O despertador toca. Já está na hora de ter um relacionamento, casar e ter filhos. Para a sociedade, Bria* está atrasada. Enquanto, ela está em dúvida se cede à pressão social ou se aperta o botão soneca e só levanta quando se sentir pronta.
Sim, somos seres sociais. Igualmente, existe a passagem dos dias, meses e anos; os momentos biológicos: a puberdade, a descoberta do sexo, a menopausa; os julgamentos dos outros. No entanto, não existe relógio que desperta para quando é o momento para mudar o status de vida, amizade, casamento ou um diploma. Aquelas situações estão fora do nosso controle, ao passo que essas podemos decidir quando alcançá-las ou mudá-las.
Acontece que há ainda aquele(a) que, por medo inexorável de ficar sozinho(a) ou da rejeição da sociedade (parentes, “amigos”, “irmãos”), se ilude e se esconde atrás de um relacionamento que se sente deslocado(a) e se contenta com a primeira pessoa que encontra ou alguém que pareça menos pior ou ainda se submete a uma relação não saudável para atender a uma expectativa social.
Importante mencionar, que o fato de não estar satisfeito(a) por um motivo ou outro numa relação de amor ou de amizade não quer dizer que a outra pessoa seja obrigada a servir a todas as exigências que considera ideais. Estamos tratando de uma relação de igualdade, e não de reis e súditos. Afinal, todos ainda somos imperfeitos. Mas também, somos únicos, com defeitos e qualidades.
Na visão sistêmica, a sensação de solidão, o perfeccionismo e a pressão social, dentre outras hipóteses, podem ser atribuídas às feridas da rejeição, injustiça, traição, abandono, medo
Na visão sistêmica, a sensação de solidão, o perfeccionismo e a pressão social, dentre outras hipóteses, podem ser atribuídas às feridas da rejeição, injustiça, traição, abandono, medo ou às projeções que os pais colocaram sobre o(a) filho(a) na infância ou à autodesvalorização herdada da avó ou bisavô, fazendo aos que as têm quando adultos terem traços comportamentais de baixa autoestima.
Por consequência, esses têm dificuldades de reconhecer o que os pais têm para dar, ainda que seja a vida (que já é um tanto), de aceitar os próprios fracassos ou sucessos; de admitir erros; de dar ou receber elogios, presentes; de pensar em si; acreditam que não merecem amor ou amizade sincera tampouco dar valor às próprias escolhas, pois não se respeitam e entendem que o que o outro pensa sobre si é o mais importante. Por isso, colocam máscaras e perdem o contato com a autenticidade.
Para Hellinger, uma relação de equilíbrio é uma troca saudável entre o dar e o receber, e não dar muito e receber migalhas. Dessa forma, para ter uma relação equilibrada de amizade e de casal, é essencial sanar o relacionamento com os pais, ser menos exigente com eles, ser grato(a) pela vida que eles lhe deram, abrir mão do controle sobre algo que não tem e valorizar quem realmente é. Isso facilita a prestar mais atenção nos sinais que o coração nos direciona. Além disso, colabora a entender o que é bom para si e para o crescimento da amizade e do casal.
Bria*, a escolha de apertar o botão soneca ou ser pontual quando se sentir pronta é um caminho de escolha individual. Só que ceder às expectativas sociais e ao valor que outras pessoas lhe atribuem pode ferir a sua autoconfiança e a autonomia e você, assim como todos, merecemos amor e amizade autênticos. A constelação sistêmica auxilia a descobrir os processos que lhe deixam insegura ou com baixa autoestima e na transformação para se sentir confiante e enfrentar os desafios de forma positiva.
Como diria o poeta, romancista e contista americano nascido na Alemanha, Charles Bukowski: The Laughing Heart. The Laughing Heart. Your life is your life. Don’t let it be clubbed into dank submission. Be on the watch. There are ways out. There is a light somewhere. It may not be much light but It beats the darkness. Be on the watch.
Traduzindo, segundo google tradutor, porque meu inglês, no Brasil, penso que é intermediário, mas quando viajo para fora, percebo o quanto ainda é básico. O Coração Sorridente. Sua vida é sua vida. Não deixe que ela seja esmagada em uma submissão úmida. Esteja atento. Existem saídas. Há uma luz em algum lugar. Pode não ser muita luz, mas vence a escuridão. Esteja atento.
(*) BRUNA BERTHOLDO é Advogada e Terapeuta facilitadora em Constelação Familiar de bonecos. Escreve para HiperNotícias às terças-feiras. Instagram: brunabertholdocf. E-mail: [email protected]
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Daniela 21/06/2023
Muito bom, na mira!
Vilma Maria 15/06/2023
A liberdade de ser impopular. Hoje já pode-se dizer na minha opinião que é uma condição de escolha, em grande parte, vontade ou necessidade de expressão. Geralmente as pessoas priorizam a formação intelectual e profissional, bem antes de compromisso conjugal, fugindo do padrão anteriormente que tem a formalidade, casar e ter filho. A pessoa encontra-se mais seletiva e exigente. O que quer dizer que encontrou paz na sua própria companhia. O texto nos possibilita refletir a vida embasada no relacionamento de respeito havendo equilíbrio emocional. Gratidão aos pais que nos deu a vida e torce pelo tão sonhado filho(a), a eles a importância da vivência social e o equilíbrio emocional. A vida saudável é uma convivência de reciprocidade mútua. Obrigada Bruna pela seu excelente texto nos proporcionando expandir nossos conhecimentos.
Maria 14/06/2023
Excelente matéria Texto mto bem escrito
Vera 14/06/2023
Excelente matéria. Texto mto bem escrito
Vera 14/06/2023
Matéria Excelente!!! Texto mto bem escrito!
Lilian 14/06/2023
Excelente abordagem para o assunto! Parabéns!!!
Mariana 14/06/2023
Amei a leitura! Muito obrigada Bruna
Marly 14/06/2023
Perfeito! As nossas relações quer sejam familiares e de círculos de amizades, são verdadeiras teias que formam redes bastante complexas de compreensão. Entretanto, entendo que seja necessário um olhar para dentro, mais aguçado, que é seria possível redesenhar e resignificar uma história, ainda que exista uma pressão social que é articulada por pessoas que tenham promover um desequilíbrio na vida pessoal de cada indivíduo. Parabéns @Bruna. Belíssimo artigo.
8 comentários