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Artigos Sexta-feira, 14 de Maio de 2021, 08:29 - A | A

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Sexta-feira, 14 de Maio de 2021, 08h:29 - A | A

NEILA BARRETO

As 3 Graças restauradas: presente para Cuiabá

NEILA BARRETO

ARQUIVO PESSOAL

NEILA BARRETO

 

Cuiabá em seus 302 anos recebe de presente a estátua das 3 Graças, das mãos da prefeitura da Capital. É um monumento localizada na rua Coronel Escolástico, no bairro Areão, em Cuiabá-MT, em frente da igreja São Judas Tadeu. Ela foi retirada do local por ocasião das obras da Copa do Mundo, na capital. Ficou sob a guarda da Secretaria Municipal de Cultura, do município.

Restaurada na gestão de Alberto Machado, o “Beto dois a um”, foi colocada em frente à Rodoviária “Eng. Cássio Veiga de Sá”, no bairro Alvorada. Com o passar do tempo foi danificada e, com a construção da nova passarela no local foi, novamente, recolhida pela prefeitura de Cuiabá e, restaurada na gestão de Iracilda Dantas, ex secretária municipal de turismo de Cuiabá. Encontra-se no local de origem, pronta para ser inaugurada. A população agradece.

A arte de Léu Pincel, com o monumento “Três Graças” homenageia a mulher cuiabana de 3 gerações, na pessoa da senhora Nhalu, da professora Zulmira Canavarros e da professora Guilhermina de Figueiredo. Era a organista mor da catedral metropolitana, presente do movimento Muxirum Cuiabano, à capital.

Ulisses Calhao em depoimento ao jornalista Evaldo de Barros, em páginas do Diário de Cuiabá, informou que as 3 Graças foi uma bela sugestão da saudosa professora Dunga Rodrigues ao Muxirum Cuiabano. A escultura é de autoria do artista goiano Leonardo Henrique de Campos, mais conhecido como Léo Pincel. As 3 Graças são: Luíza de Figueiredo Calhao, Guilhermina de Figueiredo e Zulmira Canavarros.

Luiza de Figueiredo Calhao, jornalista, nascida em Cuiabá em julho de 1866, carinhosamente chamada de “Nhalu”. Filha de Constantino de Figueiredo e D. Ignez Maria Paes de Faria de Figueiredo. Casou-se com o Major Emílio do Espirito Santo Rodrigues Calhao em 15 de agosto de 1881, filho de Joaquim José Rodrigues Calhao, falecido em Cuiabá a 14 de junho de 1885, depois de ter contribuído para o seu desenvolvimento cultural. Redator do jornal O Liberal e fundador do jornal A Província de Mato Grosso, que Emílio Calhau, seu filho simplificou para O Mato Grosso, casado com Umbelina Carolina de Jesus Barreto Rodrigues, em 1857, irmã do Pe. Ernesto Camillo Barreto, de Cachoeira, Salvador-Bahia.

Nhalu ao entrar na família, aprendeu a arte de escrever e tornou-se uma promissora jornalista. Um dos trabalhos dela era incentivar a dinamicidade do “Jornal A Voz do Norte”, um jornal noticioso, independente e literário. Dona Nhalu residia em frente do esquadrão da cavalaria do governo que cederia, mais tarde, lugar à residência dos governadores. A sua casa era senhoril, tendo a sala de visitas três janelas com sacadas em colunas de cimento, conforme o costume do começo do século (XIX). Era bem mobiliada, tendo no centro um conjunto de estofado em forma sextavada que permitia a manutenção, em seu interior, de um arbusto plantado em uma lata grande com terra.

Outra Graça é Zulmira Canavarros (1895-1961) foi a primeira mulher em Mato Grosso a fundar um clube de futebol. Trata-se do Mixto Esporte Clube fundado a 20 de maio de 1934. Professora, compositora, pianista e dramaturga. Foi, também, uma intensa ativista cultural e social, além de uma intensa empreendedora.

Nascida a 14 de novembro de 1895, em Cuiabá como Zulmira d’Andrade Canavarros. Considerada uma mulher de vanguarda e disciplinada, bem como, um gênio musical em Mato Grosso, da primeira metade do século XX. Foi pianista, compositora e arranjadora de talento. Possuía a genialidade, espontaneidade, criatividade e versatilidade para musicar versos, comédias, e teatro de revistas. Por volta de 1925, Zulmira Canavarros e Franklin Cassiano montaram várias peças teatrais em Cuiabá.

O Clube Esportivo Feminino foi fundado em 1928 pela professora Zulmira Canavarros, que liderando um grupo de moças cuiabanas criou um clube para recreação, esporte e cultura, à época numa sociedade patriarcal e excludente. O Clube Feminino foi um sucesso e se tornou um polo de cultura e esporte da elite cuiabana. E os esportes começaram a ser jogados de forma mista, por mulheres e homens, o que motiva a criação, em 1934, do Mixto Esporte Clube, que tinha disputas de vôlei e basquete.

