Sorriso (398 km de Cuiabá) carrega o título da cidade “capital do agronegócio brasileiro” e os números provam que o município do norte mato-grossense corresponde, sozinho, por 1% da produção nacional, com valor total calculado em R$ 8,3 bilhões. Em contrapartida, Sorriso também carrega o título de 4ª cidade mais violenta do Brasil, com a taxa de 77,7 homicídios por 100 mil habitantes.
Os dados são da Pesquisa Agrícola Municipal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PAM-IBGE), divulgados nesta semana, e do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado em junho deste ano. Na segurança, a cidade subiu da 7ª para a 4ª posição do ranking nacional de municípios mais violentos, ficando atrás apenas de Santana (AP), Camaçari (BA) e Jequié (BA).
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Sorriso já foi palco de diversas tragédias que ganharam repercussão nacional, como o assassinato e estupro de Cleci Calvi Cardoso e suas três filhas, praticado pelo ajudante de pedreiro Gilberto Rodrigues dos Anjos que trabalhava perto da casa das vítimas.
Segundo o anuário, uma das explicações para as mortes violentas intencionais do país é a disputa de mercados e pontos de vendas de drogas entre as diversas facções criminosas existentes no Brasil.
A hipótese vai ao encontro da realidade do município, uma vez que a cidade é dominada por três grupos criminosos, sendo o Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando Capital (PCC) e a Tropa do Castelar que se associou ao PCC, facção criada em São Paulo. As três facções entram em conflito constantemente com o objetivo de obter maior domínio da cidade.
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Um levantamento da Secretaria de Estado de Segurança Pública de Mato Grosso (SESP-MT), apontou que 90% dos casos de homicídio em 2023, em Sorriso, envolveram pessoas ligadas às organizações criminosas. Na cidade, 81 homicídios foram registrados naquele ano e, do total, 73 foram de pessoas com passagens criminais, ou seja, confronto entre os próprios criminosos.
COMBATE AO CRIME ORGANIZADO
A reportagem conversou com o prefeito do município, Ari Lafin, que destacou as atuações do município para o combate do crime na cidade.
Como medida de combate ao crime e conscientização da população, Ari Lafin destacou o aumento da demanda das escolinhas esportivas, levando para bairros onde não tinha o projeto social.
“O município tem feito e vai continuar fazendo sua parte no sentido de gerar cada dia mais a rede de proteção as crianças, jovens e adolescentes. Hoje estamos com quase quatro mil crianças em aproximadamente 17 polo da cultura, levando a ação para todo município", salientou.
Além disso, ele mencionou a criação da Secretaria de Esportes, a partir da descentralização da pasta da Secretaria de Educação.
"A ideia é fazer com que crianças, jovens e adolescentes, quando não estiverem nas salas de aula, possam estar participando de atividades extracurriculares", completou.
Procurada, a Secretaria de Estado de Segurança Pública também reforçou que o governo de Mato Grosso adota a política de tolerância zero às facções e organizações criminosas e, somente em 2023, foram realizadas 18 operações policiais em Sorriso, com objetivo de combater os grupos do crime e reduzir à violência na cidade.
Uma das ações foi a Operação Recovery, deflagrada pela Polícia Civil contra uma facção criminosa envolvida em homicídios, associação para o tráfico, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, na região Norte do Estado. A operação teve três fases ao longo de 2023 e cumpriu cerca de 300 ordens judiciais, entre mandados de prisão preventiva, busca e apreensão e sequestro de bens.
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