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GUIA DE BOLSO

Mapa das startups em Cuiabá, a 2ª capital do Centro-Oeste em inovação

A cidade concentra 80 dos 187 negócios mapeados pelo Sebrae em Mato Grosso e só fica atrás de Brasília em ranking nacional

CAMILA RIBEIRO
Da Redação

Cuiabá é a segunda capital do Centro-Oeste com o maior número de startups, conforme o levantamento Startup Report Mato Grosso 2023 realizado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Mato Grosso (Sebrae-MT). A cidade concentra 80 dos 187 negócios mapeados no estado. O município só fica atrás de Brasília, no Distrito Federal, que soma 302 startups. As microempresas correspondem a 78,38% deste ecossistema que tem a venda direta como modelo principal, representando o equivalente a 39,58% dos negócios.

O Observatório Sebrae Startups indica que 35 segmentos são atendidos em Cuiabá, sendo o da tecnologia da informação o mais explorado. Por isso, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o maior número de vagas estão reservadas aos analistas de desenvolvimento de sistemas. Outros nichos para investimentos movimentados são o de impacto socioambiental, agronegócio, educação, alimentos e bebidas. 

Cuiabá concentra 80 dos 187 negócios mapeados em MT

Ainda conforme o Observatório, o cenário das startups na capital mato-grossense viveu um fenômeno nas duas últimas décadas. Nos anos 2000, havia apenas uma. Dez anos depois, saltou para 10 até chegar as 80 empresas cujas estruturas foram pesquisadas pelo Sebrae-MT. A maioria delas ainda está em fase embrionária, mas geram impacto positivo no meio em que estão inseridas. A média é de 46 pessoas beneficiadas, entre CEOs e sócios, a cada startup que nasce.

Camila Ribeiro/HNT

Gráfico Startup no Centro-Oeste

SEGREDO PARA ALAVANCAR: INOVAÇÃO

Uma das características em comum entre as startups é que elas são fundadas a partir de gargalos - chamados pelos especialistas de "dores" do mercado - que podem ser sanados por meio de um modelo de negócio escalável, ou seja, capaz de crescer rapidamente sem exigir o aumento de custos. Porém, não há certeza de retorno. Esse fator de alto risco implica na morte das empresas quase sempre na mesma velocidade em que tentam se desenvolver. O relatório Startup Report MT aponta que 9 a cada 10 acabam fechando. O segredo para atravessar esse período difícil e conquistar a hegemonia no mercado é a inovação. Aquelas que apostam em temas novos representam 58,81% das soluções propostas e o faturamento das startups que atingem a maturidade pode chegar aos dígitos de R$ 4,8 milhões.

Camila Ribeiro/HNT

Fernando Pscheidt

Fernando Pscheidt, gestor estadual de inovação do Sebrae-MT

O gestor estadual de inovação do Sebrae-MT, Fernando Pscheidt, explica que essa regra de aumentar a receita em ritmo mais acelerado que os custos motiva os empreendedores a se inclinarem ao uso da tecnologia. É no meio digital que eles encontram a alternativa para fugir dos modelos de negócios tradicionais, ofertando produtos e gerando escala ao mesmo tempo que economizam com a estrutura. A vantagem sobre os negócios tradicionais é ampla uma vez que para crescer eles exigem mais espaço, contratação de funcionários e, automaticamente, o aumento significativo dos custos.

"Se você vai fabricar um doce, você vai precisar comprar mais ingredientes, aumentar o recurso para montagem, às vezes, contratar mais time e em um negócio tradicional o seu custo cresce mais rápido que a receita. Demora para você encontrar um ponto de equilíbrio. Em uma startup a regra é: a sua receita tem que crescer mais rápido que o seu custo", conta Fernando Pscheidt. 

No entanto, o especialista deixa claro que a tecnologia é uma ferramenta e existem inúmeros segmentos para se investir. Pscheidt cita o cuiabano, Nelson Andreatta, fundador da Eats For You que já recebeu R$ 25 milhões em investimentos. Essa startup é uma foodtech - empresa do ramo alimentício que utiliza recursos digitais para ganhar escala e conectar negócios tradicionais ao consumidor final. Embora tenha DNA de um empresário mato-grossense, está sediada em São Paulo. Pscheidt diz que além de vender online, Nelson Andreatta usou a tecnologia para treinar mulheres de baixa renda e ensiná-las a como vender refeições na internet. 

"Essa startup cuiabana está gerando empregos para mulheres de baixa renda, donas de casa que precisam fazer dinheiro e não tinham um caminho. Ele conseguiu treiná-las usando a tecnologia para levarem alimentação saudável ao mercado", acrescenta Fernando. 

