A alimentação de pessoas diagnosticadas com o vírus da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) ainda é envolta de muitos mitos, como a restrição de determinados comestíveis. A má alimentação de pessoas com AIDS reflete diretamento no agravamento da doença, podendo levar à morte antecipamente. A nutricionista da unidade do Serviço de Atendimento Especializado (SAE), de Cuiabá, Euciane Pinheiro, explicou que uma pessoa portadora do vírus não tem restrição nenhuma alimentar, a não ser que apresente alguma outra doença que a impeça de ingerir determinados alimentos.
“Elas (pessoas portadoras da AIDS) não têm restrição nenhuma, a não ser que tenha uma doença de base, como hipertensão, diabetes. Fora isso, nenhuma restrição, e podem comer qualquer alimento, desde que seja saudável”, explicou.
A má alimentação de pessoas com AIDS ocorre, na maioria dos casos, pela falta de um acompanhamento médico. O preconceito é um dos motivos que levam muitas pessoas não buscarem unidades de saúde.
“Muitas pessoas chegam para mim muito debilitadas, já com o quadro de AIDS, que é a doença já instalada. Tenho que trabalhar com eles (pacientes) a questão de uma alimentação para recuperar peso e para ajudar recuperar o quadro nutricional, para então se recuperar (da doença)”, explicou.
“Infelizmente, tem muito (preconceito com pessoas com HIV). Mas digo para eles levarem uma vida normal. Se tomar medicação certa, não vai evoluir para um quadro de AIDS. Mas o preconceito com a doença já é bem antigo”, completou Euciane.
A situação de preconceito contra quem tem o vírus HIV, causador da AIDS, ainda se assemelha muito ao cometido contra as pessoas LGBTQIA+, com um agravante, pois ainda são vistas como principal público infectado e também transmissor do vírus. Conforme o presidente da Associação da Parada da Diversidade de Mato Grosso, Clóvis Arantes, por mais que as pessoas da comunidade LGBTQIA+ componham uma população em situação de vulnerabilidade social, não somente essa parcela da sociedade se infecta ou transmite o vírus.
“A população acostumou associar a população LGBTQIA+ à promiscuidade, que está ligada ao HIV/AIDS. A gente precisa lutar para dizer para a população que, embora sejamos uma população em vulnerabilidade, nós não temos nada que ter o vínculo (com o HIV/AIDS)”, defendeu.
“Isso acontece por conta de que, na cabeça dessas pessoas (heterossexuais), o HIV é coisa de gay e acabam não se cuidando”, destacou Clóvis Arantes.
Conforme dados do Sistema de Agravo de Notificação (Sinan) e do Sistema de Controle de Exames Laboratoriais de CD4+/CD8+ e Carga Viral do HIV (Siscel), do Ministério da Saúde, Mato Grosso apresentou queda de 3,8% nos últimos dez anos em incidência de HIV. Os dados são do último boletim epidemiológico, referentes ao mês de dezembro de 2023.
A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) informou que, entre janeiro e outubro de 2023, foram diagnosticadas 872 pessoas com o vírus do HIV. Já nos casos de AIDS, ou seja, a doença já instalada, foram 287 casos no Estado, conforme a pasta.
Em 2022, 1.055 pessoas foram infectadas pelo HIV e 392 casos de AIDS foram registrados pela SES.
Em nível nacional, conforme o Ministério da Saúde, em 2022, o número de casos de HIV notificados foi de 44,1% entre homens e 84,4% em mulheres, com idade entre 40 e 49 anos, declarados heterossexuais. Em homens declarados homossexuais, na mesma faixa etária, o índice foi de 27,2%. Quanto às mulheres, não houve registro.
QUALIDADE
O diagnóstico da doença é o primeiro passo para que um portador do vírus viva com qualidade. O Sistema Único de Saúde (SUS) fornece tratamento e medicamentos totalmente gratuitos. Basta apenas buscar uma unidade do Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) e realizar o teste.
A prevenção é o primeiro passo para não ser infectado pelo vírus. O uso de camisinha é fundamental nas relações sexuais. Além disso, há medicamentos como Profilaxia Pré-Exposição (Prep) ou a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) que impede o contágio da doença, caso tenha algum tipo de contato com o vírus.
DEZEMBRO VERMELHO
A campanha Dezembro Vermelho é dedicada à prevenção da infecção e combate ao HIV/AIDS e do tratamento das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Também representa a luta pelo fim do preconceito contra os portadores do vírus e as pessoas que desenvolveram a AIDS.
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