Dupla maternidade: “nossa família existe”, diz cuiabana sobre primeiro filho com outra mulher

Foto: Arquivo Pessoal

Dia do parto de Miguel Francisco, no dia 3 de abril de 2023

O mês de agosto marca a 'Visibilidade Lésbica', celebrada no dia 29. A história familiar das cuiabanas Aline de Paiva Araújo e Thaysa Camilla da Silva Cabral Paiva, ambas de 30 anos, foi escolhida pelo HNT em alusão ao mês por celebrarem a chegada do primeiro filho do casal. Miguel Francisco da Silva Paiva é fruto de uma inseminação in vitro e completou quatro meses de vida na última quinta-feira (3). Com um relacionamento que perdura há mais de seis anos, as mamães de primeira viagem contaram que viver a maternidade sempre foi um sonho do casal.

“Ser mãe sempre foi um sonho das duas, desde quando a gente começou o nosso relacionamento, conversamos muito sobre isso. Só o financeiro que adiou um pouco que esse sonho se tornasse realidade, mas nós passamos um bom tempo pesquisando clínicas e especialistas, fazendo alguns levantamentos e começamos a juntar dinheiro. Em 2022, a gente começou o tratamento e fizemos uma fertilização in vitro”, disse.

 Aline Paiva à esquerda e Thaysa Camilla à direita

Em conversa com a reportagem, Aline contou que, dos amigos que fazem parte da comunidade LGBTQIAP+, elas foram as primeiras a ter filhos. Conforme a professora de educação física, a chegada de Miguel foi muito importante em diversos aspectos, desde mostrar que é possível duas mulheres construírem uma família a incentivar outros casais homoafetivos que nutrem o mesmo sonho.

“Dos nossos amigos homoafetivos, nós fomos o primeiro casal a ter filhos e eu sinto que isso acabou mostrando pra eles que é possível sim construir uma família. Acabamos incentivando algumas pessoas a questionar sobre isso, de querer dar o pontapé inicial. Algumas pessoas querem adotar, outros tinham dúvidas sobre como era feito esse processo. Dúvidas que impediam essas pessoas até mesmo de pensar em ter filhos. A nossa história acaba mostrando pra eles quão importante é constituir uma família e que nós mulheres lésbicas também podemos fazer isso”, contou.

Na ocasião, Aline ainda lembrou que, atualmente, as principais trocas relacionadas à dupla maternidade do casal ocorrem através das redes sociais.

“Pessoalmente, nós não temos contato com outras famílias aqui de Cuiabá, mas temos algumas trocas através das redes sociais com casais de duas mães. Com essas mulheres, nós conseguimos sempre compartilhar algumas histórias, o dia a dia, ter uma rede de apoio e isso é fundamental, sempre em busca de casais que estejam no mesmo formato de família que o nosso, de dupla maternidade”, explicou.

Por fim, a educadora ressaltou a importância do mês de agosto no calendário da diversidade.

“Agosto é muito um mês muito importante, onde nós mulheres lésbicas podemos mostrar que existimos sim, e que estamos diariamente na luta. Até porque, além de sermos mulheres, somos lésbicas e temos que lutar contra vários tipos de preconceitos ao mesmo tempo. Por isso, é sempre importante a gente refletir sobre a nossa existência, nossas lutas e sobre tudo aquilo que buscamos diariamente”, concluiu.

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