"Eu vou embora, Dom Bosco! Mas levo a sua história comigo..."
A frase foi pronunciada por Lino Miranda no dia que ele pisou na sede do Clube Esportivo Dom Bosco pela última vez, no distante 1995, depois de mandar um empregado do azulão comprar um litro de álcool, amontoar toda a documentação do clube sob uma mangueira da sede social no Morro da Luz, embebê-la com o líquido inflamável e tocar fogo na papelada...
"Infelizmente, o Dom Bosco virou um clube sem memória", queixa-se o atual presidente do azulão, advogado e ex-procurador do Estado, Adbar da Costa Salles.
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Depois de uma longa militância no Mixto, inclusive como presidente durante muitos anos, Lino Miranda disputou a eleição de 1985 do Dom Bosco e foi eleito. Começava um império que durou dez anos e só desmoronou quando alguns diretores, inconformados com a conduta de Lino Miranda à frente dos destinos do clube, recorreram a Justiça para apeá-lo do poder..
Mas não foi fácil. Com muita experiência no futebol e na advocacia, Lino Miranda resistiu e apelou para todos os meios para manter-se na presidência do Dom Bosco, inclusive entrando com um agravo de instrumento no Tribunal de Justiça do Estado contra a ação inominada com pedido liminar que o afastou do cargo por alguns dias, porém a nulidade da sua eleição para mais um mandato foi confirmada pelo desembargador Manoel Ornelas de Almeida.
"Foi uma verdadeira ação de reintegração de posse...", afirma o presidente Adbar da Costa Salles.
Acusa o atual presidente que, nos 10 anos em que ficou à frente dos destinos do Dom Bosco, e cujo maior mérito foi a conquista do Campeonato Mato-grossense de Futebol de 1991 e um vice, Lino Miranda complicou a vida do clube, só não levando o azulão a falência porque um grupo de abnegados dombosquinos passou os últimos anos pagando dívidas contraídas em sua gestão.
"Esse cidadão [Lino Miranda] chegou ao caradurismo de utilizar inclusive o CGC e outros documentos do Dom Bosco para montar uma estrutura dentro da sede social para fornecimento de marmitas dele e não do clube", revela Adbar Salles.
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Lino Miranda era também muito “generoso”, segundo dirigentes do azulão, quando se tratava de dinheiro do Dom Bosco: assinava Carteira de Trabalho com datas retroativas até de diaristas que faziam faxina apenas uma vez por semana do clube. Numa dessas “generosidades” de Lino Miranda, o Dom Bosco foi condenado a pagar R$ 190 mil a um antigo roupeiro pela rescisão contratual.
Em outra ação trabalhista, o Dom Bosco perdeu 1.200 m2 de sua área de quase 14 mil m2 em uma venda judicial mandada executar por um juiz trabalhista em hasta pública, depois de ter sido penhorada. O valor da ação era de cerca de R$ 100 mil.
Até o fogão industrial da sede social do Dom Bosco foi leiloado, usado por Lino Miranda – conforme acusa Salles – para preparar as marmitas da empresa particular do ex-presidente, que inclusive passou a morar na sede do Azulão junto com a família – revela Álvaro Scolfaro, dombosquino da velha guarda.
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"É doloroso para um clube tradicional como o Dom Bosco, tanto no futebol como na área social, ficar sem memória por causa de uma insanidade do Lino Miranda", lamenta um diretor que prefere não se identificar.
"Eu fiquei até sem a fotografia com o presidente Figueiredo no almoço no Dom Bosco. O Lino queimou tudo", queixa-se Antonio Gonçalo (Totó) de Arruda, ex-presidente do clube.
Um velho cofre fechado e alguns troféus, muitos dos quais danificados por falta de conservação, foram o que restaram da memória do mais velho clube de Mato Grosso de futebol de Cuiabá. Os troféus o diretor Francisco Faiad prometeu mandar restaurar.
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