Terça-feira, 27 de Maio de 2025
facebook001.png instagram001.png twitter001.png youtube001.png whatsapp001.png
dolar R$ 5,66
euro R$ 6,44
libra R$ 6,44

00:00:00

image
facebook001.png instagram001.png twitter001.png youtube001.png whatsapp001.png

00:00:00

image
dolar R$ 5,66
euro R$ 6,44
libra R$ 6,44

Artigos Segunda-feira, 10 de Junho de 2013, 10:04 - A | A

facebook instagram twitter youtube whatsapp

Segunda-feira, 10 de Junho de 2013, 10h:04 - A | A

Indígenas e Quilombolas na Região do Guaporé

É inegável a afirmativa que no Brasil existia cerca de 4,5 milhões de indígenas quando da chegada dos europeus. É inegável também que os portugueses vendo a população tradicional vivendo ao seu modo, logo cuidaram de inserir regras de convivência ...

GILMAR MALDONADO ROMAN

Facebook


É inegável a afirmativa que no Brasil existia cerca de 4,5 milhões de indígenas quando da chegada dos europeus. É inegável também que os portugueses vendo a população tradicional vivendo ao seu modo, logo cuidaram de inserir regras de convivência e a atribuição do ensino religioso assim como a língua lusitana para garantir uma amizade mais profícua entre os povos nativos e europeus.

É inegável também que, na medida em que a colonização se expandia interior afora, também fazia necessária a mão de obra para trabalhar nas lavouras, extração de minérios e outros afazeres tão diferentes dos padrões laborais do velho continente.

Primeiramente para isso a metrópole como diziam naquela época, alicerçou-se na mão de obra escrava vinda de diversas regiões de África, através de navios comerciais que estando na Europa em retorno para a colônia eram carregados de pessoas de ambos os sexos que eram apresentadas e vendidas em cidades portuárias como Recife, Olinda, Salvador, Rio de Janeiro, São Vicente etc. Depois seguiam para o interior, muitas vezes há muitas léguas do local de desembarque.

Mais tarde as Entradas e Bandeiras para os sertões longínquos do litoral, devido ao preço elevado de escravos africanos que aqui desembarcavam, passaram a prear índios amistosos primeiramente os contatados pelos jesuítas espanhóis, depois alguns grupos hostis aos brancos e os levarem para a região de São Paulo onde eram submetidos ao trabalho rural. Essa modalidade não teve êxito pelo fato de os silvícolas sempre viverem da caça e da coleta, não se adequarem aos trabalhos exigidos pelos seus senhores. Porém o escravo africano continuou a servir aos trabalhos mais penosos em toda colônia.

No Mato Grosso não foi diferente do restante da Colônia e com a descoberta do ouro em Cuiabá e depois Vila Bela da SS. Trindade travou-se uma luta de interesses muito grandes entre as coroas espanhola e portuguesa por essas regiões. A necessidade de povoação foi imensa, a luta para esse fim foi intensa e a criação da Capitania de Mato Grosso imprescindível, o que fora devidamente executado pela corte portuguesa. Criada a capitania legaram sua capital a margem esquerda do Guaporé onde até hoje se encontra, fundada pelo primeiro Capitão General  Dom Antonio Rolim de Moura Tavares, em 1752.

A presença do estado e de pessoas somadas ao interesse na exploração do ouro na capitania, não demorou em criar e estabelecer todos os meios para dar suporte aos seus empreendimentos. Assim, muitos escravos foram trazidos de outras regiões da colônia e mesmo direto de África, para trabalharem nas então denominadas minas do Cuiabá e do Mato Grosso.

É nesse ponto que quero chegar, para esclarecer os caros leitores, sobre as antigas reduções formadas por negros foragidos da escravidão denominadas quilombos. Os quilombos eram pequenas povoações formadas por escravos que fugiam do trabalho e maus tratos dos seus senhores, onde passavam a viver da caça, da pesca, coleta e pequenas roças, das quais tiravam seu sustento e teciam suas parcas roupas para vestirem. Em algumas reduções chegaram a viver centenas de pessoas, mas a grande maioria era de poucos viventes, como no caso os de Mato Grosso, especialmente o da região do Guaporé.

Afirma a historiografia de Mato Grosso, a existência no passado de um quilombo na região do Guaporé por nome Quilombo do Piolho ou Quariterê. Esse quilombo fora atacado por forças públicas em 1770 e com isso destruído, havendo no momento morrido algumas pessoas que lá viviam e as demais levadas para Vila Bela e entregues aos seus proprietários.

