A cassação de Edna Sampaio (PT) amplia para seis a lista de parlamentares da Câmara de Cuiabá que perderam mandatos ao se envolverem em escândalos financeiros ou pessoais. O ineditismo está no fato de a petista ser a primeira mulher a entrar no ranking. O processo disciplinar conduzido pela Comissão de Ética, que concluiu pelo uso indevido da verba indenizatória da chefia de gabinete pela ex-parlamentar, foi envolto em polêmicas, com direito à suspensão temporária por interferência do Tribunal de Justiça (TJMT) e votação de parecer sem manifestação da defesa da ex-vereadora.
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O caso também trouxe à tona novamente o apelido que desagrada vereadores: "Casa dos Horrores". O cientista político João Edisom apontou que a saída de Edna desenha mais uma mancha na reputação do Legislativo cuiabano e imputa um desafio ao presidente Chico 2000, que terá de "pedalar" para melhorar a imagem da Casa de Leis.
"A Câmara de Vereadores de Cuiabá não tem um princípio de coerência. Foi rotulada como Casa dos Horrores e não teve nenhum momento que essa Câmara conseguiu sair desse rótulo", disse João Edisom ao HNT, indicando que a Casa de Leis está adormecida em um "marco zero" quanto à construção de sua imagem.
O parlamento cuiabano tem 296 anos e é considerado o Legislativo mais mais antigo do Centro-Oeste. O primeiro caso de cassação ocorreu em agosto de 2009, 282 anos após sua fundação, quando Ralf Leite foi excluído do plenário pelos pares por quebra de decoro, depois de se envolver sexualmente com um menor de idade.
Três meses depois de Ralf ser cassado, em novembro de 2009, Lutero Ponce foi rechaçado pelos vereadores por improbidade administrativa. Diante de um longo processo, a maioria da Casa de Leis entrou em entendimento que Ponce havia desviado recursos públicos.
João Emanuel foi o terceiro na linha do tempo de "fichas-sujas". O político perdeu a cadeira no Legislativo por quebra de decoro, quando seu nome começou a ser investigado em esquema de "grilagem" de terras na "Operação Aprendiz", deflagrada pela Polícia Civil.
O deputado federal Abilio Brunini provou o gosto amargo da cassação em 2020, também por quebra de decoro parlamentar. Ele recorreu e, em 2023, o Judiciário o absolveu do processo. No entanto, o mato-grossense já estava diplomado na Câmara Federal.
O tenente-coronel Marcos Pacolla antecede Edna Sampaio. O militar foi "convidado" a deixar o Legislativo pela vontade da maioria por executar, com tiros nas costas, o agente do socioeducativo Alexandre Miyagawa, de 41 anos, em julho de 2022.
O "perdão" dado ao bolsonarista Abilio faria um adendo na linha do tempo do Legislativo, acredita João Edisom. Segundo o cientista político, essa foi uma oportunidade desperdiçada pela Casa para ganhar créditos com os eleitores.
"Se a Câmara tivesse conseguido cassar o Abilio e subido de nível, era outra coisa. Ela fez alguns movimentos, caçou o Pacolla, mas não tem coerência. Ela está em uma posição que não tem como cair, não tem como baixar (o nível)", avaliou o especialista.
CASSAÇÃO DE EDNA SAMPAIO
Edna Sampaio é conhecida por um posicionamento de esquerda e combativo. O fato de ser "linha dura" e não poupar as palavras no plenário, influenciou diretamente no julgamento dos vereadores, fala João Edisom. A petista foi cassada por unanimidade. Os 20 votos dos pares presentes na sessão - cinco não compareceram -, foram favoráveis à sua condenação pelo uso ilegal da verba indenizatória da chefia de gabinete.
"A Edna não trouxe pra ela, em nenhum momento, simpatia. Quando tudo aconteceu, com ou sem razão, ela construiu uma imagem de uma arrogância tão grande, que a sociedade em si não estava em favor dela. Existe um grupo muito específico que são partidários que se doeu por ela", observou o cientista.
A minoria "que se doeu" compareceu à Câmara em peso no dia da sessão ordinária que a julgou. As "pequenas multidões" fizeram coro para apoiar a petista, mas naufragaram sem conquistar nenhuma adesão política.
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CÂMARA SEM CREDIBILIDADE
Outra triste verdade constatada por João Edisom é a falta de credibilidade aferida pelo sentimento do eleitor. O cientista disse que o "efeito dominó" de cassações reflete diretamente na qualidade dos vereadores eleitos. Conforme o consultor político, o cidadão acaba escolhendo perfis mais polêmicos e agressivos, na esperança de que as figuras "joguem no ventilador" os fatos incorretos.
"A tendência, quando a Câmara entra em descrédito, é que o eleitor procure votar não nas pessoas que sabem alguma coisa, mas nas pessoas que xingam e falam mal. Então, a possibilidade da próxima Câmara ter vereadores piores é infinita. Eles votam nos caras que falam qualquer bobagem", finalizou João Edisom.
RELEMBRE OS VEREADORES CASSADOS EM CUIABÁ
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waldomiro lopes 14/10/2023
JÁ NÃO SE TEM MAIS VEREADORAS COMO ANA MARIA DO COUTO, MARIA NAZARETH HANS, QUE SOUBERAM HONRAR A EDILIDADE CUIABANA.
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