Por muito tempo, o som metálico das moedas e o carimbo do caixa representaram o cotidiano financeiro dos brasileiros. Era preciso enfrentar filas, assinar papéis e esperar dias por uma simples transação. Hoje, basta um toque na tela do celular.
Essa transformação rápida e eficiente tem nome: fintechs.
Startups que unem tecnologia e serviços financeiros estão redesenhando o sistema bancário brasileiro e democratizando o acesso ao dinheiro.
O que antes exigia tempo, paciência e burocracia agora cabe no bolso, em forma de aplicativo. Mais do que conveniência, trata-se de uma revolução social: pessoas que antes estavam à margem agora fazem parte do sistema financeiro, com autonomia e dignidade.
Inclusão Financeira: o Sonho da Conta Bancária
Durante décadas, milhões de brasileiros viveram à margem do sistema financeiro. Pessoas negativadas, com renda baixa ou informal, não conseguiam abrir conta em banco ou eram obrigadas a pagar tarifas caras em pacotes de serviços que pouco usavam.
Para muitos, o simples desejo de ter uma conta para receber créditos, transferir valores ou pagar contas era um sonho distante.
As fintechs mudaram esse cenário. Com contas digitais gratuitas, cartões sem anuidade e transferências instantâneas, abriram as portas para quem sempre esteve excluído.
Hoje, qualquer pessoa com um celular consegue movimentar seu dinheiro, pagar boletos, receber transferências e até acessar crédito, sem burocracia e sem tarifas abusivas.
Essa revolução não é apenas tecnológica, é social. Proporcionou dignidade financeira a um contingente expressivo de brasileiros que antes eram invisíveis para o sistema bancário tradicional.
O Surgimento e a Força das Fintechs no Brasil
As fintechs — termo que vem de financial technology — nasceram da união entre tecnologia e serviços financeiros, com a proposta de simplificar o que antes era burocrático e inacessível.
Com operações ágeis, custos reduzidos e soluções personalizadas, essas empresas transformaram a maneira como o brasileiro se relaciona com o dinheiro.
O Brasil tornou-se um dos maiores polos de fintechs do mundo, abrigando desde pequenos empreendedores digitais até grandes plataformas que hoje disputam espaço com bancos tradicionais.
O que começou como um movimento de inovação tecnológica se consolidou como uma força econômica e social, capaz de incluir uma parcela significativa da população e impulsionar a competitividade no setor financeiro.
Democratização dos Investimentos
O mercado financeiro, antes restrito a quem tinha alto poder aquisitivo, tornou-se mais acessível. Plataformas como XP, Rico e
ModalMais aproximaram o pequeno investidor da Bolsa de Valores e dos fundos de investimento, reduzindo custos e oferecendo conteúdo educativo.
Esse movimento impulsionou também a educação financeira, permitindo que trabalhadores e empreendedores passassem a compreender melhor seus recursos e a planejar o futuro com mais autonomia.
Pagamentos e Transferências
Aplicativos como PicPay, Mercado Pago e o PIX revolucionaram a forma de pagar e transferir valores no Brasil. Rapidez, baixo custo e praticidade tornaram-se o novo padrão, beneficiando consumidores e pequenos empreendedores.
O PIX, criado pelo Banco Central, foi um divisor de águas: em poucos anos, substituiu boa parte das transações em dinheiro e cartões, fortalecendo a economia digital e dando poder real ao usuário.
Desafios do Setor
Apesar do sucesso, o avanço das fintechs impõe novos desafios. A regulação precisa equilibrar inovação e segurança, por meio de iniciativas como o Open Banking e o Sandbox Regulatório.
Outro ponto crucial é a proteção de dados, essencial para manter a confiança dos usuários. Além disso, o acesso fácil ao crédito não garante o uso consciente: a educação financeira ainda é um obstáculo a ser vencido para que a inclusão se transforme em autonomia real.
Benefícios para os Consumidores
O impacto para os usuários é inegável: menores custos e fim das tarifas abusivas; serviços personalizados, com uso de inteligência artificial; acesso digital imediato, sem filas, papéis ou deslocamentos.
Mais do que modernizar o sistema, transformaram rotinas e horizontes, tornando o dinheiro compreensível, acessível e útil.
O cliente deixou de ser refém das regras bancárias tradicionais e passou a escolher, comparar e decidir com liberdade.
Ao derrubar muros e construir pontes digitais, as fintechs aproximaram milhões de brasileiros da economia formal, dando voz, instrumentos e poder de escolha a quem antes era invisível.
Inclusão não é apenas entrar: é permanecer com autonomia, aprender com educação financeira e prosperar com dignidade.
No fim, a verdadeira revolução é esta: quando a tecnologia entrega às pessoas a chance real de planejar a própria vida financeira conforme suas condições e limitações, fazendo escolhas responsáveis e sustentáveis para o futuro.
(*) ANDREA MARIA ZATTAR é advogada trabalhista, membro da Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica – ABMCJ; membro efetivo da Comissão de Direito do Trabalho da OAB/MT e ativista em causas sociais.
(*) ANGÉLICA ANAI ÂNGULO é presidente da Comissão Nacional de Direito Bancário da ABA, vice-presidente Presidente da Comissão Nacional de Direito do Consumidor da ABA, conselheira do CONDECON-MT e associada da ABMCJ.
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