A partir desse acontecimento não se tem mais nenhum relato da existência de quilombos na região do Guaporé. Por volta de 1821 começa a transferência da capital para Cuiabá, que consolida somente em 1835, tornando Vila Bela quase totalmente despovoada, lá permanecendo somente uma diminuta população composta por negros forros, idosos e os que não serviam mais para o trabalho, que continuaram ali residindo sem nenhum vínculo escravagista ou de submissão.

Dessa forma se explica que a população de Vila Bela não é quilombola, tendo em vista nunca terem vivido em quilombos, mas sim numa cidade que por motivo de transferência da capital para Cuiabá, ficou decadente, porém ligada a estrutura administrativa de Mato Grosso, conforme padrões urbanísticos adotados àquela época em terras do novo mundo.
O dicionário Aurélio nos informa que “quilombola refere-se ao escravo ou escrava, refugiados em quilombos”. No entanto, quilombola significa morador de quilombos que mesmo após a abolição da escravatura em 1888, continuou vivendo naquele espaço, em condições de isolamento com outros povos, praticando suas atividades laborais, econômicas, culturais e religiosas de modo peculiar à sua sociedade.

Este artigo tem a finalidade externar minha perplexidade com o INCRA e outras instituições governamentais, no que tange a contratar uma empresa para investigar vestígios antropológicos de quilombolas em Vila Bela da SS. Trindade e ainda de imediato permitir transparecer que cerca de 45.000 hectares de terras produtivas há mais de um século no município se tornem objeto de “demarcação para assentamento de quilombolas” para pessoas que nunca pertenceram ou foram remanescentes de quilombos.

Ora, se o Quilombo do Quariterê foi extinto em 1770 em pleno período do Brasil Colônia, fica claro que a população remanescente de Vila Bela, não é de quilombolas e sim Vilabelenses. Portanto não há necessidade de nenhum estudo para comprovar isso.

Quanto aos indígenas tenho o maior respeito e consideração sobre seus costumes e sou totalmente favorável que esses povos tenham suas reservas delimitadas e devidamente cuidadas e atendidas pelo governo, porém onde de fato há índios.

Digo isso porque na região do Guaporé próxima fronteira do Brasil com a República da Bolívia, há ainda um trabalho de levantamento para demarcação de terras indígenas por parte da FUNAI em consórcio com o INCRA, com o nome de Parque Indígena Chiquitanos que ocupará uma área de 43.000 hectares de terras totalmente produtivas, ocupadas por produtores rurais há mais de um século, onde não reside um só indígena, dentro dos limites dos municípios de Pontes e Lacerda, Vila Bela da SS. Trindade e Porto Esperidião.

Essas ações são elaboradas por órgãos governamentais, instigados por organizações não governamentais alheias a realidade regional do Guaporé, sem fundamentação histórica ou documental que apontem itens convincentes para tais demarcações.

Caso sejam efetivadas essas demarcações, sem nenhum aporte histórico, social ou cultural, centenas de proprietários rurais da região mais produtora de bovinos de corte, segunda maior em produção de látex e uma das promissoras produtoras de grãos do estado, estarão fadados à decadência e quiçá à miséria como os do Suiá-Missu. Os municípios terão suas economias estagnadas e seus desenvolvimentos comprometidos, que levarão a sérios e incalculáveis prejuízos para região e para o estado de Mato Grosso.

É preciso que as autoridades brasileiras sejam mais zelosas sobre o que pertence ao povo, por que o que é do povo também é da nação, ou seja, é da união e um equívoco cometido por medidas incautas e sem fundamentações poderá sem dúvida resultar em desmedidos desastres para grande parte a sociedade.

(*) GILMAR MALDONADO ROMAN: é contador e historiador em Pontes e Lacerda-MT e escreve para HiperNotícias. E-mail: [email protected]

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.

Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.

Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM  e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.

Álbum de fotos

Facebook

Facebook

Comente esta notícia

antão abad 07/11/2013

Tem gente que faz uma faculdade, acha que sabe tudo,voce só sabe do Quilombo de Bemguela, pelo que vejo muinto pouco, resumindo, á ultima expulsão dos quilombos se deu em 1973 a´1979, em 1973 na maior comunidade, do vale do guaporé,com mais de quarenta familias e uma Ecola Municipal onde estudava mais de vinte alunos, 40km de vila Bela mt ( Porto Calvario), em 1978 e 1979, na Comunidade, (Corlos Augusto, Barranco Alto e José Francisco. Remanescentes é Descendencia de um Povo, como estariamos vivendo nas areas denominada, se fomos expulso,como voce diz a Cápital mudou,os velhos os doentes e as crianças negras ficaram, eles pasaram a cultivas as terras, por mais de 200 anos, eles não tem Direito!

positivo
0
negativo
0

1 comentários

Algo errado nesta matéria ?

Use este espaço apenas para a comunicação de erros