Na última terça-feira (11), Vanessa Batista dos Santos, de 24 anos, foi encontrada morta no Parque das Águas, em Cuiabá, depois de praticar exercícios físicos em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), conforme confirmado pela mãe da jovem. As circunstâncias da morte acabaram acendendo o alerta para população em geral se atentar sobre o tema da morte súbita, mesmo os AVCs, segundo o cardiologista Max Lima, não sendo causas frequentes para a ocorrência da fatalidade.
“Os aneurismas nem sempre vão dar sintomas. Então, temos que ficar bastante atentos ao histórico familiar. Se eu tenho na família alguém de primeiro grau que teve um tipo de AVC, que é por sangramento e foi detectado um aneurisma, esse paciente tem que passar por uma avaliação diferente, com a cardiologia ou mesmo com a neurologia. Existe um exame em que fazemos um rastreio familiar pra ver se esse paciente já não tem um aneurisma e a gente já não tenha que tratá-lo”, disse.
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A respeito dos possíveis sinais de alerta dados pelo corpo, o médico identifica o cansaço aos mínimos esforços, a sudorese excessiva, dando especial destaque para as dores no peito, que ele considera que muitos deixam “passar batido”. Ele afirma ainda que as arritmias cardíacas são a causa mais frequente de mortes súbitas entre pessoas de até 35 anos e os infartos, nos casos de pessoas acima desta faixa etária. Todos os anos, 300 mil brasileiros morrem repentinamente em decorrência de arritmias cardíacas, que podem acometer 25% da população do país no decorrer da vida, segundo a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac).
Neste contexto, é possível adotar algumas medidas para diminuir as chances de que ela ocorra, como o acompanhamento médico regular com consulta e exames cardiológicos, além da prática contínua de exercícios físicos. A educadora esportiva Manoella Silva, mestre em treinamento esportivo pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), lembra que tanto o Ministério da Saúde quanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendam uma quantidade de minutos distinta de exercício físico por semana a depender da sua intensidade: 75 minutos de atividade vigorosa ou 150 minutos de atividade moderada.
DADOS SOBRE ATIVIDADES FÍSICAS EM MATO GROSSO
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), inquérito de saúde de base domiciliar, realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), verificou um aumento de 31,3% do número de pessoas que praticam atividade física no lazer de forma adequada em Mato Grosso entre 2013 e 2019. No primeiro ano analisado, este número correspondia a 19,30% da população, saltando para 28,1% no segundo ano examinado.
Os índices usados pelo levantamento consideraram apenas pessoas de 18 anos ou mais e o termo “adequada” se refere à prática de atividades físicas nos termos preconizados pela OMS. Atividades como corrida, corrida em esteira e musculação foram consideradas vigorosas, e caminhada, hidroginástica, yoga foram enquadradas como leves ou moderadas.
CUIDADOS PRÉVIOS
Max Lima, que também já presidiu a Sociedade Brasileira de Cardiologia de Mato Grosso (SBCMT), destaca que, antes de dar início às atividades esportivas, é necessário que a pessoa passe por uma avaliação médica, mediante a análise de uma série de fatores - histórico clínico, hábitos de vida, peso, quadro de saúde atual – a fim de que seja traçada uma estratégia sobre o esporte mais adequado e mais seguro para ela.
“Existe um material que todos os cardiologistas usam, que é uma diretriz onde a gente avalia ali, para cada grupo, qual seriam os exercícios indicados. Isso não significa que alguém é proibido de fazer algum exercício. O que a gente vai pontuar ali é que tem grupos que, em determinados momentos, tais atividades físicas não serão possíveis”, explica.
O acompanhamento profissional não para por aí, vez que também cabe ao educador físico se atentar a um conjunto de questões no atendimento do seu aluno. A começar pela avaliação física, procedimento para diagnosticar o nível de aptidão física e cardiorrespiratória da pessoa. Manoella Silva dá um exemplo com alguém com problema cardíaco.
“O profissional de Educação Física vai avaliar, prescrever, acompanhar e, se necessário, adaptar o treino para a pessoa que possui problema cardíaco. A pessoa com problema cardíaco deve sempre se atentar à temperatura do local de treinamento, nunca treinar ao ar livre nos horários que vai das 10h às 16h, principalmente em cidades muito quentes, e se agasalhar adequadamente em regiões muito frias, pois temperaturas baixas também podem ser prejudiciais. Fora isso, se alimentar corretamente antes de qualquer prática, se hidratar, utilizar roupas e calçados confortáveis e adequados”, detalha a profissional.
“ATLETAS DE FIM DE SEMANA”
Os benefícios advindos da prática de exercícios físicos, como a redução do risco de morte e de doenças como como infarto, AVC, hipertensão e câncer, também valem para este grupo de atletas. Entretanto, para este perfil, Manoella Silva orienta que sejam tomados alguns cuidados, porque seu organismo não está adaptado ao esforço, por conta da falta de regularidade da atividade esportiva.
Assim, estão suscetíveis a sofrer com maior frequência de dores musculares, sensação de fadiga durante os dias subsequentes e até lesões. “Para essa população, não é recomendada a prática de exercícios que geram sobrecarga cardíaca, muscular e das articulações, como corridas de longa duração, campeonatos amadores (de finais de semana) de futebol ou outro esporte coletivo, escaladas, trilhas, crossfit e suas variações”, adverte a educadora física, que complementa sua fala sugerindo atividades leves, de preferência ao ar livre, para este grupo.
COMO PROCEDER EM CASOS DE UM MAL SÚBITO
O Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor - HC/FMUSP) afirma que a morte por parada cardíaca pode ser evitada mediante um procedimento chamado de desfibrilação, que retoma o ritmo do coração através do choque elétrico. Mas, para que isso ocorra, é necessário que as pessoas à volta da vítima ajam com muita rapidez.
Em contato com a vítima, toque e chame por ela, verificando se ela responde e se há movimento de respiração. Caso a pessoa não responda, acione imediartamente o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, através do 192 ou 193, e solicite um desfibrilador externo (DEA).
Qualquer pessoa pode realizar o atendimento inicial à vítima. Dê ínicio, as manobras de reanimação cardíaca, comprimindo o tórax (na metade inferior do osso esterno) com força e rapidez. Sempre com os braços estendidos. De posse do desfibrilador, posicione as pás do instrumento no tórax e aplique o choque, se indicado pelo aparelho. Por fim, o Sobrac orienta que, após cada choque, seja reiniciada as compressões torácicas até a chegada dos “socorristas profissionais”.
O InCor constatou que a sobrevida da vítima reduz entre 7% e 10% a cada minuto após a parada cardíaca. Portanto, em 10 minutos após a ocorrência, as chances de sobrevida são bastante baixas. Veja no infográfico abaixo como proceder diante de um caso de mal súbito.
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