Atenção cinéfilos e amantes da sétima arte, a TV Brasil veiculará na próxima segunda-feira (10), às 19h30, o filme Manoel Chiquitano Brasileiro (26’, 2013), dirigido pelos jornalistas mato-grossenses, Glória Albuês e Aluízio de Azevedo. A obra concorreu com mais de 800 roteiros de todo o país e foi uma das 15 vencedoras do Edital de Apoio a Documentários Etnográficos sobre Patrimônio Cultural Imaterial (Etnodoc 2011).
|
Patrocinado pela Petrobrás, o curta-metragem retrata dois dramas: a luta de um homem solitário que percebe ser necessário documento de identidade para alcançar a nacionalidade brasileira, mesmo sendo ele, um índio. E a luta coletiva do povo Chiquitano, que atravessa um conflito de identidade étnica, mas vem buscando a demarcação de suas terras tradicionais e mantendo sua cultura, apesar das pressões que sofrem dos políticos de Mato Grosso e dos grandes fazendeiros e pecuaristas da região.
A película evidencia que mesmo diante de todas as pressões, os chiquitanos resistem, mantendo tradições seculares, como a Romaria de Santanna que sai do povoado de Santanna na Bolívia e percorre dezenas de comunidades brasileiras e bolivianas durante 60 dias, inclusive a comunidade de Santa Aparecida, no Mato Grosso, onde vive Manoel.
"Somente depois dos estudos de impacto ambiental realizados em 1998 para construção do gasoduto Brasil-Bolívia, que o Estado brasileiro levantou uma questão silenciada durante séculos: a presença do povo chiquitano na região. Neste contexto, buscamos mostrar a situação desta etnia, que não desejou e sequer foi consultada as delimitações de fronteiras, tornando-se vítima de vários conflitos impostos pelo homem branco", destaca Glória Albuês, que também assina roteiro e montagem.
"São três personagens principais que formam a narrativa: a Romaria de Santanna; a vida de Manoel; e o povo Chiquitano. Trançando as três, colocamos a essência do tema fronteira, humanizando-a por meio de um drama individual de Manoel, ao mesmo tempo em que estendemos para os dramas e conflitos coletivos de seu povo. Vislumbramos, assim, os pontos de fuga das fronteiras humanas, sejam elas de nacionalidade ou de identidade", complementa Aluízio de Azevedo.
Divulgação |
Manoel Chiquitano Brasileiro focaliza uma busca dupla: a luta de um homem solitário que percebe ser necessário documento de identidade para alcançar a nacionalidade brasileira, mesmo sendo ele, um índio. E, por outro lado, a luta coletiva do povo Chiquitano que atravessa um conflito de identidade étnica, mas vem buscando a demarcação de suas terras tradicionais,apesar das pressões que sofrem dos políticos de Mato Grosso e dos grandes fazendeiros e pecuaristas da região. O documentário ainda envereda pelas questões da fronteira Brasil-Bolívia. O povo Chiquitano vive nos dois países e foram separados por uma fronteira que não desejaram e sequer foram consultados. Por meio de uma Romaria à Nossa senhora de Santa Ana, que sai da Bolívia e percorre as comunidades indígenas de ambos os países, Manoel e os Chiquitanos desafiam os limites impostos pela fronteira, na tentativa de se reencontrarem e se reconhecerem como iguais, por meio da fé.
SOBRE O ETNODOC
Oriundo de projeto mais amplo, intitulado “Sensibilização e orientação para salvaguarda do patrimônio cultural imaterial”, o Edital de apoio a documentários etnográficos sobre patrimônio cultural imaterial – Etnodoc – foi criado a partir de um grupo de trabalho composto por especialistas do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular e do Departamento de Patrimônio Imaterial, do Iphan. Coube à Associação Cultural de Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro a gestão do projeto, patrocinado pela Petrobras. O Etnodoc destina-se a apoiar 15 projetos inéditos de documentários etnográficos, de média duração, voltados para exibição em redes públicas de TV. Busca, com isso, somar esforços e ampliar as ações voltadas para a valorização e promoção dessa dimensão do patrimônio cultural, assim como estimular iniciativas voltadas para a melhoria das condições de transmissão, produção e reprodução dos bens culturais que compõem esse universo.
Glória Albues - atua no audiovisual matogrossense desde a década de 80, como roteirista, montadora e diretora em Video, Televisão e Cinema. Do seu curriculum consta cerca de 25 produções entre documentários e obras de ficção, entre outras: Pantanal : Paraíso perdido ?” e A” Chegada do Menino”, ambos premiados ( 3º e 5º lugares) no 1º Festival Nacional de Cinema- Video Ação Super 8 e MASP -1983 ; “ Indio, Gente da Terra” ( Menção Honrosa) na 13º Jornada de Curtas- Metragens em Salvador – 1984; “Nó-de-Rosas” selecionado no 18º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo /2007,outros nove festivais nacionais e o Festival de Miami-2008 ; “A Trama do Olhar”selecionado no DOCVTV IV SAV/Minc – 2009 ; “Marcelo e o Violino”em 2010 ; “Manoel Chiquitano Brasileiro” EtnoDoc-2012 e “P.s Glauber, Te Vejo em Cuiabá selecionado no CurtaDoc da TV Sesc em 2013.
Aluízio de Azevedo Silva Júnior - cigano, graduado em Jornalismo (2002), especialista em Cinema (2007), Mestre em Educação (2009) e Doutorando em Comunicação e Saúde (Fiocruz). Atua no audiovisual desde 2007, quando foi assessor de imprensa e produtor do Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá, cargo que ocupou também em 2008 e 2009. Em 2010 foi Roteirista do vídeo documentário “Triplice confronto: as riquezas da floresta” aprovado no edital Microprojetos da Amazônia, do Ministério da Cultura, sobre o município de Juína e os conflitos vividos por fazendeiros, indígenas e madereiros na região. Em 2011 foi roteirista de dois projetos patrocinados pelo Fundo de Cultura de Mato Grosso, o curta-metragem “Dom Aquino – Poeta da Esperança”; e o vídeo documentário “Busca pela Africanidade em Cuiabá”. Também em 2011 dirigiu, roteirizou e montou o primeiro vídeo, o documentário É Kalon - Olhares Ciganos, que retrata a cultura cigana e foi patrocinado pelo Fundo Estadual de Cultura de MT. Em 2012 foi vencedor do Etnodoc 2011 com o projeto Manoel Chiquitano Brasileiro, do qual foi diretor.
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.