A abertura oficial da 48ª Expointer, em Esteio (RS), realizada na sexta-feira (5), foi marcada por fortes protestos de agricultores contra autoridades federais e estaduais. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), foi o principal alvo das vaias durante seu discurso, em meio ao descontentamento com o atraso e a falta de clareza nas medidas de apoio prometidas pelo governo federal. Os produtores rurais demonstraram insatisfação com o pacote de R$ 12 bilhões em crédito anunciado pelo presidente Lula por meio de Medida Provisória.
Apesar da ampliação do valor, que passou de R$ 10 bilhões para R$ 12 bilhões, e das condições diferenciadas de juros e prazos de até nove anos, os manifestantes consideraram as medidas insuficientes diante da crise de endividamento, causada por sucessivas perdas ligadas a estiagens e enchentes.
As vaias ecoaram por quase todo o discurso de Fávaro, que buscou mostrar solidariedade às famílias de produtores que se suicidaram devido às dívidas. “Eu me solidarizo com as famílias que não suportaram esse momento”, disse o ministro, visivelmente incomodado com a manifestação. “O povo gaúcho é de respeito, e quando se perde respeito se perde a razão.”
Além de Fávaro, também foram vaiados o governador Eduardo Leite (PSD) e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, que tentou minimizar os protestos: “As vaias são próprias da democracia. Se tivesse ocorrido o golpe em 8 de janeiro, talvez não poderíamos estar aqui vaiando hoje”.
Durante o ato, produtores ergueram coroas de flores e balões pretos na pista central do Parque Assis Brasil, simbolizando colegas que tiraram a própria vida devido ao endividamento. Entre as palavras de ordem, gritavam “securitização já” e “queremos solução”. Apesar das manifestações, a presença dos ministros foi mantida após pressão de entidades rurais, que aguardavam anúncios concretos.
O pacote de crédito prevê juros escalonados de 6% para pequenos, 8% para médios e 10% para grandes produtores, podendo beneficiar até 100 mil agricultores em todo o país.
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