Em startup a regra é: a receita tem que crescer mais rápido que o custo

Outro ponto destacado pelo gestor estadual do Sebrae é que o porte da empresa não é relevante na equação do sucesso, mas sim o modelo do negócio. O Startup Report MT especifica que das 187 startups no estado, 44% são microempresas (ME), 29% foram abertas por microempreendedores individuais (MEIs) e 26% são empresas de pequeno porte (EPP). 

"A diferença é como você monta o seu negócio, é isso o que te difere de uma empresa tradicional para um startup. Pode ser um MEI, uma ME, uma EPP, tanto faz. A questão é o seu modelo de negócio. A forma que você se arrisca, que você cria uma solução nova para você levar ao mercado", fala Fernando Pscheidt.

Camila Ribeiro/HNT

Gráfico Startups em Cuiabá 

ÊXODO DAS STARTUPS EM CUIABÁ

Mas a segunda capital do Centro-Oeste em número de startups ainda precisa se empenhar na construção de um ecossistema seguro para que os empreendedores permaneçam, avalia o gestor do Sebrae-MT. Segundo Pscheidt, a falta de consciência sobre o potencial dos atores de negócios locais e a escassez de investimento público faz com que parte dos empresários que prospectam escala saiam de Cuiabá. Além da foodtech Eats For You, Fernando também cita a Creditare e a I. GO for education que se distanciaram do mercado cuiabano. 

Para evitar o êxodo, Fernando Pscheidt tem auxiliado os municípios na construção de ecossistemas para a inovação. Em parceria com uma consultoria nacional, o gestor esteve em Alta Floresta, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Primavera do Leste, Sinop e Sorriso para treinar servidores das prefeituras no desenvolvimento de projetos de lei que regulamentam as atividades das startups. 

I. GO for education Creditare e Eats For You são startups que deixaram Cuiabá

"Entendemos que os gestores públicos e secretarias que são essenciais não tinham conhecimento sobre inovação. Às vezes, alguns até tinham uma lei de inovação, mas ninguém sabia como executar. Então, foi nosso papel através de uma consultora nacional entrar na Prefeitura e junto com o prefeito, vice e as secretarias capacitá-los com as ferramentas que podem ser usadas, como a Lei do Bem, Lei da Informática, o Marco Legal das Startups e ajudamos a desenhar a minuta da lei", esclareceu o gestor. 

Com o conhecimento em mãos sobre os processos e incentivos públicos disponíveis, de acordo com Fernando, as seis cidades estão se tornando referência no estado quanto ao desenvolvimento da inovação e consolidação de empresas com outros modelos de negócio. 

"Não é só a construção do ambiente, engloba tudo. Não é só a startup. Você tem a startup como um tipo de negócio a ser criado ali. Mas você também tem que ter uma lei que favoreça as empresas tradicionais", lembra o especialista. 

ASSISTA VÍDEO: GESTOR ESTADUAL DO SEBRAE-MT DESTACA CARACTERÍSTICAS DE STARTUPS

STARTUP DE CUIABÁ CRIA CERVEJAS COM SABORES REGIONAIS

Em um momento de transição de carreira a professora de História na rede pública e mestre em Integração na América Latina pela Universidade de São Paulo (USP), Cristiana de Vasconcelos Lopes, de 44 anos, criou a Hermore Charcutaria que inova a partir da elaboração de cervejas artesanais, condimentos, geleias, salsichas e até bacon utilizando ingredientes do Cerrado, Pantanal e Amazônia, biomas presentes em Mato Grosso. A empresa sediada em Cuiabá é premiada nacionalmente e faz parte dos 4,65% das startups dedicadas a produtos alimentícios segundo o Startup Report MT.

A empresa sediada em Cuiabá é premiada nacionalmente

Dar protagonismo aos sabores regionais se tornou uma questão de militância gastronômica ao visitar países vizinhos, como a Bolívia, e se deparar com cervejas artesanais que se tornaram símbolos culturais. Atualmente, Cristiana tem 47 cervejas de sua autoria. Uma delas lembra a popular cerveja negra. Cristiana substituiu o lúpulo pela planta nó de cachorro e a mesclou com a baunilha do cerrado. Outra cerveja é produzida a partir do café com castanhas-do-pará.

A cerveja que a empresária mostrou à reportagem do HNT é um pilsen de bacupari do mato, típica do Pantanal. "É uma frutinha amarelinha muito interessante, traz uma acidez, um herbal na boca, é uma experiência", descreve Cristiana.

