As obras de artistas produzidas em Cuiabá têm ultrapassado as barreiras geográficas, culturais, ganhando o Brasil e o mundo. Esse ano o cineasta Bruno Bini grava o longa Loop pela Globo Filmes, no ano passado o Grupo Flor Ribeirinho venceu o Festival Internacional de Arte e Cultura, realizado na Turquia. Além da cidade ter se tornado uma galeria a céu aberto para as pinturas de nomes cuiabanos.
Apesar da evolução impulsionada pela força de vontade dos artistas e a ampla divulgação nas redes socias, os movimentos ligados a cultura em seus variados seguimentos padecem com valorização ainda tímida.
Fundado há 25 anos pela cuiabana Domingas Leonor da Silva, o Grupo Flor Ribeirinha galgou um longo caminho até alcançar a notoriedade internacional. Apesar do destaque, os cerca de 60 membros do grupo travam todos os dias uma verdadeira batalha para dar continuidade ao trabalho de quase três décadas.
“O prêmio abriu muitas portas. Hoje fazemos muitas apresentações em outros Estados, fora do País e conseguimos renda para as atividades do grupo. Mas é uma batalha diária para dar continuidade a esse sonho. Todo mundo se empenha muito para o sucesso do grupo”, afirma Domingas, que retornou na quarta-feira (4) de uma apresentação em São Paulo, onde o grupo levou sua dança e beleza a importantes teatros da Capital Paulista.
Para Domingas, houve uma melhora no cenário cultura da Capital com incentivo e espaço para novos artistas, mas esse progresso ainda é sutil, o que faz com que a cidade não explore todo o potencial artístico de seus talentos.
O cantor de rasqueado Benedito Donizete de Moraes, o “Pescuma”, é otimista quanto ao futuro das tradições locais. “A cultura de Cuiabá é de raiz e nunca vai acabar. Mas é preciso que ela seja respirada nos quatro cantos para que a nova geração possa conhecer realmente esse legado”, assevera.
Pescuma pontua que com mais investimentos tudo seria melhor, que os artistas da terra têm que batalhar muito para que os costumes perdurem. “Acho que deveria haver mais incentivo para as oficinas de rasqueado, cururu e siriri, Boi à Serra. Também as oficinas de fabricação de instrumentos e artesanato. Tem qualidade em todos os setores e é preciso mais atenção para isso”, afirma. “Nossa cultura tem que ser valorizada. Muito mais do que a de fora. Nossa cultura é nosso espelho. Nossa verdade”, completa.
O músico afirma que os incentivos na arte local devem ser verdadeiros e perenes, para que a beleza criada aqui tenha força para ganhar o Brasil e o mundo.
O ator André D’ Lucca iniciou sua carreira em Cuiabá e sentiu na pele a diferença no tratamento oferecido para os artistas locais e de outros Estados. Por alguns anos ele morou no Rio de Janeiro e vinha periodicamente para a Capital se apresentar. Considerado uma pessoa “de fora” recebeu mais atenção do que quando estava residindo em Mato Grosso.
Com carreira de 27 anos no ramo artístico, D’ Lucca elogia a produção local, que tem sido vasta e criativa em Cuiabá.
“Existe muita coisa boa sendo feita de forma independente em Cuiabá. Eu nunca parei de produzir e também as pessoas a minha volta nunca pararam”, explica.
A abordagem política do ator em suas produções afugente incentivos públicos e mesmo parceiros privados, porém as parcerias mantidas e renda obtida com sua escola de teatro e apresentações financiam as novas criações.
“Consigo me manter graças ao trabalho da minha equipe e ao público que me consome. O dinheiro para os trabalhos vem da bilheteria das peças e dos eventos privados”, conta.
O ator reconhece que a produção artística local tem aumentado devido a ações como a MT Escola de Teatro e também o acesso às redes sociais tem sido importante propulsor para divulgação dessa arte, de forma que o público sabe sobre as ações culturais realizadas. É a lei da oferta e procura. “Agora todo mundo pode divulgar seus serviços. Antes a gente contava só com o jornal impresso”, pontua.
Para o cantor e humorista Justino Astrevo de Aguiar “Lau” da dupla Nico e Lau, Cuiabá é um terreno muito fértil para a arte em seus mais variados seguimentos. Com uma carreira de mais de 30 anos, o artista considera que as atividades culturais tem ganhado cada vez mais espaço na cidade e no cotidiano das pessoas.
“Antes não tinha nenhum caderno de cultura. Se a gente quisesse divulgar alguma coisa saia numa nota, em um cantinho do jornal. Agora, existe muito mais espaço para que cada artista divulgue sua atividade e as pessoas estão absorvendo mais essa produção. O Sesc Arsenal, o Cine Teatro e o Teatro da Assembleia estão com vasta programação”, relata.
O ator ressalta, ainda, que a produção cuiabana tem a característica de ultrapassar as barreiras das tradições regionais e realizar obras contemporâneas com linguagem experimental, explorando a diversidade artística.
Com uma produção fomentada por artistas que abraçam seus sonhos e realizam suas obras de forma independente, na opinião de Lau, essa produtividade artística seria ainda mais expressiva se houvesse maior apoio da iniciativa pública e privada. Estímulo do qual os produtores ainda são carentes. Situação descrita por vários artistas locais.
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