A política, que um dia se fez no calor da praça pública e no embate de ideias, hoje agoniza diante da frieza dos dados. A digitalização trouxe alcance e velocidade, mas também entregou a mediação do debate a plataformas que priorizam engajamento, não argumentação.
É nesse cenário que o livro Big Tech: A Ascensão dos Dados e a Morte da Política, de Evgeny Morozov, se torna leitura essencial. Ele denuncia o solucionismo tecnológico, a falsa ideia de que problemas sociais podem ser resolvidos apenas com dados e eficiência. Ao aplicar essa lógica à política, criamos um paradoxo perigoso: o debate democrático é substituído por decisões algorítmicas, rápidas e opacas.
O algoritmo não debate, ele decide. E quando os dados tomam o lugar do diálogo, a democracia perde a voz.
No Brasil, a situação é ainda mais grave. A polarização digital criou bolhas ideológicas alimentadas por sistemas que recompensam a radicalização. A disputa por atenção virou espetáculo. E o ódio, infelizmente, engaja mais do que propostas.
Na lógica das plataformas, o que viraliza não é o que é verdadeiro, mas o que te mantém indignado.
Em minha obra Brasil Digital nas Entrelinhas da Polarização Política, mostro como as redes deixaram de ser ferramentas de expressão e viraram campos de manipulação emocional. A desinformação não é acidente, é estratégia.
A política não pode ser reduzida a cliques e curtidas. Quem governa pela métrica abdica do projeto e abraça o espetáculo.
Precisamos urgentemente recolocar a política no centro. Regular plataformas, sim. Mas, acima de tudo, resgatar o valor do debate público, com divergência, humanidade e responsabilidade.
(*) ALEK MARACAJÁ é analista de dados, publicitária, consultor político associado ao CAMP e diretor nacional da Associação Brasileira dos Agentes Digitais (Abradi).
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