Após a fundação do Mixto ambos se separaram em suas trajetórias, se tornando o Mixto um clube centrado no lazer esportivo, e o Clube Feminino no lazer cultural. O Clube Feminino possui sua sede na Rua Barão de Melgaço esquina com a rua Campo Grande, próximo à antiga sede do Mixto, num casarão tombado pelo Patrimônio Histórico de MT, necessitando de um olhar cuidador.

O neto de Zulmira, Gilberto Nasser, conta que a avó era uma professora muito dedicada com os alunos. Ele relembra que os alunos reclamavam do tamanho do livro que teriam que ler e ela ajudava fazendo um resumo com papel-manteiga. “Ela lia o livro e fazia um resumo no papel-manteiga. Ela pegava na papelaria os que sobravam e confeccionava o livro”, contou.

Zulmira Canavarros empresta o seu nome a logradouro público em Cuiabá, cuja rua passa em frente ao IFMT – Instituto Federal de Mato Grosso, antes Escola Técnica Federal de Mato Grosso – ETF, ao Teatro do Cerrado Zulmira Canavarros, na Avenida André Maggi, localizado na Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, no Centro Político Administrativo, inaugurado em dezembro de 2014. Era casada com Danglars Canavarros.

Já, Guilhermina de Figueiredo nasceu em Cuiabá, Mato Grosso, na Rua 13 de Junho, no dia 05 de junho de 1911, filha de João Lourenço de Figueiredo e de Dona Francisca Izabel de Figueiredo. Faleceu no dia 04 de julho de 1981, nesta Capital, conforme informações do professor Ernani Calhao.

Cursou o 1º Grau na Escola estadual Barão de Melgaço e o 2º Grau na Escola Estadual Liceu Cuiabano, onde concluiu o Curso Normal, atual Liceu Cuiabano, “Maria de Arruda Muller”. Segundo seu irmão o professor Benedito de Figueiredo, já falecido, era autodidata e como tal aprendeu outras profissões, como por exemplo, música e para aperfeiçoamento fez curso de piano, no Estado da Guanabara, hoje Rio de Janeiro.

Tem dois livros editados, um o “ABC da Literatura” e “Lampejos da Alma”, colaborou com a revista “A Violeta”, ajudou a criar a Fundação Pio XII.

Professora nomeada por ato interventorial nº. 146, de 27 de março de 1937, para reger a cadeira de Linga Portuguesa na Escola Normal “Pedro Celestino”, nesta Capital durante o impedimento efetivo, com posse a 19 de abril seguinte e classificada por Decreto interventorial nº. 55.760, de 19 de março de 1943 na cadeira de Português, do então Colégio Cuiabano.

Nomeada por ato interventorial de 11 de abril de 1946, para exercer interinamente o cargo de professora Padrão “J” da cadeira de Português, da Escola Técnica de Comércio de Cuiabá, tendo assumido o cargo a 15 do mesmo mês. Classificada por Decreto nº. 262, de 10 de outubro de 1946, no padrão “K” de acordo com o Decreto Lei nº. 769, de 1º de julho de 1946, como professora da Escola Técnica de Comércio. Efetivada por Ato Governamental, de 12 de fevereiro de 1948, de acordo com o Artigo 27, do Ato das disposições constitucionais transitórias da Constituição do Estado, no cargo de professora Padrão “N”, na Escola Técnica de Cuiabá, inclusive acumulando por diversas vezes, a mesma função, informou Calhao.

Classificada no padrão “O” automaticamente a partir de 01 de janeiro de 1953, em face do Artigo 03 da Lei nº. 507, de 27 de outubro de 1952. Serviu também, a Secretaria de Educação, Cultura e Saúde, na biblioteca e arquivo público do Estado.
Segundo Luiz Phellipe Pereira Leite, Guilhermina de Figueiredo pertenceu à geração mais moderna. Grande professora de português. Ensinava piano e a arte de declamação. Escrevia e falava com muita elegância e descendia de família ilustre, na qual se destacaram, como mestre da língua pátria, os professores Antônio Cesário de Figueiredo Neto e Benedito de Figueiredo, este último remanescente dos filhos de João Lourenço de Figueiredo e sua esposa Dona Francisca Isabel de Figueiredo.

Vestia-se com elegância e, durante muito tempo, a organista-mor da catedral metropolitana, mantendo a linha das cuiabanas grandes maestras do órgão, como Giorgia Armindo, falecida quase centenária, Azélia Mamoré de Mello, e a conhecida Poná.
Na gestão do Prefeito Anildo de Lima Barros, pelos relevantes serviços prestados à comunidade cuiabana, foi homenageada cedendo seu nome a esta Unidade de Ensino, explicitou Ernani Calhao.

De igual, a mesma secretária municipal de turismo – Iracilda Dantas recolheu o “cofre” antigo instalado no Museu do Rio Hid Alfred Scaff, no bairro do Porto para restauro. Restaurado, o mesmo se encontra ainda em poder do restaurador e necessita ser devolvido para o local de origem pela Prefeitura de Cuiabá, por meio da secretaria municipal de turismo. A população aguarda.

Cuiabá agradece o presente e aos gestores públicos que se empenharam no restauro da obra e, em especial a gestão municipal.

 

 (*) NEILA BARRETO é Jornalista. Mestre em História. Membro da AML e atual presidente do IHGMT.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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