Mayke Toscano/Hipernoticias |
As modernas arenas são sofisticadas plataformas midiáticas destinadas a expor ao mundo um país, uma cidade ou região através de eventos múltiplos de interesse nacional ou internacional, fazendo o marketing de seus diversos produtos em todas as áreas. O retorno de seu investimento envolve uma substancial parcela não contabilizável, distribuída direta e indiretamente nos mais diversos setores da sociedade. A Arena Pantanal, o maior equipamento urbano construído em Mato Grosso, fora o complexo Termelétrica/Gasoduto, deve ser tratada como um instrumento de política de desenvolvimento regional, bancada e controlada pelo estado. Este raciocínio, exposto em mais detalhe no artigo anterior traz muitas questões e desafios. Vamos às principais.
A primeira preocupação é com a ideia de redução no número de assentos da Arena após o evento da Copa 2014, aventada desde seus primeiros projetos visando à diminuição dos seus custos de manutenção no período pós-Copa, um raciocínio equivocado inconciliável com a grandeza de visão daqueles que viram na Copa a oportunidade para um salto qualitativo no desenvolvimento de Mato Grosso. Além de uma dimensão mínima adequada à viabilização de grandes eventos, os custos das novas arenas estão na sofisticação de suas redes de processamento de dados e comunicação, nas estruturas para a imprensa e serviços de segurança, bem como na qualidade de seus ambientes arquitetônicos, capazes de receber desde o espectador individual até chefes de estado.
E é justamente todo esse refinamento tecno-arquitetônico que faz das novas arenas uma inovação contemporânea, e que fará da Arena Pantanal uma das 12 plataformas de divulgação do Brasil, maravilhas globais que estão sendo implantadas no país. A redução de 42 mil para cerca de 30 mil assentos, em nada ou quase nada reduziria seus custos, a não ser que viesse acompanhada de um desmanche geral de seus sistemas operacionais. Nesse caso estaríamos inviabilizando totalmente o privilégio de ter nossa arena, retornado à visão menor do antigo estádio de futebol, que, aí sim ficará muito caro, após ter sido construído com os custos de uma arena multifuncional midiática.
Uma vez tomada a acertada decisão de disputar uma das sedes da Copa e bancar seus investimentos preparatórios, a solução pós-Copa é trabalhar os seus legados visando extrair deles o máximo de benefícios. No caso da Arena Pantanal, é evidente que será preciso montar uma estrutura especializada para sua gestão, talvez até em conjunto com o Ginásio Aecim Tocantins. Não se pode pensar diferente um complexo para eventos de grande porte que, com o Ginásio, envolve investimentos superiores a R$ 1,0 bilhão. Sua estrutura de gestão deve estar capacitada para criar e viabilizar eventos internacionais tendo como pano de fundo o Pantanal, o Centro da América do Sul, o celeiro mundial que é Mato Grosso, bem como correr o Brasil e o mundo disputando com as outras arenas a agenda internacional de shows e eventos diversos, trabalhando com um ano ou dois de antecedência.
Porém, que nisso tudo o futebol também seja prioridade na Arena pantaneira. Entendo que a FIFA, com a CBF e a CONMEBOL, tem um dever moral para com as arenas que estão sendo construídas com maiores sacrifícios e riscos, que confiaram de imediato no projeto da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, como é o caso de Cuiabá. A Arena Pantanal, assim como a das Dunas e da Amazônia, no mínimo devem ser pensadas como campos preferenciais da seleção brasileira. Mas que o futebol local também tenha sua vez, afinal foi ele que deu de entrada o seu templo sagrado, o antigo Verdão, num sacrifício à vista, irrevogável. Só que este assunto é desafio para outro artigo.
(*) JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS, arquiteto e urbanista, é professor universitário e colaborador de HiperNoticias.
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