Bandidos usam nome de facções criminosas para extorquir vítimas em novo golpe do WhatsApp

Reprodução

Um novo golpe surgiu no WhatsApp e os usuários têm que ficar atentos. Segundo a Polícia Civil, os bandidos entram em contato com as vítimas se passando por lideranças de facções criminosas de diversos locais do país e, por meio de ameaças e intimidações, tentam extorquir dinheiro. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), em Mato Grosso, 29% dos golpes praticados são pelo WhatsApp. Esse é o segundo maior índice e só fica atrás dos golpes por sites de comércio eletrônico e redes sociais que correspondem a 31% do total. 

É o caso de uma bancária de Cuiabá, que preferiu não se identificar. Segundo ela, o bandido mandou um áudio, com um número de DDD 31, porém, no momento em que recebeu a mensagem ficou muito nervosa e não percebeu que o número era de fora de Mato Grosso.

O criminoso iniciou a conversa dizendo que sabia que a vítima estava denunciando integrantes da facção à polícia e que isso estaria prejudicando o “comércio bandido”. Em seguida, mandaram a foto da sua filha com um “x” vermelho e começaram a extorquir dizendo que a menina estava jurada de morte.

“[sic] Nós já sabemos que você está denunciando o nosso comércio. Você quer prejudicar a gente, nóis também vamos te prejudicar. A sua filha já está jurada de morte pelo Comando Vermelho. Toma jeito, já sei onde você mora, onde você trabalha e até a sua igreja. Na porta da sua casa, já tem alguém vigiando a chegada da sua filha. Agora você vai fazer direitinho o que a gente quer”, dizia o áudio do criminoso.

 Mesmo ciente dos golpes que ocorrem pelo Estado, a bancária comentou que ficou muito nervosa quando recebeu o áudio, porque envolvia a sua filha de 15 anos e acabou respondendo o criminoso. Ela contou que tentou tratar eles com educação para não “piorar” a situação e disse que tinha denunciado ninguém.

“No primeiro momento, eu fiquei tão nervosa que acabei respondendo ele no impulso. O jeito que eles falam, e as palavras pesadas que usam, acabam deixando a gente desesperada. Eu não sabia o que fazer e a minha filha não estava comigo na hora. Eu liguei para ela e estava no trabalho, falei pra não sair de lá enquanto eu não fosse buscar. Nisso, eles ficaram me atormentando o dia inteiro e começaram a pedir dinheiro, que iam me deixar em paz. Primeiro foi R$ 2 mil e a cada hora aumentavam e chegaram a pedir R$ 10 mil”, relembrou a vítima.

O delegado titular da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI), Ruy Guilherme Peral, explicou que esse novo golpe está circulando há mais de um ano no estado de Mato Grosso e que geralmente, os bandidos selecionam as vítimas, por exemplo, empresários ou pessoas que têm empregos fixos de grande renumeração.

“A primeira coisa a se fazer é bloquear o contato no WhatsApp e jamais pagar qualquer tipo de extorsão. Se pagar, os criminosos não cessarão as extorsões. Inclusive eles falam que se pagar, vai ficar tudo resolvido, mas eles sempre retornam. Os criminosos utilizam um senso de terrorismo e vão sempre atingir o psicológico da vítima para que ela tome decisões rápidas. Geralmente, eles pesquisam a vida da vítima para entrar em contato e muitas pessoas ficam sem saber como conseguem o contato do WhatsApp, mas é simples, porque hoje em dia, com as redes sociais, é possível descobrir tudo sobre a sua vida”, explicou o delegado.

As informações usadas pelos bandidos, apesar de 90% ter veracidade, são facilmente coletadas na internet, seja em sites de busca ou mesmo nas redes sociais da própria vítima. A orientação do delegado Ruy Guilherme é que deixe as redes sociais sempre bloqueadas para desconhecidos, não poste fotos com uniformes, na frente de residências ou em locais frequentados com frequência.

Por fim, o delegado tranquilizou o cidadão explicando que, os criminosos podem ter a informação da sua vida, mas muitas vezes nem na cidade estão, pois podem ser detentos em presídios e bandidos até de outros estados, como no caso da bancária. O suspeito disse a ela que estava em frente à sua residência, porém o número de telefone não era do estado de Mato Grosso.

“A dica é restringir a privacidade e não deixar as redes sociais abertas para qualquer desconhecido ver suas fotos, informações, etc. O importante é sempre denunciar, porque nos ajuda cada vez mais a combater esses crimes. Hoje facilmente o cidadão consegue registrar um boletim pela internet, por meio da delegacia virtual. Porém, sempre é bom lembrar que tomem cuidado, reitero a dizer que não devem fazer, jamais, qualquer tipo de pagamento aos criminosos”, finalizou o delegado Ruy Guilherme.

Para fazer uma denúncia, basta acessar o link da Delegacia Virtual, disponível aqui.

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