Camila Ribeiro/HNT

Cristiana Vasconcelos

 Cristiana Vasconcelos exibe a pilsen de bacupari do mato, típica do Pantanal

"Essa minha inquietude por criar produtos é repensar justamente o que eu faço quanto pesquisadora, de pensar novas possibilidades com os nossos três biomas e ir na contramão do que a gente entende por cerveja e sobretudo sobre charcutaria, algo muito eurocêntrico e que silencia toda uma história de ancestralidade, cultura regional e sobretudo dos povos, desde os povos ameríndios até os povos da diáspora africana", emenda. 

A missão da  "Hermore Charcutaria" é valorizar a ancestralidade

Esse extrato cultural está no sangue. A fundadora da startup cuiabana é fruto de um casamento interracial entre um pai descendente da diáspora africana e mãe da diáspora Síria. Foi dela, inclusive, que Cristiana herdou um livro de receitas com as cervejas autorais que a introduziram neste mundo de delícias incomuns. Além de crescer em uma família criativa que persevera para manter tradições por meio da culinária, as vivências de Cristiana como pesquisadora a levaram ainda mais profundo quanto as possibilidades dos alimentos típicos de Mato Grosso. Os 64 povos do Xingu, parte presentes no estado, são uma grande influência. Ela visitou aldeias e aprendeu as técnicas utilizadas para fazer cerveja. Ao conhecer as bebidas, a empresária fez do seu negócio um meio de romper com o vício de admirar o que é de fora do país. A missão da  Hermore Charcutaria é valorizar a ancestralidade brasileira, principalmente, a mato-grossense.

Camila Ribeiro/HNT

Cristiane Vasconcelos

A fundadora da Hermore Charcutaria, Cristiana Vasconcelos, ao lado de produtores da sua autoria 

"Quero romper com essa lógica eurocêntrica que tudo o que é bom tem lá. A Bolívia tem uma cerveja, a paceña, que é um símbolo. Você vai na França e encontra a cerveja. Porque a gente não pode ter a nossa? No Peru tem uma rua das mulheres cervejeiras, elas guardam as cervejas em potes de barros. É algo que não vai se perdendo. Aqui a gente tem no Xingu 64 povos que produzem cerveja. Estive lá várias vezes, pesquiso e reproduzo as técnicas que eles fazem. Mas há um silenciamento e um apagamento intencional. É um grande problema dar voz, propor novas possibilidades e mostrar que o Cerrado, a Floresta Amazônica e o Pantanal são muito mais importantes do que se tentam fazer com os nossos ecossistemas", afirma Cristiana.

ASSISTA VÍDEO: CRISTIANA VASCONCELOS FALA SOBRE MISSÃO DA HERMORE CHARCUTARIA

INSPIRANDO MULHERES

Cristiana Vasconcelos também tem a preocupação de buscar fornecedoras mulheres. Ana Paula Piveta mora em Cáceres e vende para a empresária sementes, flores e plantas do Pantanal. Por morar perto da fronteira com a Bolívia, Ana tem fácil acesso a ingredientes raros na capital mato-grossense. Conforme foram se conhecendo, a parceria foi esticada e Cristiana soube das técnicas  do artesanato têxtil dominadas por Ana. Os conhecimentos voltados às artes foram utilizados para o desenvolvimento dos rótulos de alguns produtos de Cristiana.

"A Cristiana assim como eu somos apaixonadas pela natureza, biomas, pessoas e suas histórias. Compartilhamos não só os produtos, folhas e frutos, nós revisitamos os espaços já habitados e através dos nossos produtos, oferecemos uma imersão", diz Ana Paula.

Juntas elas também fazem o mapeamento de plantas regionais. Mãe de uma menina de 4 anos, Ana compartilha que os trabalhos feitos com Cristiana a auxiliam conciliar a maternidade com a carreira e a inspiram a continuar desbravando as riquezas locais. 

"Quero mudar a minha história, quero essa fazer parte dessa revolução a partir das mulheres que conseguem vencer e conquistar seu espaço apoiando os sonhos umas das outras. Tenho muita satisfação de estarmos construindo algo visionário que não tem no nosso estado", finalizou Ana. 

Camila Ribeiro/HNT

Cristiana Vasconcelos

Cristiana Vasconcelos inova com ingredientes regionais; parte deles são fornecidos por mulheres de Mato Grosso 

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Yago 04/06/2024

Muito bacana! Acredito que o futuro das startups no Brasil é promissor. Com o trabalho árduo e a dedicação de todos os envolvidos, as startups brasileiras podem se tornar líderes globais em inovação e contribuir para um futuro melhor para todos.

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