? Isso se chama interesse dos especuladores imobiliário e políticos para alimentar os bolsos dos exploradores dos bens públicos. Por isso são estes os maiores financiadores de campanhas eleitoras de diversos candidatos, inclusive os presidenciais. Logo o próprio governo impõe regras para que tais condomínios segregados sejam nestes terrenos baldios e abandonados, fora do eixo da cidade.

Um prédio com 13 andares e quatro apartamentos por andar abriga 53 famílias e poderá ficar em local privilegiado e próximo ao centro com escolas, hospitais, rede de luz, água, esgoto, asfalto e próximo de seus trabalhos. Quem deve morar longe do centro são pessoas que têm fartos recursos, seu próprio transporte e com condições de sustentá-los. Sem hipocrisia: gente com poucos recursos deveriam morar em prédios próximos do centro e pessoas com fartos recursos em casas e onde quiserem.

Colocar em uma casa uma pessoa que passa o dia todo no trabalho e não tem condições de pagar um funcionário é letal; vai acumular sujeira, seu filho será criado solto na rua a mercê da própria sorte, seu quintal será verde, pois o mato será preservado, o lixo poderá ir para o quintal, para a rua e para o esgoto. Mas aí vem alguém e dirá que estou falando que pobre é o responsável pela sujeira. Não é isso; as condições dos bairros favorecem a isso, visite-os e verão.

O outro lado da cidade, as dos bem nascidos, criarão filhos cheios de arrogância e prepotência, vendo as demais pessoas com desdém e menosprezo, sem sensibilidade. Por falta de convívio terão problemas. Por isso enterram mendigo vivo, põem fogo em índio, avoam com seus carrões atropelando, matando e torcendo para que a vítima seja “pobre”, pois estes, em suas avaliações, nem são gente; como assistimos todos os dias nos noticiários policiais.

O apartheid, a segregação, esta debaixo de nossos olhos. Só não enxerga quem não quer ver. E o pior: financiado com nosso dinheiro.


*JOÃO EDISOM DE SOUZA é Analista Político, Professor Universitário em Mato Grosso e colaborador de HiperNotícias.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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