Outro delator, o empresário Filinto Muller Coutinho começou a depor no início da tarde desta segunda-feira (1), afirmando que o ex-procurador Francisco Andrade Lima Filho -- conhecido como "Chico Lima" -- pagou contas pessoais com dinheiro lavado pela factoring dos irmãos Muller.
Filinto Muller é irmão e ex-sócio de Frederico Muller, que depôs na Sétima Vara Criminal nesta manhã. A factoring FMC Recuperação de Crédito teria trocado ao menos seis cheques de R$ 83 mil para o ex-procurador, cobrando 3% de comissão. Os cheques eram do empresário João Batista Rosa, dono do Grupo Tractor Parts, que teria sido extorquido por Nadaf a pagar propina em troca de incentivos fiscais para suas empresas.
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Empresário diz que ex-procurador era inconsequente, gastava muito e "disse que cadeia é lugar pra homem"
Em depoimento, Filinto explicou que Chico Lima usou o dinheiro para pagar um imóvel em um condomínio no Rio de Janeiro, além de outras despesas variadas, sobretudo com cartões de crédito.
"O Chico me pedia para pagar as contas do Rio de Janeiro, contas de cartão, celular e outras", disse, completando: "nunca vi um homem para ter tanto cartão igual a ele".
O empresário revelou ainda que Chico Lima intermediu a transferência de R$ 3 milhões para uma conta da factoring no Bic Banco, investigado pela Operação Ararath, que seria utilizado para as operações financeiras da FMC. Por essa "ajuda", o ex-procurador teria recebido uma comissão de R$ 200 mil.
Filinto Muller disse que Chico Lima acumulou dívidas de R$ 90 mil, mas sempre dizia que a dívida não era só dele e que iria pagar em hora oportuna. Nesse momento, o ex-procurador teria citado o ex-governador Silval Barbosa e os ex-secretários Pedro Nadaf e Marcel de Cursi como partes do "grupo da dívida".
Conforme o empresário, Chico Lima foi quem pediu a ele que depositasse dinheiro na conta de Silvio Cesar Correa, ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa. Filinto disse ainda que nunca teve contato com Silvio, apenas fez o depósito indicado por Chico. "Não conheço Silvio César. Transferi dinheiro para ele a pedido do Chico Lima".
Ao contrário de seu irmão, Filinto Muller diz que sabia desde o início que as transações com o ex-procurador Chico Lima eram lavagem de dinheiro e que passou três anos "sem dormir direito" por medo de ser preso. "De três em três meses queimava documento e limpava os computadores", detalhou o empresário, explicando ainda que sabia do envolvimento de Silval e Nadaf com as operações, mas não tem certeza sobre a participação de Marcel. .
Sobre seu relacionamento com Chico Lima, Filinto Muller disse que conhece o ex-procurador desde a infância. Conforme o empresário, Chico sempre foi um homem "inconsequente". "Uma vez comprou uma Mercedes de R$ 300 mil. Fui alertá-lo e ele disse que cadeia é lugar pra homem [...], não vai dar nada".
Quando questionado pela defesa de Chico Lima sobre a possibilidade de provar que entregou os cheques ao ex-procurador, Filinto Muller disse que não podia provar nada. Não existem filmagens, escultas, nem testemunhas de suas transações com Chico Lima.
Por fim, Filinto disse que se desentendeu e não conversa mais com o irmão, Frederico Muller, desde que eles romperam a sociedade na FMC Recuperação de Crédito, em 2013.
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