Obras do BRT e mudanças no trânsito de Cuiabá marcam 2024

Longos congestionamentos, interdições e muito trânsito, atrasaram em muito a vida de inúmeras pessoas que dependem da via

GABRIEL BARBOSA
Da Redação

Foto: Assessoria

Foto: Assessoria

As obras do Ônibus Rápido de Transporte (BRT) na Avenida Historiador Rubens de Mendonça, a Avenida do CPA, começaram no dia 16 de janeiro de 2024 em frente ao Comando Geral da Polícia Militar, iniciando assim, um ano de mudanças significativas no trânsito da Capital, com a interdição de pistas e o aumento dos pontos de congestionamento na Avenida do CPA e imediações. No início de setembro, o governo de Mato Grosso deu início a outra obra, desta vez na Avenida Miguel Sutil, nas proximidades da Historiador Rubens de Mendonça, o Complexo Leblon.

Anunciado em 15 de dezembro de 2023, o BRT, surgiu como uma alternativa à não implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Estão previstras a instalação de duas linhas do BRT, sendo a primeira na avenida do CPA e depois outra no Coxipó.

O primeiro trecho a ter as obras iniciaidas foi o da Avenida do CPA. O projeto teve início na frente do Comando Geral da Polícia Militar, passando por toda extensão da via no dia 16 e janeiro deste ano. O primeiro passo foi a drenagem do canteiro central, remoção da capa asfáltica além da realização de uma nova terraplanagem, necessária para implementação da pista de concreto do BRT. O trecho onde se iniciou a obra já foi liberado.

No momento, os trabalhos chegam até a altura do bairro Araes. No próximo ano, as obras devem seguir até as avenidas Tenente Coronel Duarte e 15 de Novembro, interligando com o trecho do BRT também em construção na avenida de FEB em Várzea Grande, chegando até o Aeroporto Internacional Marechal Rondon.

Já para o trecho do Coxipó não há previsão para o início das obras.

Governador MM (BRT) x Prefeito EP (VLT)

Com o início das obras, a disputa política entre o Governador do Estado, Mauro Mendes, e o atual Prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, ganhou força. Emanuel ordenou que o Secretário de Ordem Púbica, Coronel Leovaldo Salles, fiscalizasse as obras do BRT, e exigisse toda documentação e licenças necessárias. Simultaneamente, o prefeito tentava, em Brasília, viabilizar a implementação do VLT Cuiabano.

Ainda em janeiro, o Estado foi notificado pelo Ministério Público para que não começasse as obras, dando 45 dias para que a analisasse o projeto do BRT.

Depois da decisão, o representante do consórcio BRT, Mário Jorge Moreira, veio a público dizer que demissões poderiam ocorrer devido à paralisação das obras. Já Mauro Mendes rechaçou a recomendação e se recusou a atender o Ministério Público.

As obras seguiram, e em 29 de janeiro, o juiz Flávio Miraglia Fernandes, da 5ª Vara da Fazenda Pública, determinou que a Prefeitura de Cuiabá parasse de “criar obstáculos” contra a implantação do Sistema BRT e autorizou o uso de força policial para garantir a continuidade das obras.

Em junho, Emanuel Pinheiro entregou uma nova frota de ônibus adaptada ao BRT e VLT, aceitando “goela abaixo” a implementação do novo modal. Com portas dos dois lados, Emanuel afirmou que a compra é um sinal de “boa fé com a população”, embora ainda não tivsse desistido do VLT.

O ponto final da disputa entre BRT e VLT, veio quando Mauro Mendes assinou no Tribunal de Contas da União (TCU), em Brasília (DF), a venda dos vagões do VLT por R$ 800 milhões de reais para Bahia, no dia 3 de julho, dando um fim aos “sonhos” do Prefeito Emanuel Pinheiro. Mendes defendeu que a venda era de “interesse público de ambos os lados”.

