Pesquisadores do Instituto Impacto registraram duas descobertas importantes a partir da análise de fezes de onça-pintada (Panthera onca) no Pantanal. Em um dos levantamentos, foram identificados fragmentos de plástico no material coletado, evidenciando os efeitos da poluição sobre a fauna. Já em outra frente de pesquisa, foi detectado o parasita Spirometra, capaz de infectar animais e seres humanos.
Durante atividades de campo, pesquisadores flagraram pedaços de plástico em fezes de uma onça. O achado é considerado alarmante, pois demonstra que até os maiores predadores do bioma já estão ingerindo resíduos descartados de forma inadequada.
O biólogo responsável pelo registro alertou para os riscos. “Esse tipo de resíduo pode obstruir o intestino, intoxicar e até matar o animal. O lixo que descartamos é nossa responsabilidade, e o destino correto pode salvar vidas”, disse.
O veterinário e coordenador do Instituto Impacto, Paul Raad, reforçou que a poluição ameaça diretamente a sobrevivência da espécie. Segundo ele, a ingestão de plástico coloca em risco não apenas a saúde dos felinos, mas também o equilíbrio ecológico do Pantanal.
Parasita com risco à saúde humana
Outro estudo conduzido pelo mesmo instituto revelou a presença do Spirometra nas fezes de onça-pintada. O parasita, pertencente ao grupo dos platelmintos, pode causar a esparganose, uma infecção rara, mas potencialmente grave em humanos.
Esse microrganismo pode ser transmitido pela ingestão de água contaminada ou pelo consumo de carne crua ou malcozida de hospedeiros intermediários, como sapos e pequenos mamíferos. Nesse contexto, a onça exerce papel crucial: ao predar esses animais, ajuda a interromper o ciclo de disseminação do parasita, funcionando como uma barreira natural para a saúde humana.
As descobertas foram possíveis graças ao método de coleta não invasiva de amostras, desenvolvido pelo Instituto Impacto em Poconé (104 km de Cuiabá). A técnica utiliza armadilhas adaptadas que retêm pelos e fezes dos felinos sem necessidade de captura, garantindo segurança tanto para os animais quanto para os pesquisadores.
Esse tipo de trabalho integra o conceito de Saúde Única (One Health), que reconhece a interdependência entre saúde animal, ambiental e humana. Assim, a conservação de grandes predadores como a onça-pintada não é apenas uma questão ecológica, mas também uma estratégia de saúde pública.
As duas descobertas reforçam mensagens complementares: enquanto a presença de plástico nas fezes alerta para os efeitos da poluição causada pelo homem, o registro do Spirometra evidencia o papel vital da onça na manutenção da saúde dos ecossistemas e até na proteção das comunidades humanas.
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