A atriz e professora do maternal e jardim de infância, Leila Diniz, nasceu em Niterói, dia 25 de março de 1945, e faleceu em um acidente aéreo em Nova Délhi, em 14 de junho de 1.972.
Mulher diferenciada para a época em que viveu, irreverente, começou a trabalhar como atriz aos 20 anos, atuando em teatro e telenovelas. Foi protagonista da primeira novela produzida pela rede Globo, denominada “Ilusões Perdidas”, no ano de 1.965. É dela a frase: “Sobre a minha vida, meu modo de viver, não faço o menor segredo. Sou uma moça livre”.
A história da mocidade de Leila Diniz foi de muita censura, quando a repressão dominava o país. Mesmo assim, ela afrontou ao ser a primeira mulher grávida a aparecer de biquini em uma praia, se deixando fotografar por Joel Maia, na Ilha de Paquetá, em matéria veiculada pela Revista Claudia.
Leila tinha pavor de convenções e formalidades, e foi muito criticada pela ala do conservadorismo. Em uma entrevista que ficou extremamente marcada, no famoso jornal “O Pasquim”, e que foi o terceiro mais vendido da história do periódico, ela escandalizou com inúmeros palavrões. O episódio trouxe a censura prévia à imprensa, com o conhecido “Decreto Leila Diniz”. Inclusive, ela era jurada do famoso programa apresentado por Flavio Cavalcanti, em janeiro de 1971. Determinado dia, dois policiais compareceram ao estúdio da extinta TV Tupi para cumprir determinação judicial de prisão contra ela. No momento, o apresentador aconselhou que a artista se dirigisse ao banheiro, quando Leila trocou de vestido com Laudelina Maria Alves, a Nenê, secretária de Flávio. Para ela continuar se escondendo da ditadura, o apresentador disponibilizou o seu sítio no município de Petrópolis. A ordem de prisão foi revogada, com a condição de que ela assinasse um termo de responsabilidade de que não proferiria mais palavrões.
Leila se perfaz em um dos símbolos de liberdade na sociedade brasileira das décadas de 1960 a 1970, por ter tratado de temas tabus com leveza e naturalidade. O samba embalado por Doris Monteiro, denominado “Garota do Pasquim”, em homenagem ela, dizia em um trecho: “Da bossa nova, ela já foi tema/ Na Banda de Ipanema toca tamborim/ Entrou para o folclore/ Tira nota dez no Zepellin”.
Taiguara compôs para ela a canção “Memória livre de Leila”: “Essa menina livre que Deus chamou/ Essa mulher de sol que se deu e amou/ Essa viola amiga que harmonizou guerra e liberdade/ Essa bruxa solta pela cidade/ Não vai partir, não vai morrer.”
Milton Nascimento em parceira com Nei Lopes, musicou a atriz: “Ai que saudade da beleza democrática/ Ai que saudade do sorriso progressista/ Ai que saudade de ouvir certas verdades/ Que a burguesia sempre pensa e não diz/ Ela era crooner de uma orquestra sistemática/ Feita de loucos de poetas e porristas/ Era a estátua nacional da liberdade/ Ditando a lei do ventre livre no país.”
O bloco de carnaval carioca “Alegria de Copacabana”, a trouxe no enredo: “A praia o sol o mar/ Tudo isso amou/ O samba e Janaína/ A sua amada menina/ No palco, no cinema, na TV/ A linda morena/ Todos gostam de ver.”
Carlos Drummond de Andrade foi preciso: “Sem discurso nem requerimento, Leila Diniz soltou as mulheres de vinte anos presas ao tronco de uma especial escravidão.”
No refrão de “Todas as Mulheres do Mundo”, Rita Lee, lindamente, fez menção a ela: “Toda mulher é meio Leila Diniz”.
(*) ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT, do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso – IHGMT -, membra da Academia Mato-Grossense de Direito – AMD - Cadeira nº 29.
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.