A filósofa doutora em Estudos de Cultura Contemporânea Malu Jimenez apontou que a forma como as pessoas gordas têm sido colocadas como grupo de risco da Covid-19, o coronavírus, pelas instituições é mais uma ferramenta a serviço da gordofobia. Para a pesquisadora, a prática culpabiliza e, ao mesmo tempo, desumaniza corpos gordos.
“Eu acho uma irresponsabilidade muito grande, porque não existe nenhuma doença que uma pessoa gorda tenha que uma pessoa magra não possa ter. É a culpabilização do corpo gordo como se ele fosse gordo porque ele quer. Então, ele acorda e fala assim ‘eu quero ser gordo, eu acho legal e eu vou ser gordo porque é isso que eu quero’ e não e bem assim”, explicou a doutora que também é ativista do movimento gordo.
Ao HNT/HiperNotícias, Malu contou que as instituições deveriam estar muito mais focadas nas ausências do Estado quanto às possibilidades no âmbito da saúde oferecidas para pessoas gordas do que na classificação enquanto grupo de risco.
“Nos hospitais não têm maca para pessoas gordas, não têm cadeira de rodas, não têm aparelho de aferir pressão para braços grandes. Ás vezes, tem pessoas gordas que não conseguem fazer ressonância e tem que ir a hospitais veterinários para fazer. Isso é o fim do mundo. Tenho depoimentos de várias pessoas que estiveram no hospital, não entraram nos aparelhos e mandaram elas para aras, hospitais veterinários de cavalos, bois e vacas”.
A filósofa contou que recebe diversos depoimentos diários de mulheres amedrontadas com a possibilidade de morrerem simplesmente por serem gordas. Para ela, o estigma é tão agressivo que coloca as vítimas dessa pressão por emagrecer em um lugar de desumanidade.
“As pessoas estão começando a fazer agora regimes malucos, querendo baixar 20 kg em 20 dias. E isso pode baixar a imunidade, essa pessoa pode contrair o vírus querendo emagrecer. Não é o momento de atacar e estigmatizar ninguém”, disparou ao analisar a situação.
Por fim, a doutora assegurou que é de responsabilidade do Estado assegurar que as pessoas gordas não sejam violentadas. Ela afirmou que a saúde enquanto área do conhecimento também tem sua parcela de contribuição, uma vez que deve ser pensada sob o princípio do cuidado e não da culpa.
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