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Cidades Quarta-feira, 09 de Novembro de 2011, 11:36 - A | A

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Quarta-feira, 09 de Novembro de 2011, 11h:36 - A | A

DESCONTENTAMENTO

Trabalhadores denunciam 'escravidão' em obras da construção da Votorantim

Contratados para erguer usina de cimento dizem que tem que trabalhar das 7h30 até as 22h para ganhar R$ 1,5 mil por mês

ALIANA CAMARGO
[email protected]

Aliana Camargo / Hipernotícias

Trabalhadores tentaram diálogo com a empresa Gutierrez na manhã desta quarta-feira (9), mas sem sucesso

No terceiro dia de greve, pouco mais de 150 trabalhadores dos 460 contratados pela Gutierrez Engenharia, para construir a fábrica de cimento da Votorantim saíram do canteiro de obras, na Estrada da Guia, e fizeram protestos em algumas ruas de Cuiabá, na manhã desta quarta-feira (9), para denunciar o suposto regime de trabalho escravo ao qual estão submetidos. Eles dizem que mal conseguem enviar um pouco dos salários às suas famílias que estão fora do Estado.

De acordo com os próprios manifestantes houve boicote por parte da empresa para que os ônibus, ocupados com outros trabalhadores, não chegassem até a rodoviária, local de partida da manifestação.

Cerca 95% dos trabalhadores da obra da construção da Votorantim são oriundos dos estados do Nordeste do país, como Maranhão, Sergipe, Piauí, Pernambuco e Bahia.

Juvenil de Mesquita Sousa, 23 anos, e Raimundo dos Santos Moraes, 29 anos, ambos do Maranhão, dizem que a empresa Gutierrez cortou o adicional de 25% destinado aos que são de fora.

“Estamos ganhando a média de R$ 1,1 mil para trabalhar dia e noite e fica que não temos como mandar dinheiro para a família”, disse Raimundo Moraes.

Juvenil Sousa disse que para tirar o salário de R$ 1,5 mil é preciso trabalhar das 7h30 às 22h. “Trabalhamos até sábado e domingo para ter esse salário. E precisamos acordar 4h da manhã e sair as 5h30 para chegar no trabalho. Queremos que eles paguem também a hora trajeto que é muito penoso pra gente”, diz o jovem maranhense.

Além do acordo salarial, os trabalhadores também querem ter o direito de visitarem as suas famílias a cada 90 dias e não 120 dias conforme estipulou a empresa.

Aliana Camargo/Hipernoticias

Rosendo Silva, um dos poucos mato-grossenses que trabalham na obra da Votorantim, diz que trabalhadores vivem a mesma escravidão de sempre

Rosendo Silva, de 39 anos, um dos poucos cuiabanos que trabalham na obra, diz que a insatisfação se arrasta há pelo menos dois meses em como foi feita a contratação.

“Eles pegam o trabalhador nordestino, trazem para trabalhar e é aquela história de sempre, a mesma escravidão”, denunciou Rosendo.

Os trabalhadores também reclamaram da opressão vivida no canteiro de obras nos dois primeiros dias de greve. “Eles chamaram polícia pra gente, na terça-feira tinha três camburões e os policiais estavam com escopeta. Nós não somos desordeiros, somos trabalhadores”, reclamou Rosendo.

Os trabalhadores saíram da rodoviária, passaram pela Avenida Mato Grosso e seguiram pela AvenidaTenente- Coronel Duarte (Prainha) até o escritório da Gutierrez Engenharia, que fica na Rua Joaquim Murtinho, próximo ao Hospital Geral Universitário. Porém, nenhum diretor ou representante da empresa se propôs a conversar com os trabalhadores.

Eles reivindicam o piso de R$ 1.1 mil, mais 25% de adicional para quem veio de outro estado, hora prêmio e hora itinerário.

TRABALHO ESCRAVO

O superintendente Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), Valdinei Arruda disse que a posição dos trabalhadores de denunciar o trabalho escravo deve passar por uma avaliação para que não haja uma banalização do trabalho escravo contemporâneo.

Para o superintendente a situação dos trabalhadores que foram contratados para construir a fábrica da Votorantim está no formato de infração trabalhista ou de insatisfação para conseguir remuneração, e isso não pode ser caracterizado como trabalho escravo.

“Para se caracterizar o trabalho escravo tem que degradar a saúde, ter cerceamento de liberdade, jornada exaustiva, e endividamento no trabalho. Precisa da conjunção de no mínimo dois desses quatro fatores para ser enquadrado como trabalho escravo e não é essa situação que os trabalhadores estão passando”, disse Arruda.

A condição para ser trabalho é muito mais complexa do que o ato de dizer que é escravo, disse Valdinei Arruda. Desta forma a auditoria do trabalho não pode intervir já que considera que os trabalhadores estão chamando a atenção para um acordo salarial.

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Aliana Camargo/Hipernoticias

Aliana Camargo/Hipernoticias

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