Autismo I – Compreensão e Inclusão

Marcos Lopes

Marcos Lopes

Este domingo, dia 2 de abril, é marcado por ser o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Note que não é uma data em homenagem ao autista (como ocorre, por exemplo, com o índio, a árvore, Tiradentes, etc). É um dia dedicado à necessidade de que todas as pessoas criem a consciência do que se trata o transtorno do espectro autista (TEA).

A primeira curiosidade é que, dada a importância da necessidade da conscientização do espectro autista, um dia aumentou para um mês inteiro, o chamado Abril Azul. A ampliação tem sua justificativa. Ano após ano pesquisas especializadas mostram que o transtorno do espectro autista (TEA) acomete um número cada vez maior de pessoas. A última pesquisa divulgada recentemente pelo instituto CDC (Center of Deseases Control and Prevention - aqui) nos Estados Unidos, mostra que 1 a cada 36 crianças até oito anos está no espectro autista. Isso é um aumento de 22% da pesquisa realizada em 2021, quando se apontou que 1 a cada 44 pessoas estava no espectro autista.

Estas pessoas não surgiram agora, de um dia para outro. Elas já estão por aí, contudo, não são reconhecidas como indivíduos inseridos no espectro, e por isso são cotidianamente discriminadas. Então, descobrir que o número de pessoas atípicas é muito maior do que pensávamos mostra que a necessidade de compreensão e inclusão deve ser muito maior.

Primeira, e a mais básica lição: AUTISMO NÃO É DOENÇA! Pensando muito genericamente, os autistas normalmente têm uma alteração neurológica, com causa genética. Essa condição especial (uma atipicidade) muitas vezes afeta os sentidos, provocando alta sensibilidade ao tato, ao som, ao cheiro, etc. E como todo o ser humano, eles também criam mecanismos de defesa proporcionais à lesão que estão suportando. Imagina uma pessoa comum (típica) estar em uma sala minúscula com toda filarmônica de Berlim tocando seus instrumentos na sua capacidade máxima. É óbvio que esta pessoa vai tomar as mais drásticas atitudes para o som cessar, ou para sair da sala. Uma pessoa atípica sensível ao som, por exemplo, qualquer batida de prego, ou barulho de furadeira equivale a uma filarmônica de Berlim dentro de uma sala minúscula.  Então entender isso também é fundamental: o normal é relativo, ou seja, para o autista pode ser algo extremamente agressivo, e sua atitude geralmente é proporcional à lesão que está suportando.

Outra característica muito comum nos autistas é a dificuldade de sociabilizar. Isso se agrava pela sua dificuldade de comunicação, algo que também é muito comum. Por isso, ao perceber que uma pessoa está se isolando deliberadamente, é extremamente importante compreender que isso pode ser um sinal do espectro autista, mesmo que não exista nenhuma outra evidência aparente. Eis aqui a importante atuação das pessoas em fomentar formas de inclusão do indivíduo.

Poderia continuar citando inúmeros outros sinais das pessoas com TEA. Diversas formas de estereotipia, dificuldade de compreender as entrelinhas, ou mesmo de cumprir tarefas simultaneamente, são alguns deles. Contudo, nada substitui o esforço de cada um nós para compreender o que é o autismo, evitar sua discriminação, e buscar a efetiva inclusão dessas pessoas.

Como um pai atípico me sinto extremamente privilegiado em estar mergulhado nesse universo. E por isso, durante o mês Abril Azul vou compartilhar com todos algumas informações e pensamentos sobre o tema. Um grande abraço a todos e todas!

Luciano Pinto – pai do Nicolas.([email protected])

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