Dois ataques de onça registrados recentemente — um que resultou na morte do caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, em Aquidauana (MS), e outro que vitimou um cachorro em União do Sul (MT) — reacenderam o debate sobre a convivência entre humanos, animais domésticos e grandes felinos, especialmente as onças-pintadas.
Diante da repercussão e do medo em comunidades rurais, o biólogo Fernando Tortato, doutor em Ecologia e Conservação da Biodiversidade e coordenador de projetos da ONG Panthera, explicou que episódios como esses são raros, mas reforçou a importância da prevenção.
“É um debate sobre convivência segura”, resume.
Sobre a morte do pescador em Aquidauana, ainda em investigação, Tortato apontou uma possível habituação da onça à presença humana como fator de risco.
“Vi imagens que mostravam o animal circulando próximo da casa. É importante lembrar que todo animal silvestre pode oferecer risco. Uma onça-pintada exige muita atenção”, afirmou.
“Se começa a associar a presença humana a comida ou água, o risco aumenta consideravelmente. A sociedade precisa se conscientizar e respeitar os limites”, alertou o biólogo.
Para quem vive ou visita áreas com presença de grandes felinos, ele recomenda medidas simples de precaução: evitar caminhar sozinho, principalmente no entardecer e à noite — horários de maior atividade das onças —, e manter a calma caso encontre um animal.
“Afastar-se lentamente, sem movimentos bruscos, é essencial. Correr pode ativar o instinto de perseguição”, explicou.
“Em último caso, levantar os braços e gritar pode ajudar a afugentar o animal”, orientou.
Tortato lamentou profundamente a morte do pescador e fez um apelo por mais conscientização ambiental.
“Conhecer o comportamento dessas espécies é fundamental para uma convivência segura e harmoniosa”, afirmou.
ATAQUE A CACHORRO
No ataque ocorrido em União do Sul, o biólogo explicou que a onça-pintada, por ser um predador oportunista, pode ser atraída por cães que circulam em áreas de mata próximas às residências.
“O cachorro se afasta da casa, entra na floresta e, ao retornar, pode trazer o predador junto. Isso pode gerar um ataque próximo à residência”, detalhou.
Ele destacou que, embora incomum, o comportamento de uma onça entrar em áreas urbanizadas ou residenciais pode ocorrer, e recomendou ações para afastar o animal.
“É possível afugentar a onça com barulhos altos ou foguetes, evitando que ela se sinta confortável nas imediações das casas”, sugeriu.
Tortato também alertou sobre a circulação de vídeos nas redes sociais que retratam ataques a cães.
“Muitos desses registros são feitos na Índia e mostram leopardos, que vivem uma realidade e têm um comportamento diferente das onças brasileiras”, esclareceu.
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