ATRASOS, CONGESTIONAMENTOS E INTERDIÇÕES

As obras do Ônibus Rápido de Transporte (BRT) na AV. do CPA causaram mudanças significativas no trânsito da Capital, principalmente para os moradores do bairro CPA e região.

Com o avanço das obras se tornaram necessárias interdições de algumas pistas da avenida. A primeira grande interdição ocorreu no dia 29 de janeiro, quando somente uma das pitas seguiu em funcionamento no sentido bairro-centro.

As obras seguiram, porém com atraso. A expectativa era de que as pistas do BRT estivessem concluídas no início de 2025. O atraso gerou insatisfação no governador Mauro Mendes, que em 25 de abril, autorizou a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra-MT), a cobrar os executivos responsáveis para acelerar o termino das obras. O governador chegou a ventilar uma possível rescisão de contrato com as empreiteiras responsáveis pelo projeto, mas optou por descartar essa opção evitando maiores transtornos e ainda mais atrasos nas obras.

Em 10 de junho, Mauro Mendes garantiu que os diretores do consórcio se comprometeram em agilizar a obra, e após a cobrança, admitiu ter visto melhoras nas frentes das obras.

Com BRT passando no meio da avenida, o antigo posto da Amazônia Petróleo, que ficava próximo ao Shopping Pantanal teve que ser demolido para dar lugar às pistas, o que ocorreu no dia 24 de julho, após desapropriação determinada pela Justiça.

No dia 22 de agosto, a Semob optou por suspender a faixa exclusiva de ônibus na Av. do CPA, em razão do avanço nas obras, para tentar evitar grandes congestionamentos.

Em setembro, Mauro voltou a se queixar do andamento das obras. "Melhorou depois da conversa, do aperto que levaram. Mas ainda não está bom", disse.

Com a chegada do período chuvoso, as obras passaram a sofrer paralisações em caso de chuvas torrenciais. Durante as chuvas, foram registrados alagamentos e até um 'mar de lama' na Avenida do CPA.

COMPLEXO LEBLON

Outra obra que afetou significativamente o trânsito em Cuiabá, foi a do Complexo Viário Leblon. As obras começaram no dia 29 de agosto, com intuito de facilitar e agilizar o trafego em uma das vias mais importantes da cidade, a Avenida Miguel Sutil.

Como as duas obras (BRT e Complexo Viário Leblon) se ‘encontram’, inúmeros congestionamentos, interdições e desvios, foram vistos e registrados ao longo do ano.

Além do impacto no trânsito, na vida das pessoas, as obras no complexo causaram a interrupção do abastecimento de água, em vários pontos da região, mais de uma vez. No dia 28 de setembro, quase 30 bairros, tiveram o abastecimento de água interrompido, para o reposicionamento de uma adutora.

Interrupções no abastecimento ocorreram novamente nos dias 08, 11 e 17 de outubro, prejudicando moradores e trabalhadores da região.

O Complexo Viário tem o objetivo de garantir mais fluidez ao trânsito da Avenida Miguel Sutil, desafogando as duas extremidades da trincheira Jurumirim. Além da construção de um túnel, uma trincheira será construída próximo ao acesso do bairro Jardim Leblon, um pequeno elevado e o alargamento do viaduto sobre a Avenida do CPA também serão realizados.

“Essas intervenções são necessárias para garantir a execução dessa obra, um Complexo Viário que vai melhorar a mobilidade da Avenida Miguel Sutil, trazendo benefícios para toda a população”, explica o secretário de Infraestrutura, Marcelo de Oliveira.

Com o avanço das obras, o viaduto da Av. Miguel Sutil, foi interditado, isso fez com que um desvio fosse necessário, passando pela Av. do CPA, sentido Parque Mãe Bonifácia, gerando ainda mais transtornos ao trânsito da região neste fim de ano.

As obras do BRT e do Complexo Viário do Leblon, seguem para 2025, a expectativa e que elas sejam concluídas o mais rápido possível, melhorando e ajustando da melhor maneira possível o trânsito na região.

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