Os hospitais que sofrerão com a paralisação são Bom Jesus, Só Trauma, Geral, Santa Rosa, Jardim Cuiabá, do Câncer, Santa Casa, Femina, Amecor e a Clínica de Tratamento Renal localizada ao lado do Hospital Geral. Serão mantidos 30% dos profissionais com a lei obriga e 50% do efeito em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) e centros cirúrgicos.
CRISE
Toda a crise acontece porque os trabalhadores da rede de saúde privada da cidade de Cuiabá não chegaram a acordo com a classe patronal.
O Sindicato dos Enfermeiros pediu 9% de reajuste e os donos insistem que só podem oferecer o ajuste. De acordo com Dejamir Soares, a proposta dos donos de hospitais foi oferecer aumento de R$ 56,00 para técnicos; R$48,00 para auxiliares e R$ 113,00 para enfermeiros.
“O Santa Rosa (hospital) vai trocar pela segunda vez em menos de dois anos o piso por um de taco que custa mais de R$ 80,00 o metro quadrado. Eles têm dinheiro e alegam que não”, argumenta Soares.
Existem 14 mil profissionais da enfermagem em Mato Grosso, cerca de 70% são técnicos, 15% enfermeiros e 5% auxiliares.
MANIFESTAÇÃO
O sindicato promete unir mais de 1,6 mil trabalhadores em protesto que será realizado na segunda-feira (22). A mobilização será feita na frente dos hospitais e no final da tarde seguem para o Santa Rosa, onde farão um protesto em massa.
O indicativo de greve já foi deliberado pelos empregados do setor e o argumento dos trabalhadores é de que a classe patronal não está investindo em material humano e por isso está gerando grande insatisfação entre os profissionais.
De acordo com a presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Mato Grosso (Sessamt), Kátia Sampaio da Silva, a baixa estima dos profissionais já repercute na infelicidade dentro do trabalho.
“O nosso Sindicato registra 15 rescisões por dia em Cuiabá, reflexo da insatisfação dentro dos funcionários. A falta de ânimo tanto dos enfermeiros quanto da parte operacional, também reflete nos pacientes e em todos os ângulos, não propositalmente, mas como você vai trabalhar se no final do mês o seu salário não dá para pagar as suas contas?”, indaga a presidente.
De acordo com Kátia Sampaio, alguns funcionários (guardas, copeiras, auxiliares administrativos) quando recebem seus salários com os descontos do INSS, vale transporte e FGTS não chegam a um salário mínimo. “Alguns recebem R$ 542,00 líquido. Esse salário não dá para ele fazer um curso, uma faculdade, se especializar, mal dá para eles pagarem as contas básicas”, argumenta.
O Sessamt, que representa 6 mil trabalhadores, reivindica o salário líquido de R$ 600,00 para os que hoje tem vencimento abaixo do salário mínimo, o Sindicato dos Trabalhadores em Enfermagem (Sinpen) querem o piso para os técnicos de R$ 800,00.
A segunda audiência mediada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) foi realizada na tarde de terça-feira (16), onde os donos de hospitais alegam que as propostas reivindicadas pelos Sindicatos dos Enfermeiros e dos Empregados não estão dentro das possibilidades financeiras.
O Sindicato Patronal pediu a arbitragem do processo, ou seja, preferem decidir na Justiça do Trabalho o impasse que assola o setor. Em contraposição, os trabalhadores querem o diálogo e esperam que nestas 72 horas que antecede a possível deflagração de uma greve os donos dos hospitais entrem em contato e cheguem a um acordo.
Os procuradores do Trabalho Marco Aurélio Estraioto e Thiago Gurjão Ribeiro do MPT advertiram os trabalhadores que, caso a greve seja deflagrada, as categorias devem continuar prestando os serviços indispensáveis às necessidades inadiáveis da coletividade.