Flávia Pires, mãe, servidora pública, compositora, dramaturga e escritora, está lançando o livro “Memória Alice, Realidade Rosa”. O conto narra a história de Alice, que desenha o convívio e a relação familiar que gostaria de ter experimentado. Ela é criada por uma mãe inventada, que ela mesma criou.
Na história, há conflitos, reflexões, confissões e perdão ao longo da trama. O desfecho é uma provocação poética, para que o público decida o que aconteceu no final.
Flávia, mãe atípica, escreveu os versos e canções do conto nas salas de espera, enquanto aguardava as terapias do filho. O livro “Memória Alice, Realidade Rosa” foi criado a partir de uma peça “encurtada”, que inicialmente seria um musical.
“As cenas (da peça) eram envolvidas por canções minhas”, explica a artista, que também é compositora.
“Mas a obra foi ficando extensa, e fiquei preocupada com o custo operacional e a complexidade de sua execução”, justifica a mãe do Benício.
As conversas diárias com seu filho de seis anos a fizeram lembrar de passagens e momentos da infância. O passado surgiu em cenas inteiras de brincadeiras, o que proporcionou o entendimento, já adulta, de que foi educada por uma mãe amorosa, mas muito sobrecarregada.
Nos sofás das antessalas das clínicas de tratamento de saúde para crianças, a autora ouviu, repetidas vezes, familiares confessando cansaços, frustrações e solidões. Os familiares de estranhos tinham uma voz familiar. Há um coletivo que compartilha a mesma realidade isolada, dividida por inúmeras atividades rotineiras.
Ciente de que muitas funções subtraem a qualidade dos afetos no contexto geral, Flávia afirma ser presente, amorosa e integralmente responsável em sua maternidade.
Porém, entende que isso tem a ver com as chances de cuidar com atenção, por já ter atuado como líder de projetos voltados para a melhoria da qualidade educacional, escutando e validando as realidades paralelas ao seu redor.
“A arte convida à ampliação da observação sobre os sentimentos do mundo”, diz a autora.
Flávia constata o fato de que as mulheres, cheias de funções e responsabilidades, estão em todos os lugares ao mesmo tempo. No livro, a personagem principal é filha de uma mãe que parece ter adoecido por conta de tantas ocupações.
A escritora garante: “Farei, antes do lançamento e da peça, um roteiro de divulgação e um circuito em variados espaços de diálogo para tentar despertar uma possibilidade de reflexão e poesia entre os leitores.”
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O lançamento será na data da estreia da peça, que tem o mesmo nome do exemplar. Vale seguir a rede social de Flávia para acompanhar as notícias dos eventos que estão por vir.
Antes da produção teatral, é interessante, o quanto antes, conferir o trabalho intelectual desta poeta, dramaturga e escritora sobre relações e afetos tão nossos e tão únicos, em “Memória Alice, Realidade Rosa”.
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