A facção criminosa Tropa do Castelar, que foi absorvida pelo grupo criminoso paulista o Primeiro Comando Capital (PCC) e tentava dominar território em Sorriso (420 km de Cuiabá), conhecida como cidade do crime, não dispunham de capital financeiro no Estado. Os ‘Castelares’ foram alvo da Operação Yang, deflagrada pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) da Polícia Civil, nesta quinta-feira (3), e cumpriu 27 ordens judiciais contra lideranças da facção.
Segundo o delegado Gustavo Belão, o principal objetivo da GCCO é enfraquecer as facções criminosas através da descapitalização, ou seja, apreensão de valores obtidos nas atividades criminosas e que são utilizados para financiar outras ilicitudes. Contudo, este grupo, em específico, estava sem dinheiro. Portanto, não foi possível apreender qualquer bem ou valor.
“Nesse caso, não houve a identificação de lavagem de dinheiro justamente porque a facção tentou iniciar o domínio de território, mas falhou e não dispunha de capital financeiro em Mato Grosso”, informou Belão em coletiva de imprensa realizada nesta quinta.
Pela falta de dinheiro, os policiais neutralizaram as atividades criminosas do grupo através da prisão de lideranças. Além de Mato Grosso, os alvos estavam espalhados pelo Maranhão, Pará, Paraná e São Paulo.
Com a prisão dos faccionados, as autoridades esperam baixar os índices de criminalidade na região médio-norte, que é considerada a mais perigosa do Estado. Sorriso, inclusive, ganhou a alcunha ‘cidade do crime’ por amargar top 10 de municípios mais perigosos do Brasil. Isso porque, o principal objetivo do grupo era eliminar os rivais, aumentando significativamente a quantidade de homicídios em Sorriso.
A TROPA DO CASTELAR
A facção é composta por membros dissidentes do Comando Vermelho, por não concordarem com a tomada de decisões daquele grupo.
De acordo com as investigações, o Comando Vermelho ordenava execuções e condenava familiares dos próprios integrantes do bando, o que desagradou parte de seus integrantes.
Dessa forma, eles dissidiaram e formaram a nova facção, que por sua vez, foi incorporada pelo PCC, rivais de longa data do CV. No decorrer da apuração, a Polícia Civil identificou que o grupo tinha uma estrutura hierarquizada, com funções definidas.
Cada membro tinha um ‘codinome’ de acordo com o ‘cargo’ desempenhado como “Geral do Estado”, “Coringa Geral”, “Hórus”, “Regionais”, “Disciplina”, “14”, “missionário”, “irmão”, “companheiro” (CP) e “família” (FML), em que cada função responsável por atribuições operacionais ou disciplinares dentro da estrutura da organização criminosa.
O controle dos integrantes e das atividades da facção criminosa era mantido por meio de uma lista denominada “Tabuleiro de Numerada”. Através das investigações, evidenciou-se que a lista funcionava como instrumento de gestão interna da organização criminosa, contendo cadastros organizados por nomes, vulgos, regionais e aplicativos usados pelos faccionados, permitindo controle e atualização constante.
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